Não sou Roberto Carlos mas já tive Meus Calhambeques...
Jorge Linhaça,
o Anjo das Letras
Ô saudade danada !
É, eu também já tive meus calhambeques
comprados usados e à prestação...
Coincidência ou não os dois eram 1977
Antes deles aventurei-me num 74, mas não vingou.
Minha brasoca 77 era uma brasa mora...
Não tinha nada de incrementada mas acabou
sendo minha companheira por longos anos,
inclusive os anos "Mamonas"...
Tá certo, ela não era amarela, mas quase,
o tal do bege jangada dava um ar amarelado...
Aventuras com a brasoca ?
Várias e inesquecíveis...
Carregou minhas mudanças e minhas crianças
me deixou na mão em lugares incríveis.
Era mais temperamental que eu!
Quando resolvia parar ,simplesmente parava e pronto.
Uma vez me deu um sufoco danado...
entalou sobre os trilhos do trem lá em São Vicente...
Outra vez a roda soltou e la fui eu dirigindo em tres rodas
com a boca aberta olhando a danada atravessar a avenida...
Não sei precisar a quantidade de horas que virei mecânico,
eletricista e funileiro no meio da rua, em frente de casa,
aprendi a fazer de tudo na minha brasoca, menos
a retífica do motor.
Deu-me muitas dores de cabeça, mas também
me proporcionou muitas alegrias.
Um dia o cinto apertou e lá se foi a brasoca...
Anos depois comprei um corcel 77
Dessa vez estava solteiro...
Carrinho guerreiro...gostoso de dirigir
me levava pro trabalho, em viagens,
me levou de volta a Sampa e à minha Penha amada
Foi meu companheiro em momentos terríveis.
Quando não estava bem, pegava o danado
e sumia na estrada quase sem destino.
Sumia nas estradas de terra ou de asfalto;
Eu, o corcel e o vento....
Botava minha fita do Grease e tome chão!
Tudo um dia se acaba...e lá se foi meu corcel...
Hoje ando mesmo é a pé...mas cada vez que vejo
um corcelzinho ( acredite aqui há muitos)
bate aquela saudade danada do bichinho.
Agora tenho outro corcelzinho 77, tá lá quietinho guardado em Arandú, seu nome não podia ser outro...Tchicabum... ou Tchica para os íntimos.
Já tivemos muitas aventuras e foi meu fiel companheiro ( além de minha amada, claro) durante os anos de cuidado com a doença de meu falecido pai.
É "véinho", acabadinho, mas é meu amigo do peito.