Mais sobre um mundo aberto
Difícil definir o que seja arte. Quando nos deparamos com uma obra artística, no entanto, costumamos ser tomados por um sentimento de estranheza: a arte costuma quebrar certas normalidades, revelar a imensidão do mundo mostrando possibilidades impensadas.
O homem comum age em acordo com o costume, com o hábito e nunca quebra a normalidade. O artista está sempre buscando a inovação, novos pontos de vista, novas visões de mundo. Constrói artefatos reveladores de uma realidade mais ampla que a vislumbrada pelo homem comum.
O homem comum se considera normal, mas vive encarcerado em uma prisão de normalidade criada por ele mesmo. Em meio a uma infinidade de possibilidades, o homem comum cria uma espécie de cerca ao redor de si mesmo, resultando em seu próprio encarceramento. Por essa razão se veste de forma comum, vive em uma casa comum, e faz coisas comuns, o que talvez pareça bastante estúpido.
Mas, talvez, eu esteja sendo cruel, e o que pareça uma vida estúpida seja uma boa vida. O teste é bem simples, basta perguntar ao cidadão se está satisfeito com sua vida comum. Se estiver satisfeito, aquela deve ser mesmo uma boa vida.
A insatisfação, a depressão, o tédio, no entanto, revelarão um descontentamento com a vida comum, uma percepção de que as coisas não deveriam ser como são.
Recomendo aos que se sentem infelizes, encarcerados na normalidade, especialmente aos jovens que ainda estão construindo seus próprios cárceres, que desliguem a televisão e utilizem seu tempo livre para perscrutar o mundo além da normalidade. Recomendo que o façam através de qualquer visão artística, daquela que mais o encantar. Busque o encantamento, comece por aí. Talvez ainda consigam uma brecha para se libertar da normalidade, dessa vidinha tola e aborrecida.
É possível descortinar um mundo novo além das prisões autoimpostas que nos cegam a qualquer ideia alem daquelas que vemos em nosso cotidiano. O mundo é aberto e muito amplo.