A Lenda da Iara: a Mãe D’água

Não há quem não fique encantado com a beleza das águas em suas mais diferentes manifestações na natureza. Ver o pôr-do-sol à beira-mar, tomar um banho numa linda cachoeira, nadar num grande lago, passar o fim de semana pescando, querer morar numa casa tranquila às margens de um rio são alguns exemplos de situações que inspiram desejo em muitas pessoas.

Existem várias estórias curiosas e bonitas que se passam nesses cenários encantadores. Um dos relatos mais interessantes nessa temática é a “Lenda da Iara”, que é considerada a “Mãe D'água” dos rios e lagos do Brasil.

Quando as pessoas falam sobre a Iara dizem que ela é uma mulher belíssima, que tem um canto maravilhoso capaz de fazer qualquer homem se apaixonar perdidamente por ela. Alguns dizem que a Iara é como uma prima das sereias que deixou as águas salgadas para viver nas águas doces da Amazônia. Tanto a Iara como as sereias têm forte poder de sedução sobre os homens, pescadores e navegantes das águas. Na Amazônia o Boto é considerado um grande sedutor das mulheres, o que faz com que muita gente diga que a Iara é uma espécie de Boto-fêmea da floresta.

Dizem que a Iara pode ser vista tomando banhos nas cachoeiras, ou sentada nas pedras das corredeiras de grandes rios. Quando percebe alguém ou alguma embarcação se aproximando ela inicia seu canto maravilhoso, e logo os homens ficam totalmente cegos pela sua beleza estonteante. Assim, muitos barcos perdem a direção, batem nas pedras ou são arrastados pelas correntezas. Aquele que for seduzido pela Iara nunca mais voltará pra casa, pois irá desaparecer com ela nas profundezas das águas. Os poucos que conseguem escapar dizem que são atacados por dores e febres horríveis, além de serem atormentados em sonhos por essa “Dama das Águas”.

A “Lenda da Iara” diz que sua origem veio de fora do mundo aquático, pois antes ela era uma linda índia que vivia numa distante aldeia.

Iara era uma índia especial, muito forte e corajosa. Ela não tinha medo de nada e realizava feitos que até mesmo os mais valentes guerreiros ficam admirados. Nas comunidades indígenas a divisão de tarefas entre homens e mulheres é bem rígida. Cada um tem seu papel bem definido. Mas, a Iara não se importava com isso, pois ela se destacava pela sua coragem e ousadia competindo com os guerreiros. Com o tempo Iara superou todos os homens, e assim se tornou a maior guerreira da tribo. Esses talentos diferentes que ela possuía começaram a despertar sentimentos de inveja e ódio, de modo que os guerreiros da tribo passaram a persegui-la de todas as formas.

Num certo dia, dois irmãos armaram uma emboscada para matar Iara. Mas, ela conseguiu se defender e acabou matando os dois indígenas. Os homens da aldeia ficaram furiosos, e a índia fugiu para se esconder no meio da floresta.

O cacique da aldeia convocou todos os guerreiros para perseguirem a bela Iara. Os homens pintaram suas faces e corpos com as cores da guerra, pegaram suas melhores armas e saíram em perseguição, com objetivo de vingarem os dois irmãos mortos.

Iara conseguiu fugir deles durante várias luas, mas depois de longo tempo de perseguição acabou capturada pelos guerreiros.

Como punição o cacique ordem que ela tivesse seus pés e mãos amarrados com cipós e fosse lançada nas águas para morrer afogada.

Os índios assim fizeram, mas quando Iara foi jogada no rio centenas de peixes vieram para socorrer a jovem guerreira. Para surpresa de toda aldeia que assistia às margens do rio, Iara apareceu na superfície da água sendo sustentada pelos peixes e se transformou à vista de todos numa bela princesa do mundo aquático.

Desde então, a índia guerreira se tornou a Mãe D'água, e assim passou a representar a beleza e valentia da mulher da Amazônia.

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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 498, p. 15, de 19/04/2013. Gurupi - Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 16/03/2013
Reeditado em 12/05/2013
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