Da tradução de poemas
Para Haroldo de Campos, poesia não é passivel de tradução, transportar um poema de uma língua para outra, ele chamava de "transcriação poética".
O livro de WISLAWA SZYMBORSKA, (poemas),
Tradução de Regina Przybycien,
Companhia das Letras, Saõ Paulo, 2011,
é um bom exemplo desse conceito de Haroldo de Campos.
A poesia da poeta húngara é maravilhosa, descobri-a pelos acasos do cotidiano, na livraria do cinema Reserva Cultural, Avenida Paulista, São Paulo. Os caractéres da Língua Húngara são bem diferentes dos de nosso alfabeto. A visualidade do(s) poema(s) em húngaro é uma. A do(s) poema(s) da poeta SZYMBORSKA transportado(s) para o português por Przybycien é uma outra, completamente diferente. A sonoridade então, será inteiramente distinta. Gostaria muito de escutá-lo(s) na língua original. Vemos que um poema é bom, quando dito ou lido numa língua desconhecida para nós, como o húngaro é para mim, pela sonoridade do poema.
Neste livro vemos ilustrado o conceito de Haroldo, assim como percebemos, através do estranhamento, que poemas possuem dois signos, o visual e o auditivo. Por isto poemas são ideogramáticos, visuais. E sonoros. Vale para a literatura, mas na poesia é mais escancarado. O nome de WISLAWA SZYMBORSKA pronuncia-se mais ou menos Vissuáva Chembórska. (pag 10).