Diante dos infortúnios, causados pelos atentados, às crianças nas escolas, um desconforto me provoca à busca da compreensão, do que poderia estar por trás, dessa série de sobressaltos, que vem afligindo o mundo. Especialistas de todas as áreas, também, estão se engajando, à procura desse esclarecimento. Porém, neste pequeno ensaio, vou me estreitar ao que encontrei na arte, aos sinais de alerta, capturados pela sensibilidade de artistas. Que muitas vezes, além de denunciar as causas, encobertas no cotidiano, de distúrbios comportamentais desse calibre, prenunciam suas consequências no futuro. Vale lembrar as músicas do Pop Rock brasileiro, e a literatura, que nos transmite protestos contra entretenimentos, que podem ser prejudiciais, na nossa formação, e nos relata com maestria as vicissitudes de nossa existência.  
Iniciei minha busca em notícias da imprensa, postadas a partir de 2002. Constatei que os cientistas, interdisciplinarmente, analisam aspectos organizacionais e culturais, das escolas que foram atingidas por atiradores suicidas; da sua Cidade; e do País. E tentam esclarecer se existe alguma ligação com o terrorismo internacional. Sugerem medidas de segurança, alguns propõem escolta armada na entrada das escolas, e o uso de armas pelos seus seguranças. Outros pedem o controle de armas pelas autoridades ou desarmamento da população.
Buscam entender a motivação dos crimes. Coletam informações sobre a vida pessoal do responsável pela tragédia, suas influências familiares, sociais, étnicas, religiosas, culturais, psicológicas, e seus modos de vida.  Descrevem aspectos psicológicos do atirador, relatam que normalmente são reservados, introspectivos, e que costumam se relacionar com outras pessoas, apenas pela internet.
Quase todos os atentados foram cometidos por jovens, que em seguida se matam, utilizam em seus atos, armas de fogo, de pequeno e grande porte. Mas alguns atentados foram praticados com armas comuns, como facas. Em uma carta deixada pelo atirador do “Massacre do Realengo” no Rio de Janeiro, este alega que sofrera “Bullying”, quando adolescente, na mesma escola que escolhera para praticar o crime. 
Outro aspecto, em minhas pesquisas sobre o assunto, não encontrei nenhum caso de envolvimento de pessoa do sexo feminino em atentados. O que isto pode significar? Poderia ser influência dos jogos indicados para os meninos? Ou o que se espera socialmente do comportamento dos meninos? Estas questões me trouxeram de volta ao terreno da arte.
 Na arte, algumas contribuições, para elucidar a questão, me chamam a atenção, destaco a música “Ouro de Tolo”, de “Raul Seixas”; e o poema de Drummond “José”; Que retratam a busca do sentido para a vida e para a morte. Entendo que a mídia está vendendo ideias muito rasas, para explicar a nossa existência, como se tirassem do ar a ideia de “Deus”, e propagassem que a terra é o “céu”. Repleta de entretenimentos, de objetos de fetiche, como se o nosso encontro, inevitável, fosse evitado com isso.
Outra música também de “Raul Seixas”: “Mosca na Sopa” - “não adianta me matar que vem outra em meu lugar”. - O que adiantaria seguranças nas escolas armados contra os invasores, outros viriam e poderiam ter sucesso.
Outro entendimento, sobre as ocorrências, foi-me clareado com a música “A canção do senhor das guerras”, de autoria de “Renato Russo”, da qual cito alguns trechos:
“Existe alguém esperando por você, que vai comprar sua juventude...” “Existe alguém que está contando com você, pra lutar em seu lugar, já que nessa guerra, não é ele que vai morrer.” “E quando longe de casa, ferido e com frio, o inimigo você espera. Ele estará com outros velhos, inventando novos jogos de guerra.” “O senhor das guerras não gosta de crianças...” A criança é submetida ao itinerário, preestabelecido, social, histórico, e cultural.
“Por que não retiram as armas de brinquedo das lojas, os games de guerra...?”  
Terminei minhas indagações, com outros questionamentos, contudo acredito que o vazio de nossa sociedade, esta preso à “objetividade da ciência”, e aos ditames da mídia,  inteiramente paga, pra vender produtos e entretenimentos, pouco relevantes para o crescimento existencial e espiritual do homem. Saúdo nossa arte, clássica e contemporânea, e torço pra que a ciência ande de mãos com ela.  
 
 
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 19/12/2012
Código do texto: T4044249
Classificação de conteúdo: seguro