Ensaio 1
Verto lágrimas silenciosas e deixo escoar pela alma. Sinto-me detida num calabouço frio e sombrio, serva das próprias fraquezas e fragilidades. Queria no paladar, o gosto da liberdade, sentir a leveza de um espírito devoluto, livre de toda coação doutrora. Quando a alma dita a reclusão e encarceramento dos sentimentos, não há fuga.
Vivo lacônicos e breves dias. Por fora, só carcaça, uma armação de uma obra qualquer destinada a sustentar o conjunto. O sopro e o fôlego, já não conservo com minhas forças. Minhas muralhas foram desmanteladas e hoje sou o amor que depositam em mim. O sorriso conforta os mais próximos, mas basta observar para ver que ele despoja desespero. Se desnuda fico é frente às palavras, onde no conflito, deságuo em mim mesma. Arraigada ao sofrimento, luto para extirpar a dor, já não há lágrimas expressivas, nem insanidades que exprimam. Permaneço.
E se coração ainda tenho pulsando, é para amar a quem tanto me faz bem. Aquela que carrega na pureza do olhar o porto seguro, aquela que pega minha mão e toca minha alma, aquela que faz de mim uma pessoa crédula pelo mero fato de estar e permanecer comigo. Aquela que é única para mim - e única no mundo, sem dúvidas.