Como ser o melhor do mundo
Se olhamos pata trás, no tempo, se voltamos uns 30, ou 50 anos, podemos pensar: como as coisas eram fáceis naquela época, se eu tivesse vivido nesse tempo eu seria o melhor do mundo.
Temos essa impressão em quase qualquer atividade que pratiquemos; parece que as coisas eram fáceis no passado, que teríamos sido muito melhores que qualquer um dos de então.
O curioso é que, em certo sentido, isso é verdade; tudo era mesmo mais fácil no passado; as exigências eram, quase todas, menores. Confira em sua área, veja o que faziam há 50 anos, ou mesmo há 30, você teria sido o cara nessa época, não?
Curiosamente, os dessa época se sentiam do mesmo modo. O pensamento geral, em todas as épocas, é o seguinte:
—Naquela época (30, ou 50 anos antes), as coisas eram muito mais fáceis, de lá para cá progrediram muito. Agora estamos perto da perfeição, não há muito mais o que progredir; qualquer melhora parece impossível.
Além disso, nos contentamos com nossa própria mediocridade, embora a maioria exija de si mesmo não se situar muito abaixo dos outros. O resultado de tudo isso é que nos resignamos a nos situar em um ponto muito abaixo de nossa capacidade.
Existem algumas poucas áreas da atividade humana em que, de fato, chegamos perto do limite. São as atividade muito simples, muito elementares, como a corrida dos 100 m. Aliás, o esporte é um campo maravilhoso para ilustrar tudo isso; poucas atividades se desenvolveram tanto, poucas estão tão próximas de nosso limite; mesmo assim ainda estamos longe disso, mesmo no esporte.
Daqui a 30 ano, suponho, poucas pessoas, se alguma, terão superado o recorde mundial dos 100m rasos. Mas na maioria dos esportes, todas as exigências serão muito maiores que hoje; fora dos esportes, onde as medidas de desempenho não são tão claras, onde os estímulos são muito menores, nos encontramos muito distantes dos limites humanos, muitíssimo.
Quanto aos esportes, podemos perceber claramente alguns indicativos de distância ao limite. Esportes vedados aos pobres, ou aos negros, ou aos orientais, se encontram muito distantes do limite. Quando um novo contingente populacional tiver acesso ao esporte, seus padrões de exigência crescerão muitíssimo, as habilidades exigidas de seus praticantes serão muito maiores.
O mesmo vale fora do âmbito esportivo; o oriente está mostrando, tanto fora, quanto dentro desse âmbito, que os padrões de exigência podem ser muito aumentados; serão.
Alguns talvez se desesperem ante tal perspectiva de exigência. Os mais sábios perceberão que podem ampliar muitíssimo o seu próprio padrão, bastando para isso fixar, para si mesmo, exigências mais severas.
Creio que uma das principais diferenças entre os grandes, em qualquer área, e os outros, seja a exigência que cada um faz de si próprio. Os que impuserem a si mesmos exigências maiores que a média no momento, se erguerão mais alto, e serão recompensados.
E lembre-se que os do futuro olharão para os dias de hoje e dirão: como as coisas eram fáceis naquela época, se eu tivesse vivido nesse tempo teria sido o melhor do mundo!