VIVER MUITO NÃO É UM GRANDE ” NEGÓCIO!”

Mesmo que você possa julgar precipitadamente, que há nessas palavras, algo de tendência suicida, não tem nada a ver!

Palavras talvez incoerentes, é verdade, porém, fruto de longa observação e pesquisa! (e pesquisa?) que seja!

Ainda que você “nade” no dinheiro e tenha um excessivo apego a vida e as suas posses, há de convir comigo, chega uma hora que a vida se torna completamente enfadonha, principalmente quando parte do tempo que vai dispor (ou dispõe) seja dividida na compra de medicamentos, no uso do medicamentos, em visitas “indispensáveis” ao médico e na reunião semanal ou quinzenal com grupo de “senhores” e “senhoras”, que vivem extremamente o presente, com a mente totalmente voltada ao passado: “ah! quando eu tinha...” etc., etc.

Quero deixar bem claro, que isso foi uma espécie de experimento que analisei e cheguei a essas minhas insignificantes conclusões pessoais e mais: refiro-me geralmente a pessoas com idade acima de 85 anos por exemplo, mas isso, de maneira nenhuma pode ser tomado como regra (nem pode)!

Não se fie nas minhas palavras nem confie nelas e nem em mim!

Desconfie!

Exemplo de desmotivação?

Existem pessoas que aos cinquenta anos já estão desestimuladas, cansadas, desmotivadas, desesperançadas, etc., imagine-se quando atingirem os setenta anos...

Semana passada mesmo, fui obrigado a admoestar determinada pessoa (para o seu bem, simplesmente), pois, a mesma, sob a alegação de que aos seus cinquenta anos não poderia “fechar negócio” para pagamento de um terreno (o qual pretendia adquirir) em quinze anos, pois não viveria até lá!

Achei patético seu medo e seu ponto de vista e o adverti!

Perguntei-lhe quantos anos achava que eu tinha?

Disse-me: “ – você é jovem!”

Eu lhe falei (sabendo antecipadamente de sua idade devido a conversas sobre isso em curto espaço de tempo):

- Sou mais velho que você um ano e não tenho medo de viver, fechar negócio, arrumar um novo trabalho, voltar a namorar um dia, (se Deus assim o permitir e o dinheiro deixar), voltar a estudar e concluir aquilo que deixei inacabado, etc!

João de Itapecerica da Serra (nome real), admirou e calou-se!

É sobre essa forma de viver muito e algumas outras as quais me refiro!

Nesse raciocínio, estão excluídos, é claro, os completamente materialistas. Àqueles que realmente acreditam que nada mais tem do que sua própria vida! A esses só tenho a dizer: “bom proveito!”

Particularmente, “fui agraciado” desde muito cedo com a dádiva do reconhecimento de que essa vida “não pode conter todas as aspirações dos homens coerentes e... incoerentes!” Muito menos oferecer todas as respostas!

Não, não pode!

Viver excessivamente só pode agravar determinadas tendências dos seres humanos, aumentar consideravelmente as doenças, o número de bancos dos coletivos, no metrôs destinados aos idosos, o número de caixas especiais nos bancos para o atendimento dessa casta social, isso sem se falar nos consignados...

Quanto ao reconhecimento ao qual me referi, foi devido a inúmeras experiências “incentivadoras!” razão pela qual, nesse momento, faço minhas suas palavras: “Quando nasci, num mês de tantas flores,

Todas murcharam, tristes, langorosas,

Tristes fanaram redolentes rosas,

Morreram todas, todas sem olores.

Mais tarde da existência nos verdores

Da infância nunca tive as venturosas

Alegrias que passam bonançosas,

Oh! Minha infância nunca tive flores!

Volvendo a quadra azul da mocidade,

Minh'alma levo aflita à Eternidade,

Quando a morte matar meus dissabores.

Cansado de chorar pelas estradas,

Exausto de pisar mágoas pisadas,

Hoje eu carrego a cruz de minhas dores! (Mágoas - Augusto dos Anjos)

Nascido no mês de setembro, numa miséria desgraçada, abandonado desde a infância pelo pai que para cavalo só faltava as ferraduras, natural do Sertão Nordestino, sem nenhuma influência social, desde tenra idade eu sei bem o que significam as palavras: abandono! Fome! Dor! Discriminação social e racial! Por essas e por outras tantas aventuras, que da vida não espero mais do que ela pode dar! Ou seja, pode até proporcionar conforto, esperanças, etc., mas felicidade, jamais!

Como vê não é uma observação pessimista!

Ademais, observei àqueles que ousaram avançar na barreira da idade e do tempo, sem preparação adequada desde a mocidade (esporte, alimentação adequada, disciplina, etc.) o “estado” que terminaram e muitos deles, tinham muito, muito dinheiro!

Me abstenho de citar exemplos!

Mas, um tem que ser citado. Por exemplo, o da apresentadora Hebe Camargo, uma senhora muitíssimo rica (eu nem sabia que era tanto), seus últimos anos de vida foram uma perfeita “farsa!” Não por ela, observe-se bem, mas pelas circunstâncias em que se viu colocada!

Sim, vinha a público dizer que estava feliz, linda exuberante, mas suas plásticas não escondiam mais seus tormentos, e além do mais, podia ter feito melhor(?!)

Causa morte (Causa mortis) além do sintoma: infecção generalizada... que nada, velhice! Todos passarão pela mesma experiência!

Individualmente, espero no meu caso, fazer melhor do que a Hebe Camargo!

Por exemplo, sabedor que vou morrer em curto espaço de tempo (é apenas uma suposição) tentarei não ficar até o último momento, apegado até o último centavo, não doar absolutamente para quem quer que seja e deixar tudo para alguém que talvez nem o fez por merecer!

Eis um exemplo de uma senhora que amava mais a vida que qualquer outra coisa, entretanto, o seu dinheiro, suas posses e seus médicos não a impediram de se submeter as leis dos seres humanos comuns: nascer, crescer, reproduzir e morrer...

Não tenho poder nenhum sobre a minha vida ou a de qualquer outro, nem posso opinar quando vou morrer, de que maneira vou viver meus últimos dias ou sobre a quantidade de anos a mais que vou ter!

Mas, pudesse optar, chegar aos oitenta (bem) já seria o suficiente!

Pois que, chegar aos setenta, diabético, cardíaco, esquizofrênico, mente falha, é mais do que se pode merecer e menos do que se pode sonhar!

optiumt
Enviado por optiumt em 24/12/2012
Código do texto: T4051892
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