alma.
Há existências que somente são compreendidas quando lidas pela alma.
Brotam no âmago da dor de quem as possui, e dali, alçam voo numa tentativa baldada e infrutuosa de libertar aquela angústia que ali reside em meras palavras. É a forma de compartilhar, de doar, de ofertar torturas e tormentos, mas jamais de desatar-se... São suas, és tu. Ali estão atirados, ousados, atrevidos e petulantes vocábulos para olhos compassivos traduzidos por almas condolentes, para quem quiser ler, apreciar, julgar e até fazer pouco caso do que muitas vezes, é o que há de mais casto dentro de ti.
É assim que grafo. Traduzo, exprimo por sinais gráficos os reclamos da alma, redijo e componho seus devaneios no vernáculo que grita. Dou forma, talho com a arquitetura da contextura do que vem de dentro. Por isso, ao tocar outras almas, acutilo, fendo, rasgo, cicatrizo. Não são sentenças de uma história qualquer, invenções ou criações airosas, são sensações oriundas da alma, sentimentos dilacerados exprimidos em palavras, coroados em espinhos ou flores.
Que esses e outros, jamais sejam setenciados pelo que sentem. O coração alheio, forasteiro é território que não devemos habitar senão para despertar o amor que ali descansa.