Um adulto: o Luiz
Era uma vez um menino que não cresceu. Que achava que tudo a sua volta era de doce e que ninguém nunca poderia tirá-lo de lá. Ele é um menino feito de algodão-doce, que mede um pouco as palavras e fala outras bem baixinho, para que toquem os subconscientes alheios. O menino de quem falo é sempre certo, porque, ainda que ele fale ao vento, não joga as palavras; tem absoluto respeito por elas. E elas o adoram também, porque vivem sempre ali, com a vida desconjuntadamente bonitinha do Luiz.
Daí, todo dia ele entra em sua piscina de bolinhas e tenta se esconder, sem êxito. É que talvez ele fique meio vermelho, ou meio com raiva de os outros descobrirem seu submundo neuronal. Ele é bem misterioso, mas seu mistério é tão claro e transparente quanto a sinceridade imensa espelhada por seus olhos.
É o que faz ser bem interessante conviver com o Luiz. Ele prefere agarrar o mundo aos pouquinhos, para não lhe escapar nada das coisas legais. E ele é feito de coisas legais e de muita graça. E ele é simples, é só o Luiz, e isso já é bastante coisa.