Um motivo.
Por que as circunstâncias calham em ventania e não vem em brisa suave?
Será que o conceber do reconhecimento legítimo das pessoas é o mesmo que contar com a chuva no deserto? Ou será que a minha primazia / excelência não é exímio e excelso assim? Me pergunto para que fazer TANTO? Tanta dedicação, tanta reverência e apreço...? Para que tanta honestidade e pudicícia? PARA QUE? Se a afeição das pessoas baliza / fronteira com o marco de seus INTERESSES. O amor delas tem a composição dos interesses próprios e das vantagens.
Quer saber? É mais um dia que eu acordo para simplesmente ESTAR E PERMANECER. O estômago alimento de náuseas, a cabeça de denotações, os olhos de lágrimas, o peito de aperto. Então, que sentido? Só mais uma interrogação.
O triste é a contestação da alma. Ela que com tanto esmero e zelo, rega a plantação dia a dia. Por que a chuva não vem para revigorar? Por que ela, sem piedade, devasta o que cultivamos a vida inteira? Um dia de estiagem, outro de dilúvio, inundação causada pelas lágrimas sentidas. Justiça?
A chuva em minha horta entorna de balde a falsidade das pessoas, queima as flores, espalha pragas. Verte dor, dor na alma. Aquela que te aniquila do mais profundo para fora e quando por conta damos, tardiamente, tentamos reintegrar-se, restabelecer-se. Tardiamente...
Mais um dia que o mundo devora e digere as minhas esperanças e leva um pouquinho mais da minha saúde. "Compro" meus dias em substâncias, medicamentos. Eles ainda me mantém, não digo viva, mas respirando e aqui.
Tomara que o mundo não seja tomado, nem ingira essa minha lucidez e sanidade, pois mesmo salubre (será?), sadia (ou não, não sei...) é dolorosa.
Tenho vontade de fugir, mas há fuga de nós mesmos? Há algum lugar para onde possamos ir que não nos encontremos?
Hoje meus dias demarcam meu cansaço, isso dá a medida do amor que guardo - por ti. Tenho MIL motivos para desistir, e "apenas" um para estar, e esse um me faz permanecer. Permaneço.