Sobre umas irracionalidades ensinadas em cursos universitários: uma advertência
Existe um brinquedo infantil, muito conhecido, que consiste em uma plataforma na qual podem ser encaixadas peças de formatos diversificados; nessa plataforma, há um buraco com formato de estrela e capaz de receber uma peça com a mesma forma. Um buraco redondo deve receber uma peça redonda. A peça quadrada se encaixa no buraco quadrado. Tudo muito óbvio e adequado para crianças muito novinhas que estão aprendendo os rudimentos da racionalidade. Mesmo os bebês são capazes de perceber a impossibilidade de encaixar adequadamente uma estrela em um buraco quadrado. A percepção decorre de um raciocínio bem simples.
Quando ligamos um interruptor e uma lâmpada se acende, podemos ter certeza que, de algum modo, aquela lâmpada está conectada a uma fonte de alimentação A fonte pode estar bem próxima, ou distar milhares de quilômetros do local, contudo, alguma fonte de energia tem que estar sendo conectada à lâmpada com o toque no interruptor, ou ela não se acenderia.
Em termos muito simplificados, podemos dizer que a lâmpada que se acende está conectada à fonte (uma represa hidroelétrica no sul, por exemplo) por um fio. De fato, trata-se de um conjunto de fios, transformadores, e sei lá mais o que, conectados entre si.
Para que a lâmpada se acenda, a rede elétrica pode assumir feições distintas, uma coisa, no entanto tem que estar garantida garantida: a conexão entre a lâmpada e a fonte! Qualquer ruptura na fiação impedirá o fluxo de energia até a lâmpada acarretando o seu apagamento.
Alguns professores de sociologia, entre outros, no entanto, ensinam seus pobres alunos a duvidar de tudo isso. Vivendo em um mundo do qual não têm a menor noção, afirmam levianamente que tudo é simbólico, que tudo decorre de crenças; tentam convencer seus alunos, obtusamente, que tudo o que vemos ao redor não passa de crença; que não precisamos, de fato, conectar a lâmpada até a fonte de energia para que ela se acenda, bastando acreditar que ela se acenderá para que ela de fato se acenda.
Em tempos passados, uma crença idiota como essa acarretou apagões em todo o país; parecia pensar o presidente que os apagões aconteciam devido à expectativa de que acontecessem, não conseguia perceber que , ao contrário, a expectativa de apagões é que decorriam da falta de energia; um espanto!
Um índio que visse um avião pousado, talvez resolvesse construir um igual. Devido à ignorância, talvez conectasse dois troncos de árvore obtendo assim o formato de avião, e, com a boca tentasse imitar o som do motor, acreditando que tais ações fossem suficientes para fazer o avião levantar voo.
Aos olhos de qualquer pessoa comum tais ações pareceriam idiotas (de fato não o são, e todos os cientistas agem desse mesmo modo, experimentando hipóteses). No entanto, como todos sabemos que, para voar, o avião precisa muito mais que de forma e som, podemos achar que o índio aventado se comporta como uma criança tola. Note que, no Brasil, não exigimos comportamento mais razoável nem para um presidente da república.
Os que compreendem o acionamento de uma lâmpada sabem que ela não se acende por magia; sabem que não se acende devido a nenhuma crença, mas que se acende devido a algum tipo de conexão com uma fonte de energia. Sabem também que a conexão tem que ser perfeita, sem nenhuma falha desde a fonte de energia até a lâmpada.
Sabem também que cada conexão funciona exatamente como o joguinho de encaixar do bebê. Sabem que os quadrados se encaixam em buracos quadrados, as formas redondas em buracos redondos, e não importa que algum idiota acredite poder encaixar adequadamente uma esfera em um buraco quadrado.
Aqueles que conhecem qualquer sistema construído racionalmente, como uma rede elétrica, ou o computador em suas mãos, sabe que tudo aquilo se resume a um conjunto de conexões tão ou mais simples que as do brinquedo de encaixar. Percebem, com perfeita clareza, que seria idiota tentar encaixar retângulos em círculos.
Muitos jovens têm se esforçado para entrar em cursos universitários nos quais os professores ensinarão o contrário. Afirmarão, despudoradamente, que tudo não passa de crença, que bastaria acreditar em alguma coisa para que ela acontecesse. Quando observadas com clareza, tais ações se revelam tão obtusas quanto a tentativa do índio de levantar voo em um pedaço de pau, ou na de uma criancinha que tentasse encaixar a peça errada no buraco do brinquedo.
Os que advogam tais sandices devem atentar para o fato de que existem pessoas que percebem que eles estão tentando encaixar figuras circulares em buracos quadrados. A comparação é bem adequada e qualquer criança pode ver quando o rei fica nu.