O tempo histórico
Quando pensamos no tempo, logo nos vem a cabeça questões como “que horas são” ou “a quanto tempo”. A noção de horas ou de passado nos é importante, porque é delas que o ser humano tira as bases para a sua organização social. Quando perguntamos a alguém que horas são, estamos exatamente querendo nos organizar, tentando criar um panorama temporal, do qual podemos pensar em nossas atividades, sejam elas passadas, presentes ou futuras. Assim, pensamos no tempo como algum utilizável e necessário, já que nos dispomos dele para determinarmos o que faremos ou que já fizemos.
Do mesmo modo, quando refletimos sobre um certo período de tempo já passado, estamos unindo uma série de fatores que convergem para a questão temporal. Estamos mesclando a passagem de tempo com a memorização de fatos já ocorridos, para nos certificarmos do tempo exato ou aproximado em que tal evento aconteceu. Dessa forma, nos organizamos, pois podemos utilizar tal informação em nosso dia a dia, e saber em que tempo as coisas aconteceram faz parte desse processo de organização.
O tempo, portanto, é uma ferramenta utilizada pelo homem para que ele possa se organizar sobre um mundo cheio de incertezas e caos. Através do tempo, podemos nos sentir melhores ou piores com relação a eventos passados ou futuros, assim como podemos nos colocar como protagonistas desse tempo, que vai passando e se modificando cada vez mais.
Essa noção de que o tempo é um palco de acontecimentos, e de que o homem utiliza esse palco tanto para se organizar quanto para se inserir no próprio tempo, é uma das bases do pensamento cronológico desenvolvido pela humanidade, para facilitar a compreensão dos fatos históricos e dos eventos possíveis de acontecerem.
Ao tratarmos do tempo histórico, nessa concepção, vale a pena separarmos o passado, o presente e o futuro, para um melhor entendimento:
Passado: definimos o passado como sendo o tempo dos fatos e eventos que já ocorreram, sejam tais eventos conhecidos ou não. Ai entra a questão do tempo histórico. Muitos dos fatos ocorridos não são detalhadamente compreendidos pelo pensamento histórico. Isso nos mostra que, vários eventos passados fogem ao nosso entendimento, pois não é possível estudar cada evento, da maneira que ele realmente ocorreu. Dessa forma, o passado se faz com uma sombra, que deve ser iluminada, para a melhor compreensão possível de eventos já ocorridos. O passado, portanto, é um tempo histórico que não depende, em sua essência, do saber histórico, pois não é possível saber tudo e/ou exatamente o que aconteceu. O saber histórico, esse sim, depende do passado histórico, pois é dele que se tira os conhecimentos prévios que serão usados para se criar os panoramas históricos que tanto utilizamos.
Presente: a definição de presente está muito ligada a questão das ações. Portanto, quando eu digo “eu ando”, o tempo verbal utilizado nessa frase, nos mostra que o sujeito, no caso “eu”, está andando naquele momento. Qualquer movimentação de idéia, seja para o futuro ou o passado, já descaracteriza a ação presente. Consideramos, portanto, que a definição exata de tempo presente é complexa. Porém, é corriqueiro que, como tempo histórico, pensemos no presente como sendo as interações factuais desse momento histórico aproximado, ou seja, um pouco para o futuro ou para o passado, mas que se restrinjam a fatos ainda em curso, que tenham acabado de ocorrer ou que estejam em iminência de ocorrerem.
Futuro: quaisquer eventos que possam ser previstos pertencem ao tempo histórico futuro. Neste tempo, as indefinições são grandes, já que não é possível ver além das probabilidades. Portanto, a este tempo, nos dedicamos apenas a criar hipóteses e a esperar pelos fatos.
Ao pensarmos no tempo, mesmo que nos coloquemos apenas como espectadores, e não como protagonistas, somos levados a crer que sua influencia na humanidade é mais que a mera passagem das horas, dos dias ou dos anos. O tempo nos molda, a medida que o moldamos, e cada novo fato ou evento, que tenha ocorrido, ou que venha a ocorrer, temos a certeza de que somos seres temporais, movidos pela história que nos mesmo criamos e estudamos.