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Cláudio Manuel, meio baiano, meio mineiro, não esperava que um galo cantasse e levantasse outro galo o mesmo canto noutro terreiro. Poeta inventado de ser fazendeiro, parava encantado, e se encantava em uma poça d’água, apreciando uma borboleta auriverde que bate asas; faz que vai, faz que vem, volteia e pousa no dedo. Em sua rotina diária, consumia pedaço de sol minguado cedo, e à tardinha, assentado na barriga de uma raiz que bebe no córrego. Ficava fios de hora olhando lambaris que deslizavam, escorrendo luz prateada em suas escamas. E perguntava interessado na resposta. “Por que a beleza das cores é tão passageira? Por que uma linda borboleta vive tão pouco? Mal sai do casulo e três meses depois evapora, entrega seu espírito de borboleta ao Criador e se vai. A vida se esvai.  Parece que a criatura tem natureza artificialmente postiça. Tudo descora lentamente e a cor da gente desaparece com os raios do último sol.”