O QUE SOBRA DO AMOR
12/11/2007

Os pássaros cantam mais silenciosos hoje, mas eu tampouco desejo ouví-los
O vácuo que existe entre o presente e a sua partida é uma mansidão fria, pouco consoladora, e é o único lugar seguro para morar agora
Alguns pedaços de mim ainda são encontrados lá fora e alguns sonhos ainda repousam na gaveta, mas meu coração parou no tempo
Mãos singelas e frias tentam me alcançar, mas como podem?
Já não posso ser tocado, nem trazido de volta
Olhos serenos ainda buscam em mim uma perfeição que outrora se fez presente e agora já não a reconheço mais; eis minha verdade: 
A vivacidade da pele, o lábio macio, o calor do corpo ardente... tudo perdeu-se e onde ficou não sei
Peco por inércia ou por euforia excessiva? Por medo, por culpa?
Essas dúvidas me afastam ainda mais de mim e de tudo que eu já fui um dia
Qual é minha identidade?
Qual o sonho que eu ainda não sonhei?
Qual o amor que eu ainda não imortalizei?
Qual o temor que ainda não me abateu?
Sou um homem meio vazio, meio cheio, Um tanto raso e muito profundo
E em minha mansidão eu ainda espero por você... entre livros empoeirados e músicas silenciosas.
Para sempre.

 
Carmen Locatelli
Enviado por Carmen Locatelli em 02/12/2012
Reeditado em 17/03/2023
Código do texto: T4015994
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