Sobre as premissas que motivam o conhecimento científico.

• Existência de uma realidade externa e independente do “Eu”.

Temos aí a primeira “crença” a ser considerada. Impossível seria duvidarmos que somos seres pensantes e sensíveis. Sensíveis a quê? A primeira resposta seria: sensíveis a uma realidade fora de nós. Uma realidade independente de cada existência e independente do conhecimento que cada um tem sobre ela. São essas “sensações” que processamos em nossas mentes e construímos nosso mundo individual.

• O mundo é inteligível e regido por leis gerais.

Acreditar que podemos conhecer o mundo, ou seja, que as informações que recebemos da realidade externa vêm realmente do foco das nossas observações, e não são sempre enganos produzidos por meios desconhecidos ou por nós mesmos. Supondo que podemos conhecer o mundo de forma objetiva então podemos conhecer suas regras.

• A observação das regularidades da natureza nos permite conhecer suas leis.

É uma simples definição de lei natural. Uma regularidade. Um evento que sempre se repete em determinadas condições. O problema é que nem tudo na natureza é observável imediatamente. Nossa experiência nos mostra que os problemas se renovam e outras observações se tornam necessárias. Isto nos dá a idéia de que existe ou que podemos esperar que existam fenômenos novos ainda a se manifestar. Tudo depende de até aonde chegamos com nossas observações e quais meios (ferramentas) utilizamos para isso. Logo conhecer a regularidade de um fenômeno é simplesmente conhecer a regularidade de um fenômeno. Um simples “tijolo” do mundo. Desta forma podemos utilizar este conhecimento das leis naturais dos fenômenos ao nosso favor, impondo condições para que eles se repitam ou evitando outras, caso o fenômeno seja ofensivo. Construímos tecnologia que nos dá conforto, melhorando nossa qualidade de vida, como podemos nos destruir se a utilizarmos mal.

• A crença na possibilidade de atingir um conhecimento completo do universo.

Antes me referi a “tijolos”, agora falo de um “muro” completo. Na nossa idéia de completude seria o conjunto de todas as leis possíveis de serem observadas e que o universo seria definido exatamente por elas. É a motivação maior para um trabalho científico constante, de geração em geração. Supondo que a cada conhecimento estabelecido ele se torne base para se adquirir mais um, por exemplo, e que com um grande intervalo de tempo, como em média é observado, apareça alguma contradição em que se elimina apenas um dos conhecimentos contraditórios ou que seja necessário acurar mais uma proposição ou teoria, isso não impediria que o conhecimento que a humanidade possui -- ou constrói -- do universo crescesse de forma exponencial se contássemos os períodos em séculos, por exemplo. Mas onde e quando esta progressão terminaria? Na teoria unificada da ciência? Na tão cobiçada “Teoria de Tudo”? Só podemos chegar a três lugares nesta curva de crescimento: Na, finalmente, teoria completa (um ponto final definido); no infinito aprimoramento dos nossos conhecimentos, tendendo à completude (uma assíntota horizontal); Ou se contentando que os eventos só podem ser previstos até certo ponto, no qual além se torna caótico (um ponto final não definido).

Estamos caminhando.

ToWo
Enviado por ToWo em 24/01/2013
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