A arte desorganizada

Como a Arte é criada?

Qual a gênesis da Arte?

A Arte tem dono?

Teria a Arte o preciosismo de se deixar ser usada, explorada, mostrada, deliciada somente pelos "artistas" de formação ou aqueles já consagrados por alguma obra de reconhecimento público ou acadêmico, mínimo que seja?

Pois, afirmo que não! Reconheço, meio a contragosto, que este sentimento, esta necessidade compulsória de expressão que me assola, pode ser Arte.

Oh! meu Deus, quisera acomodar este impulso en outra categoria qualquer de expressão!

Talvez a Loucura, agora promovida a nome próprio, para debochar da Arte. Estica-se nas pontas dos pés e emparelha-se à Arte para apropriar-se das migalhas de sentimentos, que, se bem elaborados, cairiam na caçamba da Arte, mas que por erro de pontaria e pela urgência de expressão caem na caçamba da Loucura...

Por falar em Loucura, com letra maiúscula, ela é, talvez, a irmã mendiga da Arte. Aquela que não quis ir à escola. Que gastou seu tempo embebedando-se com a vida. Que exagerou na dose de melancolia, da emoção, e, que deslumbrada pelo licor da liberdade, embrenhou-se noites a dentro flertando com as delícias da música, do amor, da poesia, da paixão, da dança, do medo e da fé.

Adiando indefinidamente a sobriedade necessária para o estudo de pesados volumes sobre a História da Arte, técnicas de expressão e sei lá mais o quê.

Meu Deus! O que me faz gastar tempo precioso escrevendo estas coisas? Não seria isto advindo do incômodo da Arte, ou isto seria a Loucura?

Ela, a Loucura, quando consegue reconhecer-se, expressar-se e fisgar a apreciação dos amantes da Arte, finge ser a própria Arte. O que importa a classificação se a expressão virá de qualquer forma?

Será que o mergulho profundo na negritude da Loucura é precedido por algumas centelhas de Arte?

Será que o grito expressivo abafado repentinamente pelo ruído dos ferrolhos da cadeia social que retém o louco é a última expressão da Arte?