A CONSTRUÇÃO CULTURAL NO ESTILO MACHADIANO.
Ao longo do tempo, percebe-se que Machado de Assis foi visto como uma pessoa, a qual vinha de outro planeta. Visto que, não possuía características semelhantes aos escritores brasileiros do momento, o autor não se encaixava em nenhum momento literário, talvez fosse um cidadão afetado ou era um mau escritor, o qual fingia uma força literária para se realizar. Dessa forma, Machado de Assis era considerado pouco brasileiro, já que se tornava difícil situá-lo.
Esse escritor foi uma exceção no Brasil do século XIX e XX, como também, adquiriu o título no Mundo. O autor teve diversas influências, as quais foram consideradas como prediletas em sua escrita, a exemplo de alguns estilos que o guiaram para a sua forma literária. Os personagens descritos nas suas obras apresentavam características das mais expressivas da sociedade, tais figuras eram a representação da essência humana.
Machado de Assis foi determinado como um corpo estranho no Brasil, e que demorou muito tempo, até o ponto de descobrir que este fazia parte de um complexo da cultura brasileira. Visto que, parecia ser tão diferente na forma de escrever e caracterizar os personagens. Estas figuras eram diferentes de outras, ainda mais que não havia relações entre o espaço e as ações convencionais da sociedade. A variação de temas existentes na escrita de Machado caracterizava-se por ser relacionadas ao amor, porém divergiam psicologicamente.
O autor assume uma visão, a qual não era tão costumeira na literatura brasileira. Assis adquire um grau de reflexividade, cinismo e que revela qualidades superiores, as quais não eram costumes na prosa brasileira. Alguns críticos definiam machado de Assis, um autor que não possuía uma escrita característica, pois não era possível determiná-lo como um escritor do momento, bem como os seus romances são na realidade uma romance de costumes.
Os aspectos sociais descrevem os aspectos presentes na “alma humana”, características narradas com base na vivencia, aliadas ao meio burguês. Os traços da forma de escrever de Machado de Assis são caracterizados, como um aproveitamento minucioso de todos os escritores, prosadores brasileiros anteriores. Por que, o autor observou o que cada escritor possuía de bom, de ruim e corrigiu. E foi sobre os ombros desses autores que construiu uma coisa muito superior.
Machado de Assis acrescenta a sua escrita peculiaridade da localidade, além de evidenciar sua visão profunda acerca da natureza humana nas inter-relações do Cotidiano. Os sentimentos difusos e os temas correspondem à moda da época, os quais os papéis estavam invertidos segundo aos aspectos do século. A narrativa de Machado de Assis constitui figuras femininas da época, na qual o casamento representava a única forma de ascensão social e os conflitos sempre estavam entorno do amor.
As obras de Machado são consideradas uma literatura de alta categoria, visto que retomou questões do mundo Europeu de maneira distorcida, pois no Brasil ocorriam questões sociais, as quais não poderiam ser abordadas sob essa perspectiva europeia. Machado de Assis retomou os episódios de um bom romance, por meio de outros autores, a fim de reescrever a sua maneira.
Machado buscava reescrever de forma mais real, algumas características reveladoras nas obras de outros autores, como forma de superar e relativizar. Na obra de José de Alencar, Lucíola, na famosa cena do salão vermelho. A prostituta virtuosa, a qual se prostituía para educar um irmãozinho. Na orgia do salão, a personagem faz poses para uma rapaziada farrista, cujo um dos farristas é rico que promove a festa.
Dessa forma, Machado de Assis constrói uma personagem, a qual adquira características semelhantes à de Alencar. Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, a personagem “Marcela” é uma moça de vida fácil. A personagem faz poses, troca de roupa, coloca a vestimenta que “Brás” desejava. Cada capricho é realizado com satisfação, pois o personagem faz o que Marcela quer. Visto que Marcela deseja mesmo é retirar tudo do moço rico.
As obras de Assis possui uma característica, a qual faz o leitor analisar a posição do narrador, E esse narrador apresenta-se um pouco contido no desenvolvimento dos enredos. A descrição do narrador mostra seres convencionais que são adaptados com intrigas ou que posteriormente divergem dos indivíduos da sociedade. A realidade era mostrada de forma ousada, além do que, tanto pelos personagens como pelo o ambiente, cujo autor denunciava as mazelas que a sociedade vivia.
Machado de Assis escreve evidenciando a sua ótica ficcional frente à dureza das dificuldades de vida brasileira que não apareciam nas leituras anteriores, pois esses se apresentavam de maneira rosa, enfeitada. No Brasil não havia mercado de trabalho, por que as atividades relacionadas à mão de obra eram realizadas por escravos. A única alternativa para as “moçinhas” era se agregar a uma família. Dessa forma, os traços da perspectiva das moças são construídos por Machado de maneira diferente. Na realidade, a moçinha faz manobras para aceitar a posição social imposto pela sociedade.
A situação do Brasil que Machado apresenta refere-se às diferentes circunstâncias que presenciou, de forma sensível, habitando as diversas camadas da sociedade existente. A aprendizagem do autor ocorre não exclusivamente por meio dos livros, bem como da vivência de mundo. Além disso, a diferenças entre Machado e outros escritores se dá por meio da vida política social das classes dominantes, em que Machado presenciou.
Todas as ações no período colonial influenciaram nas características de pessimismo presentes em suas obras. O modo como os personagens são caracterizados diferencia-se dos típicos, pois são categoricamente de diferentes nações. O contexto era apresentado sob possibilidade diferente, de forma reduzida e distorcida, pois o papel exercido na escrita do autor muda o ângulo de classe.
A tendência nas narrativas de Machado de Assis possui um processo de composição do ser humano, presente na escrita do autor com muito domínio através da ironia. Um dos maiores dons, a descrever os personagens se evidencia por analisá-los profundamente no meio em que essas figuras se encontravam. Dessa forma, Machado era chamado de realista, por não ter nenhuma preocupação com a escola literária, pois já havia se libertado do Romantismo, assim a obra machadiana possui um justo valor, apreciando um caráter relativo.
A visão realista do mundo que Machado prende reside sobre a interpretação subjetiva da natureza. Os valores apresentados não tem uma forma fixa, visto que tudo é alterado em função do homem. E, dessa forma, nota-se que o ser humano desvincula a posição social, o qual se encontra inserido ao modificar os seus próprios fins.
Outro aspecto de relevância em Machado de Assis caracteriza-se na forma como o autor trata o tema da morte, sobretudo nos seus aspectos formais, apresentando enigmas entre vida e morte. As criaturas possuem uma unidade interior de forma complexa, evidenciando os motivos, os quais chegaram ao ser humano se encontram em degradação. Os personagens guiam-se muito mais pelo receio do que pela opinião favorecendo a tornarem incertas no mundo, que julga feito a sua imagem. Visto que suas ações promovem e movimentam os fatos do cotidiano.
Ademais, percebe-se que Machado de Assis trata os personagens, esses são tratados como um ser que vive as cegas no mundo. As suas ações são subordinadas de pequenos proveitos, os quais os frutos podem ser bons ou ruins. Porém, existirá sempre uma adaptação de cada individuo. Por outro lado, a descrição escrita na obra machadiana proporciona reflexões e explicações, as quais comunicam ao leitor certa indecisão sugestiva aos personagens apresentados nas narrativas de Machado de Assis.
A composição de Machado fixa e explora determinadas regras, movimentos e apreciações a que a prática da vida brasileira obrigava. Regras que não são comuns à humanidade inteira, nem mera acaso, mas necessidades da situação histórica nacional, como só uma larga reflexão as poderia colher.
Machado de Assis com bastante critério pode ser considerado como aquele que busca a verdade, não precisamente a verdade absoluta, mas a verdade humana, precária e mutável. O mundo e os personagens caracterizam-se com uma identificação da força, a qual os criou mostrando os tipos que o imaginava e que também estavam presentes na sociedade brasileira.