Violências, espanto, esquecimento, assim vivemos nós
O nosso espanto se faz no presente momento da violência, depois a esquecemos. Quando a violência bate a nossa porta nos espantamos, passado o susto, a esquecemos, mas rápido ainda, vem o esquecimento, se for o vizinho, ou alguém bem longe de nós, a vítima! Estou sendo sarcástica? Não, não estou. Vejamos:
Você lembra-se da professora que morreu no Rio, do ônibus 174? Você lembra do garoto que morreu sendo arrastado pelas rua até a morte, ou o nome dos pais? Você lembra-se da moça que foi atingida por uma bala perdida e ficou paraplégica? Você lembra.... Você lembra, sim o caso da moça Eloá, você não lembrava, não é? Mas como está na mídia... Você lembra-se do caso da menina que foi “jogada” pela janela? Você lembra-se do lavrador que foi preso porque raspou casca de uma árvore para fazer chá medicinal para a esposa? Você lembra-se do massacre em Carajás? Esse é que você não lembra mesmo, não é? Você lembra-se do caso da irmã Dorety? Você lembra-se da empregada espacanda pelos... Não tenho pronomes para identificá-los, lembra? Não, não é? Você lembra-se do índio queimado em Brasília pelos quatro jovens? Esse danou-se! É que ninguém lembra; todos esses casos são casos de violência que aconteceu com alguém e todos já esquecidos, por nós e pela mídia, isso sem falar naqueles que não entram nas estatísticas e nem vem a público através da mídia, como os casos de homofobia; não deixemos de lembrarmos-nos dos casos de violência dos excelentíssimos senhores aos cofres públicos, esse sim, é que ninguém lembra, nem eles mesmos, com certeza já estão planejando outros para esse ano de eleições... Você lembra...? Você lembra...? Então, se não lembramos, isso é? Esquecimento!
É tão verdade isso, que, em nosso dia a dia a violência é constante e ficamos a olhar; pior, a nos adequar a ela; desde muito tempo é assim, primeiros os cães (nos quintais), cães de guarda; depois grades nas janelas, depois nas portas; vieram os muros, não suficiente, colocaram-se cerca elétrica nos muros, instalação de câmeras pela casa, mesmo assim, a violência não pára, passa por essas barreiras de defesas como o vento pelas frestas, fazendo vitimas em suas próprias casas; eu diria: Em suas prisões domiciliares.
Eis a questão: O que fazer? Fizemos: A policia (civil e militar), e mais, as viaturas (para buscar o agressor), as delegacias (para estadia temporária do agressor), os presídios (para uma estadia mais longa para o agressor, (dependendo da sentença)), maravilha!! Nãooo! Dor de cabeça, pois hoje as delegacias são presídios, (porque a violência cresceu e a nossa justiça e o nosso Sistema Penitenciário continuam os mesmos! Obsoletos, capengas, mancos, lentos, cegos, ampulheta é mais rápida!) deixando assim, as delegacias abarrotadas de presos que deveriam está em algum presídio desse nosso país... Cumprindo suas penas. Riamos: superlotação!!!Pensou que só transporte no Brasil tem superlotação é? Não, não é não!!!!! Têm mais, os presídios são pocilgas superlotadas, onde vivem pessoas como se fossem porcos! Quem paga a conta dessa vergonha? Quem? Quem? Eu, tu, nós, vós... Você não lembrava não é? Pois é, somos nós que financiamos essa vergonha de segurança, somos nós que somos coniventes com esses hipócritas que estão à frente da nossa segurança! Estou falando bobagem?! Estou? Será? Então vamos lá: Quantos ex-detentos regenerado pelo nosso “belo” Sistema Penitenciário você conhece? Quantos ao ano, nosso “maravilhoso” Sistema, devolve ao povo em plenas condições psíquicas e físicas para contribuir no crescimento do espaço onde morará? Quantos?! Apesar de tudo isso, continuamos satisfeitos, com essa FALSA IDEIA de SEGURANÇA que criamos, e felizes em financiarmos essa “segurança de ninguém!”, transformando os presos em doutores (PhD em criminalidade) e nós em carneiros presos em currais térreos, sobrados, ou em caixotes de concretos; mais perto de Deus, corre-se menos risco, ledo engano! Ninguém está em segurança; mais ainda, com essa segurança que temos: “SEGURANÇA DE NINGUÉM”
Vamos sobrevivendo à violência, espantando-nos, esquecendo-a, assim vivemos nós!
* Nunca é de mais lembrar-nos, que cabe a cada um de nós, também o ato de rebelar-se, e não só àqueles que estão na base da PIRÂMIDE...
Li em algum lugar, não lembro com exatidão, mas é mais ou menos assim:" O homem forte se protege, o homem mais forte, protege a si e aos menos fortes..." Não sejamos escritores sem SONS... Nosso país é um paraíso, e nós, sujeitamos a maioria dos nossos compatriotas a viver num inferno!
Edna Maria Pessoa.
Natal-RN, 04 de julho de 2012