Fingimentos Líricos
Para os noivos da escritora.
Permitam-me imaginar sua vida, comparando-a a um drama, onde haveria:
Dramaturgo: o Destino.
Tipo de peça: monólogo (fragmentado em mil diálogos, ou talvez uma simples ânsia de diálogos).
Nesse solilóquio, a personagem fala/dialoga e atua/age no palco para o seu público: todos os seres e coisas passeantes nos livros dela.
(E os leitores, embora plateia longe, ouvem tais vozes, que confortam, consolam, afastam perigos e livram do mal, amém.)
Protagonista: a atriz Florbela da Conceição, que assume a personagem, encenando esse drama em um ato que foi sua existência, com tantas expectativas e vivências quanto intensidade, quanto entrega confiante.
Antagonista: o conjunto dos acontecimentos que a mantiveram infeliz, desprotegida, socialmente frágil, ocasionando o desfecho desesperador, do qual nem ouso falar.
(Lembrando que um antagonista pode ser os Céus, os elementos da Natureza, a Humanidade, as peripécias de uma viagem ou o próprio protagonista (seus erros, dúvidas, imperfeições...).
A tragédia, aí, se presentifica pelas paixões da moça, administradas cruelmente por um poder superior, hostil e adverso aos seus tímidos devaneios de mulher.
(Acresça-se o preconceito, o desdém, o despeito, a inveja com que a sociedade conservadora da época via uma pecadora sob diversos ângulos: escritora, emancipada, provocante, intelectual, excitante, moderna, otimista, fremente de vida, emoções e sensualidade...).
A ação dramática (enredo, trama) se projeta nas cenas. Essa ação se torna verossímil e convincente, graças ao seu desempenho, sua atuação, sua interpretação, seu florescimento sobre-humano. E dela surge e irrompe o suspense, que prende a atenção dos expectadores e se transforma em catarse (o prazer literariamente sublimado).
Tal ação (espetáculo cênico, fingimento lírico) corresponde à narração tensa dos seus estados de alma, livros afora...
Como se percebe, o ciclo da arte teatral se cumpriu: exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho.
Fim.
Aplausos!
Para os noivos da escritora.
Permitam-me imaginar sua vida, comparando-a a um drama, onde haveria:
Dramaturgo: o Destino.
Tipo de peça: monólogo (fragmentado em mil diálogos, ou talvez uma simples ânsia de diálogos).
Nesse solilóquio, a personagem fala/dialoga e atua/age no palco para o seu público: todos os seres e coisas passeantes nos livros dela.
(E os leitores, embora plateia longe, ouvem tais vozes, que confortam, consolam, afastam perigos e livram do mal, amém.)
Protagonista: a atriz Florbela da Conceição, que assume a personagem, encenando esse drama em um ato que foi sua existência, com tantas expectativas e vivências quanto intensidade, quanto entrega confiante.
Antagonista: o conjunto dos acontecimentos que a mantiveram infeliz, desprotegida, socialmente frágil, ocasionando o desfecho desesperador, do qual nem ouso falar.
(Lembrando que um antagonista pode ser os Céus, os elementos da Natureza, a Humanidade, as peripécias de uma viagem ou o próprio protagonista (seus erros, dúvidas, imperfeições...).
A tragédia, aí, se presentifica pelas paixões da moça, administradas cruelmente por um poder superior, hostil e adverso aos seus tímidos devaneios de mulher.
(Acresça-se o preconceito, o desdém, o despeito, a inveja com que a sociedade conservadora da época via uma pecadora sob diversos ângulos: escritora, emancipada, provocante, intelectual, excitante, moderna, otimista, fremente de vida, emoções e sensualidade...).
A ação dramática (enredo, trama) se projeta nas cenas. Essa ação se torna verossímil e convincente, graças ao seu desempenho, sua atuação, sua interpretação, seu florescimento sobre-humano. E dela surge e irrompe o suspense, que prende a atenção dos expectadores e se transforma em catarse (o prazer literariamente sublimado).
Tal ação (espetáculo cênico, fingimento lírico) corresponde à narração tensa dos seus estados de alma, livros afora...
Como se percebe, o ciclo da arte teatral se cumpriu: exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho.
Fim.
Aplausos!