I-Juca-Pirama, uma lição de moral
I-Juca-Pirama, uma lição de moral
O poema de Gonçalves Dias conta a saga de um velho pai que, ao saber que seu filho se acovardara quando prisioneiro de uma tribo inimiga, leva e entrega(“aqui estou e o filho trago”) seu único herdeiro aos inimigos. Envergonhado pela atitude do filho, exige que “em tudo o rito se cumpra”, ou seja, os inimigos devem sacrificar o jovem guerreiro conforme manda sua tradição. Ao saber que o filho implorara sua libertação ( “ tu choraste em presença da morte?”) alegando que tinha de cuidar dele (“ eu era seu guia na noite sombria, a única alegria que lhe restou”), o pai repudia o filho(“se choraste meu filho não és”).
Muito mais que um poema do poeta brasileiro que melhor cantou nossos índios, considero uma lição de vida, um exemplo de apego aos valores essenciais de um povo que respeita suas tradições e as leis que regem a convivência de uma nação para com outra. De um episódio comum entre dois povos indígenas, Gonçalves Dias conseguiu retratar que existem valores muito mais importantes que a nossa sobrevivência física.
Embora de uma chocante rudeza o poema passa uma lição de moral, de coragem, de desapego. Mostra que o jeitinho, a mentira, a covardia egocêntrica, não podem prevalecer, que o conforto psicológico só se obtém quando obedecemos a nossa consciência, que devemos manter nossa dignidade por mais cruel que seja a ocasião.
O motivo dessa análise amadora de um poema quase desconhecido que faço aqui é que cresci escutando meu saudoso pai declamando trechos dessa peça. Tanto que, quando lembro do Capitão Miorim, lembro de I-Juca-Pirama. E esses valores me veem à lembrança. E tenho até hoje o pequeno livro onde li essa poesia pela primeira vez. . Aprendi a assumir as consequências de todas as minhas atitudes, as boas e as ruins.
Recomendo essa leitura. Principalmente para nosso políticos, governantes, e todos que gostam de levar vantagem em tudo.
Obrigado, meu pai.