PARTÍCULA DE DEUS(?!)
PARTÍCULA DE DEUS(?!)
Eu juro, já estava conformado.
Já tinha aceitado perfeitamente o fato, de ter visto tantas novidades, tantas emoções, tanta liberdade sexual, tanta liberalidade política, tanto terremoto, tanta violência, etc., que piamente acreditei, não ser possível acontecer algo de novo!
Pelo visto me enganei redondamente!
Os cientistas conseguiram inovar de maneira a não deixar margem para possíveis competidores, nem pesquisadores e nem desconfiança em seus métodos. Só que... trocaram literalmente, os pés pelas mãos!
Eles que em seus laboratórios refrigerados, com seus estudos (muitas vezes), pago pelo papai, pela mamãe ou conquistadores de algumas dessas bolsas destinadas aos pobres, mas, que fazem uso... eles, sem levar em consideração a opinião de outros que os antecederam, tão cientistas o quanto eles mas, que tiveram vidas muito mais sofridas e com amplas dificuldades mantiveram a humildade, eles sem titubear ergueram estátuas a si próprios e se declararam “novos deuses!”
“Novos deuses” sim, pois somente um Deus é capaz de reconhecer outro!
Mais calmo e menos presunçoso ao final, Einstein asseverou: “a Ciência sem a Religião é paralítica (hoje seria ‘cadeirante’, palavra esta que nem existe no sentido que se lhe atribui), a Religião sem a Ciência é cega!”. Mais a frente... “esse tipo de equação, somente uma inteligência superior pode continuar...”
Algum tempo antes, Voltaire (François-Marie Arouet), em seu Dicionário Filosófico, satiricamente, reproduziu um diálogo entre um grego e um indivíduo considerado de baixa casta e os dois, ainda que pelo curto entendimento demonstram saber muito mais que todos esses últimos cientistas arrogantes. Leia-se:
DEUS
Imperante Arcádio, Logômacos, teologal de Constantinopla, empreendeu uma viagem à Cítia, e deteve-se ao pé do Cáucaso, nos férteis plainos de Zefirim, nos términos da Cólchida. Estava o bom velho Dondindaque em sua ampla sala baixa, entre seu grande aprisco e a vasta granja. Estava ajoelhado em companhia da mulher, dos cinco filhos e cinco filhas, seus pais e seus criados, e cantavam os louvores a Deus após ligeiro repasto.
— Que fazes, idólatra? – perguntou-lhe Logômacos.
— Não sou idólatra – retorquiu Dondindaque.
— Claro que o és, pois és cita e não grego. Que cantavas em tua bárbara geringonça da Cítia I
— Todas as línguas soam da mesma forma aos ouvidos de Deus. Cantávamo-lhe os louvores.
— Eis uma coisa extraordinária! Uma família cita que ora a Deus sem ter sido instruída por nós!
Seguiu-se um diálogo entre o grego Logômacos e o cita Dondindaque, pois o teologal sabia um pouco de cita e o outro um pouco de grego. Encontrou-se esse diálogo num manuscrito conservado na biblioteca de Constantinopla
Logômacos
Vejamos se sabes teu catecismo. Por que oras a Deus?
Dondindaque
Justo é que adoremos o Ser Supremo que tudo nos deu.
Logômacos
Oh! Para um bárbaro não está mal. E que lhe pedes? Dondindaque
Agradeço-lhe os bens de que gozo e os males com que lhe apraz provar-me. Abstenho-me porém de pedir-lhe seja o que for. Melhor que nós sabe ele o que nos falta. Demais poderia dar-se que quando eu pedisse bom tempo meu vizinho pedisse chuva.
Logômacos
Ah! Logo vi que ia dizer alguma asneira. Passemos a plano mais elevado. Bárbaro, quem te disse que Deus existe?
Dondindaque
Toda a natureza.
Logômacos
Não basta. Que idéia tens do Ser Supremo?
Dondindaque
Que é o meu criador, meu soberano, que me recompensará quando praticar o bem e me castigará quando cometer o mal.
Logômacos
Que frioleiras! Vamos ao essencial – Deus é infinito secundum quid ou segundo a essência?
Dondindaque
Não vos entendo.
Logômacos
Sujeito tapado! Deus está algures ou ao mesmo tempo em tudo e fora de tudo?
Dondindaque
Não sei... Como quiserdes.
Logômacos
Ignorante! Pode Deus demover o acontecido? Pode fazer que um bastão não tenha duas pontes? Como verá o futuro: como futuro ou como presente? Como faz para tirar o ser do nada e para aniquilar o ser?
Dondindaque
Tais coisas nunca me passaram pela cabeça.
Logômacos
Que sujeito bronco! Bem, vejo que preciso baixar a trave. Dize-me, meu amigo, achas que a matéria possa ser eterna?
Dondindaque
Que me importa que seja eterna ou não? Eu, posso afirmar que não o sou. De qualquer forma, Deus é o meu senhor. Deu-me a noção de justiça, devo segui-la. Não quero ser filósofo, quero ser homem.
Logômacos
São o diabo, essas cabeças duras! Vamos aos poucos: Que é Deus?
Dondindaque
Meu soberano, meu juiz, meu pai.
Logômacos
Não é isso o que pergunto. Qual é sua natureza?
Dondindaque
Ser poderoso e bom.
Logômacos
Mas é corporal ou espiritual?
Dondindaque
Como quereis que o saiba?
Logômacos
Arre! Não sabes o que é um espírito?
Dondindaque
Nem imagino: de que me serviria isso? Tornar-me-ia acaso mais justo? Seria melhor marido, melhor pai, melhor amo, melhor cidadão?
Logômacos
É absolutamente necessário ensinar-te o que seja espírito. Escuta: é, é, é... Bem, fica para outra ocasião.
Dondindaque
Muito receio que me fôsseis dizer o que ele não é. Permiti-me fazer-vos a meu turno uma pergunta. Vi há muito um de vossos templos: por que motivo pintais Deus com uma longa barba?
Logômacos
É questão muito complexa, que requer instruções preliminares.
Dondindaque
Antes de receber vossas instruções, vou contar-vos o que me aconteceu certo dia. Eu acabava de fazer construir uma privada no fim de meu jardim, quando ouvi uma toupeira conversando com um besouro:
— Eis uma bela fábrica! – dizia a toupeira. – Deve ser uma toupeira bem poderosa o autor dessa obra.
— Gracejais – respondeu o besouro. – Bem sabeis que foi um besouro, um besouro genial o arquiteto desse edifício.
Desde então resolvi nunca discutir.
Sabe o que acontece?
É a mania de querer explicar tudo, quando na verdade não se pode explicar nada!
A condição humana é muito limitada, para que os homens dêem-se ao luxo de num arroubo de inspiração transcenderem a razão, testemunharem a imensidão e voltarem proclamando que sabem tudo. Não sabem nada...
Não aprenderam com Sócrates, que para causar alvoroço entre os pretensos filósofos gregos, mandou lhes dizer que tudo sabia, para depois satirizar dizendo que a verdade era que não sabia nada!
Impossível também não falar de LAO TSÉ, antigo , mas muito antigo sábio chinês, que expôs textualmente: “àqueles que estão acostumados a darem nomes as coisas, devem saber e compreender que existe o INOMINÁVEL!”
Em suma: as mínimas coisas, esses cientistas não conseguem explicar como por exemplo: alguns fenômenos (não todos) ocorridos no Triângulo das Bermudas, Os Arquivos X (DO FBI americano que existe), o aparecimento de OVNIS e sua “tranqüila” saída da atmosfera terrestre, etc.
Isso sem falar, não ter a mínima idéia: “de onde vem, para onde vai e por que está na Terra!”, no entanto, esses mesmos homens confusos disseram ter encontrado a “partícula de Deus!”
Valho-me (ainda bem) novamente do Lao Tsé: “Deus está em tudo, tudo está em Deus, mas, Deus não é tudo e nem tudo é Deus!”