Sobre o pensar livre
Assistindo a entrevista do pastor Malafaia com a Marília Gabriela, fui honesto em reconhecer algumas virtudes no homem. Seguro, auto-estima elevada, soando convincente - que são virtudes coerentes de um pastor de sucesso. Mesmo dizendo eitos de besteiras boca-fora, tudo parecia verdadeiro aos ouvidos incautos, acredito.
E quando os ouvidos não são incautos?
Acho que ouvidos se tornam afiados, não-incautos, pela dúvida. É a dúvida que faz a pergunta essencial: e se não for assim?
Li que os líderes devem ser tratados com cautela, pois estarão sempre tentando arrebatar seguidores com a mais alta intenção de se convencerem a si mesmos. Cada indivíduo convencido (ou convertido), aumenta suas próprias certezas. Aprendi a desconfiar das lideranças, o que me foi muito saudável na área do aprendizado.
Procurei ensinar dessa maneira, na universidade. Tentei ajudar na formação de estudantes pensantes, chatos, questionadores.
Enquanto tivermos um povo seguidor, não teremos povo Educado. Com E maiúsculo.
O povo seguidor - que não duvida - creio que o faz por lassidão, preguiça e irresponsabilidade. Gasta muito menos energia não pensar e seguir o que outro pensa. Dá a segurança grupal do coletivo. Dá o sentimento de pertencimento ao grupo. E, sobretudo, coloca a responsabilidade da decisão na mão do líder. Se der errado, "culpa dele, eu só estava cumprindo ordens".
A televisão se aproveita para valer disto. Ficar na frente dela, consumindo seus produtos culturais, evita pensar. É só aceitar. Um prato cheio para ouvidos incautos, essa televisão.
A política parece preferir ouvidores incautos, que sigam suas diretrizes sem questionamento. Que eu saiba, os casos de questionamento renitentes podem resultar em expulsão das hostes partidárias.
Acho.
Favor duvidar.