Realidade, dura realidade
A dor é intransferível, adstrita e estreita ao peito - tua, só tua. Podes até ludibriar e embair com imposturas adestradas por ensaios a quem quer que seja, exceto à ti mesmo. Perante ao espelho da alma, não há espaço para ludíbrio e espetáculos dramatizados, ali compatível enquadra a nitidez de cada sensação.
Ao mundo, sorrir é fácil, basta dentes. Custoso é guarnecer de alegria a alma. Olhar para dentro quando tudo já foi extraviado e encontrar uma expressão de amabilidade... virtude dos vigorosos, não minha - confesso.
Tenho distribuído energia em maior escala do que o coração preceitua, disseminado alguns sorrisos com gosto amargo de lágrimas engolidas a seco. Uma abnegação, um certo altruísmo... Caritativo
ver o júbilo generoso das pessoas ao comentarem que enxergam esperanças em mim. Ainda bem, elas não podem elucidar a minha alma. São míopes, ilustram apenas o querem contemplar, a visão é subalterna do alívio e bem-estar. Um meio de fuga da realidade, árdua realidade. Talvez, fosse mais brando viver no engano dos sentidos que virou o mundo, mas enquanto existir e resistir grafias, termos e eloquência tomarei doses fartas, não intenta a propagar revolta e querer ministrar convicção alguma, nem atentar a fato nenhum, cada colírio com sua forma de imagem, são apenas clamores meus, disposições e talhos pertencentes à mim predispostos para interpretações inúmeras.