Manifesto literário - In Ensaios

A Literatura sempre foi elitista, desde o princípio, partindo-se do primeiro movimento literário conhecido como : Trovadorismo, que segundo, consta originou-se das Canções de Giesta: composições para serem cantadas acompanhadas de alaúdes e outros instrumentos musicais. Havia as Canções de Amigo ( mais popular esta, com linguagem simples ) e Canções de Amor ( mais rebuscada; de um purismo verbal próprio das elites letradas ).

Assim, temos vários estilos ( ora objetivos, ora subjetivos - como respectivos exemplos o Realismo e o Romantismo ).

A partir do Modernismo surgem mudanças : a experimentação linguística é uma delas e a principal. A linguagem se torna mais concisa na busca de uma identidade própria: surge o nacionalismo e com isto o abandono da mera cópia dos estilos literários importados, tais como o de Portugal, França e outros. Cria-se então, uma aversão aos estilos importados nascendo o sentimento patriótico, a valorização da língua e

cultura nacional. Há um autor que conseguiu escrever um livro experimental, somente, com orações coordenadas. Cito o exemplo do poema " Pronominais " de Mário ou Oswald de Andrade como um exemplo do experimentalismo linguístico.

A partir daí, temos inversões de valores : Surrealismo, Cubismo, Dadaísmo e outros ismos mais.

Mudanças nas conceituações houveram significativas como o Simbolis-

mo ( um tanto que elitista ) que revolucionou a poesia. O Parnasianismo exaltou a forma, juntamente com os concretistas.

Tais estilos literários sempre estiveram próximos a elite, pois a classe pobre, grande maioria não sabia ler.

Citemos o exemplo de Eça de Queiroz e um dos seus melhores livros " O Primo Basílio ". Quem poderia ler este livro naquela época ??. Não se-

riam, apenas, os privilegiados pelo dinheiro que poderiam comprar ??.

A linguagem da Literatura naqueles tempos ( séc. XIX ) era: rebuscada, purista; repletas de paradoxos, oxímoros, metáforas, metonímias,sinédoques, antíteses, pleonasmos , hipérboles, inversões, elipses, onomatopeias e outras tantas figuras de linguagens, cujo objetivo era alimentado pelas elites como a dizer que a Literatura era um caro deleite, apenas, paras classes dominantes.

Hoje, a Literatura se distancia procurando novos nichos de leitores

abandonando o elitismo dos ricos para atingir as classes mais pobres,

que por durante séculos foram excluídos da literatura por serem analfabetos e pobres sem recursos para comprar um livro naqueles distantes tempos, no agora, são denominados de classe média.

A linguagem literária procura refletir e viver a vida em todos os seus

aspectos, por isso, diferencia daquela linguagem , exclusivamente pedante própria das elites conservadoras.

A História nos cita o exemplo da Igreja que detinha o poder da palavra escrita: eram os clérigos a copiar , deliberadamente, alterando os conceitos expressos nos livros antigos. Cópias alteradas segundo os padrões da Igreja, tanto que as missas eram rezadas na língua oficial em que a Bíblia foi editada. Até que surgiu Martinho Lutero

que publicou 92 teses, dando início a um movimento de renovação da

Igreja. Uma das teses afirma, peremptóriamente, que as missas deviam ser realizadas na língua oficial do país, isto é, se na França, em francês; se na Inglaterra, em inglês.

Tal evolução se deu, igualmente, na literatura, cujo nível de linguagem,

atualmente, aproxima-se mais do nível coloquial da linguagem, pois é fato que segundo a Linguística, o importante não é forma normativa da gramática, mas sim a mensagem que deve ser inteligível para que haja comunicação entre emissor e receptor; entre autor e leitor.

Acrescentemos exemplo atual deste fato: o livro publicado recentemente " Capão Redondo " e outro mais " Quarto de Despe-

jo " como uns dos mais significativos para a Democratização da literatura. Necessariamente a leitura não deve ser por demais longa sob pena de se tornar cansativa: não deve ser por demais " gramatical "

que afaste o leitor.

A Literatura atual deve ser prazerosa e leve ( não seguindo modelos do século XIX ), deve incluir a relação de co-participação do leitor pro-

movendo a interação no processo de criação, compreensão, interpretação do texto lido. O leitor passa a ser importante na criação de novos mundos proporcionados pela boa Literatura.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 25/12/2012
Reeditado em 09/12/2013
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