Solidão, A procura do Eu!
O mundo cada vez mais procura formas de interação entre nós mortais. Redes sociais aos montes, comunidades diversas, clubes, boates, campos de futebol, baladas, trabalho, escola, vizinhos... estamos cercados por várias opções que procuram entre outras coisas preencher o vazio do só. Há quem proclame em alto e bom som que pelas redes sociais, tem três mil amigos; outros preferem declarar que há amigos mais chegado que irmão. Certamente que a maioria de todo ser vivente, senão todos tem uma família, um lar. Entretanto, no meio da multidão é possível encontrar pessoas que estejam sentindo-se só, não querida, não amada e até rejeitada por todos. Que sentimento é este? que corrói, que definha e dói; que sentimento estranho, intruso e por não dizer, até maligno! por quê, porque posso ouvir os pássaros, ouvir o som do roncos dos motores, ouvir os sons ensurdecedores de aparelhos potentes; mas mesmo assim, posso estar ali como uma árvore seca no deserto solitária esperando a chuva chegar. É verdade que para quem não tem ninguém, alguém é a solução; mas quem tem muitos, mas não se sente amado ou aconchegado, o nada parece preencher; mas no nada ou no ninguém, nunca aparece alguém que silencie o grito do silêncio de que é preciso sempre ter alguém; mas se esse alguém não é ninguém, por que me sinto só? Não, alguém é alguém; algo é algo; não, talvez quem sabe a solidão que produz essa sensação pode ser a solidão de querer encontrar a todos, de querer ter todos, de quem sabe ser sempre admirado e cortejado; de sabe-se lá de não se aceitar, do medo da aproximação, quem sabe de se ser rejeitado ou até de se ser mal interpretado; ou mesmo de não entender: quem sou eu? a procura de tudo e de todos é possível me perder de mim mesmo. Será que me perdi de mim mesmo? o que este mundo me fez? para o que os caminhos me levaram? será que eu não sou mais eu e sim você, e quando não te vejo; mas na multidão de tudo e de todos eu não me encontro e por isso me sinto só? olho-me no espelho, que vejo? visto-me e revisto-me que enxergo? olho-me e não me vejo. solidão, sensação de estar só; a vontade de encontrar, o desejo ter, a ânsia de achar o que na verdade nunca perdi, eu mesmo! estou aqui, posso estar ali ou lá, pensar pode ser existir, mas amar pode ser muito mais que existir, pode ser a vida se enchendo de vida e de expressão e de significado; nunca estaremos sós e se a sensação quiser intimidar-nos e abater-nos repreenda-a, e declare: o amor é meu companheiro e amigo inseparável, de fato ele está intrínseco em mim, presente, constante, portanto, não há espaço para esta sensação estranha, por isso sensação, busque em outros lugares companhia, pois eu já me encontrei.