Espelho do Tempo *
Agradeço a escritora Luciene Freitas,o convite para apresentar às minhas considerações sobre sua Obra "O Espelho do Tempo'. Antes, quero esclarecer,não ter nenhuma pretensão a fazer uma apreciação voltada para à crítica literária,mesmo por quê o que vou explanar é apenas o sentimento de uma pessoa leiga,que começa a trilhar o caminho literário.Portanto,essa breve apreciação,será puramente poética.
O Espelho do Tempo,é um romance inovador,na perspectiva literária que prioriza a reflexão sobre o ser ,especificamente sobre os conflitos existenciais, que marcaram os tempos da criadora e da criação.
Luciene e Salomé,uma unidade que transita de forma poética,sobre a profundidade da condição do universo feminino,numa abordagem plural,onde os significados buscados na memória,podem representar o EU ou o OUTRO.O Espelho do tempo,apresenta uma sensibilidade,uma inquietação,uma visão de mundo.Do mundo da mulher,que pode questionar,denunciar,problematizar.
A autora passeia pela amplidão metafórica,onde a narrativa flui do lirismo ao trágico,do sublime ao grotesco,do analítico ao filosófico.A narrativa lucieniana está voltada para questionamentos psicológicos,onde sobressaem angústia,dor,repressão e violência,que afligem as mulheres no mais íntimo do seu ser,tanto ontem quanto hoje,além de navegar pela paisagem e sociedadee nordestina revelando preconceitos,mitos e costumes.
E na memória,que a autora se reporta ao passado e relembra com emoção poética,entre
dor e indignação,o que guardou dentro do seu SER,e que de forma límpida transforma em obra ficcional,o que na memória evoca de emoção e o que na memória a recordação vai se juntar a emoção e tranformar-se em escrita.
Como ela diz em seus epígrafes"...levantando véus,absorvendo dores,refazendo viagens feitas pelos antepassados".
"Queria mudar aqueles costumes bárbaros.O mundo poderia ser bom se todos conservas
sem à alma da infância e a pureza dos animais".
É nesse romance que nos mulheres,nós identificamos,de uma maneira ou de outra,nos fa
zendo entender dentro dessa obra,sentindo-a,reinventando-a,nos sentindo vivas ao nos depararmos com o impossível de nós,e isso é um êxtase,quando sentimos que podemos sim,resgatar e expurgar através das lembranças da autora,o que outrora nos tornava reféns do silêncio.Um hiato tão longo e sentido.O tom da obra de Luciene é da cor da verdade,entre momentos tristes e engraçados dos quais muitos viveram.
Escerve assim Luciene,em um de seus Epígrafes,ao autografar para mim o seu belo livro;
"agarre-se a mão de Salomé e com ela faça a viagem através do espelho,resgate todos os
fantasmas e liberte-os do pesadelo da serpente".
"E no final reerga-se com à alma intacta".
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Alzira Paiva Tavares
Olinda 28/02/2013