A Lenda do Boto

Por todo Brasil existem inúmeras histórias bonitas e curiosas que falam de romances e grandes paixões. Não é pra menos, pois realmente uma das maiores razões da vida é a busca de um grande amor. Mas, como todos sabemos nem sempre as histórias de amor terminam bem.

Na região Norte do Brasil a “Lenda do Boto” narra bem os problemas que envolvem os romances e namoros.

O Boto é um animal típico da Amazônia, que vive em praticamente todos os rios e lagos da região.

Quem viaja por essa parte maravilhosa de nosso país fica encantado ao avistar esse belo animal mergulhando ou ondulando nas águas.

A todo o momento o Boto está observando o que acontece nos barcos que cruzam os rios e na movimentação dos moradores e turistas que ficam à beira d’água. O Boto é um animal muito vaidoso. Se alguém o está admirando ele se exibe ainda mais, nadando e saltando com graciosidade, em alguns casos se aproximando das pessoas.

Existem dois tipos de Botos na Amazônia: o rosa e o cinza. Os moradores locais dizem que o Boto rosado se transforma em rapazes brancos e loiros e que o Boto cinza se transforma em jovens morenos e mulatos, ambos igualmente belos e com grande poder de sedução.

Os mais velhos relatam que o Boto age em duas situações específicas. Durante o dia o Boto fica subindo e descendo os rios para observar e, assim, quando menos se espera ele inicia seu sutil encantamento nas mulheres que ficam admirando seus mergulhos e acrobacias. Basta ele perceber que uma bela donzela o está observando a distância que ele já inicia sua estratégia de conquista. Em geral, ele prefere encantar moças novas e ingênuas que ficam em casa sozinhas, sem a companhia dos pais e irmãos mais velhos. No entardecer do dia ele visita à casa da jovem para seduzi-la.

O Boto também sempre se faz presente nas noites de festas e comemorações para enfeitiçar as moças. Nesses momentos especiais de festejos e celebrações, o Boto se transforma num jovem rapaz bastante bonito, que veste roupas e sapatos brancos. Ele também usa um elegante chapéu para esconder a narina que se encontra no topo de sua cabeça. É por essa narina que os Botos soltam aquele forte jato de água, que sobe alto e torna ainda mais interessante para quem observa esse animal nadando nos rios da Amazônia.

Nas comunidades ribeirinhas as festas são sempre grandes momentos de alegria, aonde as pessoas podem se encontrar para ouvir música, desfrutar de comidas típicas, dançar e paquerar. Tudo isso torna esse ambiente favorável para o Boto agir.

O Boto chega em meio a movimentação e logo desperta atenção das mulheres que passam a disputar uma oportunidade de dançar com ele.

Com um jeito de galã de novela e com uma ótima lábia o Boto se dedica a cativar principalmente adolescentes puras e belas jovens que estejam desacompanhadas. Com muito charme ele rapidamente seduz e convence as mulheres para acompanha-lo para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Antes que o dia amanheça o belo rapaz tem que deixar o local da festa, pois ao raiar do dia ele volta novamente a forma do animal aquático.

Todo pai zeloso que não querer ver sua filha passar por uma gravidez fora do casamento deve ter cuidado, prevenindo-a dos encantos do Boto da Amazônia.

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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 497, p. 15, de 05/04/2013. Gurupi - Estado do Tocantins.

Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 506, p. 15, de 10/10/2013. Gurupi - Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 10/03/2013
Reeditado em 25/10/2013
Código do texto: T4181335
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