Buscando minha própria alma.

Fui atrás da minha alma,

nos boeiros, nas bordas de prato, nos encardidos das blusas,

fui atrás dela feito cão raivoso,

e nada encontrei, nada mesmo.

Fui atrás da minha alma,

nos corações outros, nas lágrimas outras,

até nas lágrimas minhas,

e nada encontrei, nada mesmo.

Fui atrás da minha alma,

nas vozes ternas, nas vozes algozes,

nas sombras que fazia de mim

nas sombras que fazia em mim,

e nada encontrei, nada mesmo.

Fui atrás da minha alma,

nos olhos que me viam,

e no que viam meus olhos,

e nada encontrei.

Fui atrás da minha alma,

nos sonhos que tive, e nos que terei,

nas ferroadas que dei nos ventos

e naquelas que os ventos deram em mi,

e nada encontrei.

Até que dia, desses dias que nunca virarão noite,

percebi que nunca acharia minha alma,

por mais vasculhasse meus mundos atrás dela,

por mais que sacudisse meu chão,

espremesse meu peito,

por mais que tudo isso fizesse,

tudo seria em vão.

Porque minha alma sempre esteve no seu lugar,

calada, solitária, perdida até, perdida dentro dela mesma.

E assim, e só assim, ela poderia ser plenamente plena,

unicamente única, vivamente viva.

Perdida pra sempre dentro dela mesma.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/09/2012
Reeditado em 11/09/2012
Código do texto: T3876757
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