Educar: a questão está na aula
Grande parte dos problemas enfrentados nas escolas não está diretamente no aluno; menos ainda nas condições encontradas na escola; falta de recurso, salário defasado de docentes, isso é algo que sempre vai acontecer. É engraçado, que quanto mais reivindicações aparecem, mais aparece motivo para reivindicar. Ou seja: se analisarmos bem, o gasto público já é oneroso demais. Não estou dizendo que os docentes não deveriam ganhar mais, não é isso; a questão, é que a gente não deve colocar o problema somente na ordem da reivindicação. É preciso olhar os problemas de frente: enxergar que os professores precisam ministrar boas aulas, com ou sem um salário que eles acham ruim. Até porque, a obrigação de dá boas aulas é fundamental. E é justamente quem 'se garante' que poderá cobrar mais ainda do governo.
A questão da aula, passa, portanto, pela forma como o docente ministra o conteúdo. Grande parte dos professores ainda hoje, adoram a lousa. Querem prender o aluno na sala à qualquer custo e para isso se utilizam da sua autoridade. Ou seja: as aulas ainda continuam sendo profundamente tradicionais. Tem gente que acha que aula tradicional é aquela aula antiquada e ultrapassada; na verdade, não. A aula tradicional tá ai, diante dos nossos olhos, estragando os alunos. Por que estragando? porque a aula tradicional só serve para o aluno decorar. O melhor aluno da aula tradicional às vezes, é justamente o menos inteligente da sala. Quem decora, não decola! Quem decora, calcula o que é incalculável, ou seja, baseia-se somente em regras pré-estabelecidas. Na verdade, quem decora, não usa o raciocínio no sentido prático, apenas decora; ou seja: não faz relações com as coisas, portanto, não pensa! Pensar não é simplesmente falar o que se sabe; pensar significa falar do que não se sabe, ou seja, justamente aprender. Decoreba é diferente de lembrança. Lembrar é importantíssimo, decorar não. Toda decoreba deveria ser combatida na escola, pois a decoreba é do campo da teoria. Enquanto a lembrança é do campo da prática. Quem sabe faz, não pensa! Quem pensa demais, finge saber. E engraçado, que a maior parte dos docentes ainda ministram aulas assim. Tratam o conteúdo apenas de maneira teórica; ensinam a tabela periódica, e não sabem onde se encontra grande parte daqueles elementos químicos. Ensina a decorar 'fui claro Brasil irá atacar'; Flúor, Cloro, Brômio, Iodo, At (esse At, nem lembro mais). A questão principal é: pra que decorar isso? qual a finalidade de eu, aluno, gastar minhas energias mentais, decorando essas letras? Qual o sentido intelectual disso? Infelizmente, a resposta é: nenhum. A decoreba só prejudica tudo na escola: faz o aluno ficar com medo de assistir a aula, já que se ele piscar, é capaz de não prestar atenção em algo que o professou falou e que justamente aquilo vai cair na prova. Ou seja: o aluno estuda não porque gosta, mas sim por obrigação. E aqui, já está tudo errado: os alunos precisam estudar porque gostam; precisam ir pra escola pra aprender; pra terem curiosidade sobre os assuntos. Ser curioso é fundamental. Quem é curioso, isso sim, pode-se dizer: 'pensa'. Quem não é curioso, não sabe pensar. Não gosta de perguntar; não sabe observar as coisas. Não sabe ver um tigre correndo atrás dos bufalos pra ver se vai alcançá-los. E digo mais, grande parte das vezes, o desânimo não está nos alunos e sim nos professores. São eles que estragam as aulas. Por quê? Porque vivem reclamando de tudo e de todos. Os professores precisam ganhar os alunos. Precisam transformar as aulas em shows. Como se faz isso? Basta se prender no conhecimento. Esquecer o livro didático; às vezes, esquecer ou quem sabe mudar a forma de avaliar.
Depois, dizem que os alunos estão desanimados. É óbvio!