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Chegamos a este mundo totalmente despidos. Se houve uma outra vida (ou outras vidas) antes desta que presentemente vivemos, nós não trazemos dela sequer uma lembrança como testemunha. Nascemos nús, de roupas, sentimentos e memórias.

De repente, vestimos nossa primeira camisa de pagão. Pouco a pouco, vestimo-nos de crenças - a maioria delas, impostas por outras pessoas - as quais aprendemos a não questionar, mas a aceitar, apenas. E vamos nos vestindo de nossas opiniões , mas também das opiniões alheias. Pouco a pouco, sem perceber, tornamo-nos pesados, cada vez mais pesados...

Vamos crescendo, e nos vestimos de preconceitos, necessidades desnecessárias, tendências da moda, objetos dos mais variados dos quais aprendemos a acreditar que dependemos. Construímos uma vida material sólida, ou pelo menos, temos este objetivo. Adquirimos empregos, casas, carros. Assim, chegamos ao nosso auge.

E então, começa o caminho de volta. 

Pouco a pouco, vamos nos desfazendo de todos estes pesos. Isso, se formos inteligentes. O desapego é uma necessidade. A própria vida nos mostra isso. Perdemos nossos entes queridos, cabelos, juventude, às vezes, os dentes, a saúde, mudamos para um lugar menor, e portanto, livramo-nos da maioria de nossas coisas. Estamos nos preparando para o inevitável: a nudez final.

Nus, nós deixaremos este mundo. Se estivermos em uma cama de hospital, estaremos vestindo apenas uma feia camisola aberta na parte de trás; ela nos ajudará a despirmo-nos de nosso orgulho. Finalmente, nos despiremos de nossos corpos. É então que começa o Grande Mistério... o que levaremos conosco? O que sobrará de tudo aquilo que fomos vestindo e despindo ao longo de uma vida?
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 05/08/2012
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