8 de março - Atira, PM!
Eu me nego! Não me referirei a vocês como “filhos-da-puta”. E não farei isso porque tenho muitos motivos para acreditar que as mães, mulheres que são, em nada são responsáveis por isso em que vocês se transformaram. Não vou tirar a responsabilidade que só vocês têm sobre vocês mesmos e transferi-la aos seres progenitores, aquelas que dão à luz os bons sentimentos do mundo. Por isso, não vou transfigurar o desprezível conceito que tenho sobre vocês, hoje, na palavra “filhos-da-puta”.
Sei que todos vocês tem, tod@s temos, alguma mulher sem a qual, efetivamente, não se poderia viver. Então, neste dia, peço-lhes que atirem, a queima-roupa mesmo, aproximem-se bem e ofereçam na cara dessa mulher uma flor. Se preciso for, façam um treinamento, como esses de tiro-ao-alvo que vocês tanto se dedicam, pois todos sabemos que não é uma tarefa fácil, é algo que necessita de muita coragem para qualquer homem da posição de vocês.
Atire, atire uma flor! Mas, cuidado. Ela vai sair quente, como uma bala, quente como só este gesto cálido pode ser. Vai deixar vestígios, não de pólvora, mas de pólen, em suas mãos, e não precisará perícia investigativa alguma para detectar estes vestígios, pois percebe-se facilmente, na cara, as mãos que carregam restos de pólen e de pólvora.
Ah, tira...atira! E depois pode sair carrancudo. Pode, porque não é a sua carranca de madeira que é importante: o importante é o gesto. Antes ou depois de atirar, a sua cara não importa, o que importa é que você atirou, e sempre quem recebe o faz com surpresa. Quem recebe olha pra você e vê aquilo na sua mão, e mesmo vendo o movimento de apontar que é feito em direção ao próprio rosto, pensa “não acredito que ele vai fazer isso?”, e aí você faz. Parece dramático, mas você consegue. Saca, aponta, e oferece a flor na cara incrédula dela.
Pode ser que aconteça de quando, de noite, você for dormir e deitar a cabeça no travesseiro, o sono se dissipar e os pensamentos girarem em torno disso. Fique tranquilo. Isso é assim mesmo. A primeira vez é sempre complicada, você pensará no que os outros podem pensar, se alguém viu, e o pior, se alguém registrou a cena. É normal, depois você se acostuma e vai querer sair fazendo isso todo dia, a qualquer hora, sempre que encontrar as mulheres que considerar especiais.
Atira! E não pense nas consequências, apenas atira uma flor. Iria sugerir que isso te faria bem, mas, pensando melhor, creio que você saiba como isso é, saiba como é fazer isso. Afinal, você não é um filho-da-puta. Sua mãe não tem nada a ver com isso que você se transformou. Isso é responsabilidade apenas sua, então, seja corajoso como se deve ser nessas horas, tome essa atitude sozinho. Atira, atira logo!