MELANCOLIA

Este texto surge inicialmente como uma resenha do filme de Lars Von Trier, Melancolia, e depois como uma autoanálise.

O filme se passa na festa de casamento de Justine, uma linda mulher que tem tudo para ser feliz mas está visivelmente melancólica (eu diria deprimida, mesmo). Parece mesmo aquela coisa de bipolar, ela está sorrindo na festa, dançando, beijando o marido e, minutos depois, se retira para um canto silencioso da casa e, certamente, retira-se para um canto isolado de si mesma.

O mais interessante é que, no filme, Melancolia não se refere somente ao sentimento, mas à um planeta que passará próximo à Terra em alguns dias. Claire tem medo de que o planeta se choque com a Terra.

Sua mãe é também uma personagem interessante. Desiludida com o casamento e a vida, mal consegue suportar o peso de viver.

O marido não sabe o que fazer para agradá-la, mas tudo em vão, Justine não está bem!

A festa de casamento é um acontecimento tão catártico para Justine, que ela acaba pedindo demissão do emprego (o chefe era um dos convidados) e o marido desiste e vai embora num determinado momento. Ela faz o que muita gente tem vontade de fazer de vez em quando: jogar tudo para o alto.

Sua irmã, Claire, que aparentemente adoraria estar em seu lugar, não a compreende. Não consegue entender como aquela festa perfeita não a faz feliz....impossivel não se identificar! Quantas vezes nos vemos em situações em que gostaríamos de cair fora, enquanto os outros pensam que somos os mais afortunados! Nem todos querem as mesmas coisas. Nem todos sonhamos os mesmos sonhos. O ideal de uns é o pesadelo de outros.

No fim, no tal planeta acaba mesmo se aproximando da Terra e, como sempre acontece, fico me imaginando na iminência da morte, como me comportaria, como reagiria, quem gostaria de ter ao meu lado. A melancolia não surge na vida pura e simplesmente, mas surge quando existe aquela sensação de abandono, de solidão (que ninguém consegue preencher), surge da crença de que tudo o que fazemos é inútil, pois o fim é sempre a morte, então, por que não abandonar tudo e se deixar esperar, prostrado, em algum lugar, pelo fim?