Interpretação de texto para os alunos

QUANTO TEMPO DEMORA UM PROCESSO? (fragmento)

É lugar comum a afirmação de que a Justiça é lenta, de que os processos judiciais demoram excessivamente. Afirma-se isso a todo instante. Os meios de comunicação de massa (imprensa escrita, rádio e televisão) repetem a observação, sem qualquer ressalva, e contribuem para tornar a lentidão judicial uma “verdade”. Os que assim procedem, certamente justificados por grande número de casos morosos, não sabem que muitos processos têm andamento célere, terminam rapidamente, que, com frequência, os procedimentos judiciais são, na prática, mais rápidos do que os da esfera administrativa, apesar das garantias de igualdade entre as partes, oportunidades para intervir, e tudo o mais. Por outro lado, há quem sustente que a grande maioria dos processos acaba razoavelmente depressa, e que somente pequena parte deles é morosa. Alega-se então que, precisamente porque minoria, os processos muito demorados constituem afastamento da regra geral e são curiosidades e, portanto, notícia. O debate desenvolve-se nesses termos, prevalecendo as vozes que apontam a morosidade judicial como um mal predominante nas coisas da Justiça. Não existem, porém, estudos sérios a respeito. Ninguém procura pesquisar a verdade, a realidade do que efetivamente se passa na tramitação dos processos judiciais, e que constitui, afinal de contas, a maneira pela qual o Direito vive, deduzido pelas partes e proclamado pelos Tribunais. Desse modo, continuam as acusações ao Judiciário, cujo desprestígio é uma conseqüência natural e lógica de tais conceitos correntes. O que ocorre realmente? Quais as verdadeiras dimensões do problema da afirmada lentidão judicial? É esse um fenômeno geral, dominante, ou setorial, ocorrente apenas em parte, em alguns setores do aparelho judicial, ou em certos tipos de procedimento? Essas e muitas outras questões podem ser suscitadas a propósito. O que está faltando, entretanto, é a formulação de perguntas certas a aspectos dos fatos relevantes, com a realização de um estudo da realidade, e não apenas do discurso (otimista em parte da doutrina, pessimista nos veículos de comunicação de massa e na voz corrente da população). Ainda não se procurou verificar a realidade, com a utilização dos meios apropriados, com vistas ao efetivo conhecimento a respeito, e com a resultante possibilidade de se planejar, com dados concretos, as medidas destinadas a superar as deficiências existentes. (Felippe Augusto de Miranda Rosa, desembargador TJ/RJ. Revista da Emerj, vol.4, n. 14, p. 163/164)

627) A pergunta que serve de título ao texto:

a) é respondida, alegando-se que a demora é um problema setorial, ocorrente apenas em parte.

b) é respondida, indicando-se que a demora é “uma verdade” criada pela comunicação de massa.

c) é respondida, retrucando-se que a demora, de fato, não existe.

d) é respondida, reconhecendo-se a demora como um problema da Justiça.

e) não é respondida no texto.

628) Dizer que a Justiça é lenta, segundo o texto, é “um lugar comum”; isto

significa que:

a) a Justiça é, de fato, lenta.

b) a Justiça é considerada lenta pelos meios de comunicação de massa.

c) a afirmativa sobre a lentidão da Justiça é feita de forma irresponsável.

d) a lentidão da Justiça é tema repetitivo.

e) a Justiça é lenta nos casos em que estão envolvidas pessoas comuns.

629) “É lugar comum a afirmação de que a Justiça é lenta, de que os processos judiciais demoram excessivamente.”; a terceira oração desse período funciona, em relação à segunda, como uma:

a) retificação

b) explicitação

c) complementação

d) adição

e) alternativa

630) Segundo o texto, os meios de comunicação de massa:

a) apontam a morosidade judicial como um mal predominante nas coisas da Justiça.

b) já fizeram estudos a respeito da morosidade judicial.

c) colaboram para que a imagem de lentidão na Justiça se acabe.

d) fazem com que uma probabilidade se torne “verdade”.

e) desconhecem que a maioria dos casos judiciais é rapidamente resolvida.

631) A imprensa escrita, rádio e televisão são apontados como meios de comunicação “de massa”, e são assim denominados porque:

a) envolvem grande quantidade de pessoas.

b) trabalham para receptores desconhecidos.

c) mostram a realidade das classes mais populares.

d) não revelam preocupações sociais.

e) não defendem qualquer preconceito social.

632) “...os meios de comunicação de massa (imprensa escrita, rádio e televisão)...”; os termos entre parênteses, neste texto da revista da Escola de Magistratura:

a) mostram a preocupação do autor com a clareza argumentativa.

b) trazem uma explicação necessária, já que se trata de conhecimento novo.

c) classificam os meios de comunicação de massa segundo os sentidos predominantes.

d) esclarecem que o autor se limita a alguns dos meios de comunicação de massa.

e) esclarecem, talvez desnecessariamente, o conteúdo semântico do termo anterior.

633) “...repetem a observação, sem qualquer ressalva, e contribuem para tornar a lentidão judicial uma verdade.”; considerando-se a mensagem do texto, o segmento “sem qualquer ressalva” nos diz, implicitamente, que a “ressalva” deveria conter:

a) informações sobre a causa da lentidão judicial

b) dados que atenuassem a idéia de que a Justiça é lenta

c) indicações das péssimas condições de trabalho da Justiça

d) protestos sobre os baixos salários do Judiciário

e) a confissão de desconhecimento do assunto por parte da imprensa

634) O vocábulo “ressalva” aparece no Michaelis - Moderno dicionário da língua portuguesa (Melhoramentos, SP, 1998, p. 1829) com 6 significados, dos quais relacionamos cinco nos itens abaixo; o significado mais adequado à situação desse vocábulo no texto é:

a) nota em que se corrige um erro que passou no texto

b) nota escrita que põe alguém a salvo; documento de garantia

c) exceção, reserva

d) cláusula

e) reparação de erro; errata

635) O fato de usarem-se aspas na palavra verdade, ao final do primeiro parágrafo, indica que:

a) a palavra está empregada com valor humorístico.

b) o autor pretende dar ao termo um novo significado.

c) o autor não concorda totalmente que a lentidão judicial seja uma realidade.

d) o texto quer destacar o termo, valorizando o seu sentido original.

e) o vocábulo é empregado com valor pejorativo.

636)”Os que assim procedem, certamente justificados por grande número de casos morosos, não sabem...”; o segmento sublinhado quer dizer, no contexto em que se insere, que:

a) ocorrem muitos casos comprovadores de lentidão judicial, em que se apóiam os que acusam a Justiça por esse defeito.

b) há um grande número de casos complicados na Justiça, o que certamente justifica a demora em sua apreciação.

c) os que defendem a Justiça justificam a demora pelo grande número de casos a apreciar.

d) o grande número de casos leva a que se justifique a demora da Justiça, alegando-se a preocupação com a certeza do julgamento.

e) muitos casos demoram na Justiça muito mais do que o esperado.

637) Segmento do texto que NÃO apresenta um argumento de defesa diante das acusações de lentidão judicial:

a) “os que assim procedem, certamente justificados por grande número de casos morosos,...”

b) “...não sabem que muitos processos têm andamento célere,...”

c) “...terminam rapidamente;”

d) “...que, com freqüência, os procedimentos judiciais são, na prática, mais rápidos do que os da esfera administrativa,...”

e) “...há quem sustente que a grande maioria dos processos acaba razoavelmente depressa;”

638) “...apesar das garantias de igualdade entre as partes, oportunidades para intervir, e tudo o mais.”; dentro da situação do texto, os elementos sublinhados atuam como:

a) causas de maior rapidez para os processos da área administrativa

b) argumentos que justificam a maior rapidez na apreciação dos processos

c) desvantagens no julgamento dos processos da área administrativa

d) elementos que colaboram para a lentidão dos processos judiciais

e) razões que confirmam a rapidez no julgamento dos processos administrativos

639) “Por outro lado, há quem sustente que a grande maioria dos processos acaba razoavelmente depressa;”; a expressão por outro lado tem, neste caso,

valor de:

a) adição

b) oposição

c) comparação

d) concessão

e) explicação

640) “...precisamente porque minoria, os processos muito demorados constituem afastamento da regra geral, são curiosidades e, portanto, notícia.”; infere-se desse segmento do texto que:

a) quanto mais raro o fato, maior o interesse público por ele.

b) os jornais só se interessam pelos aspectos negativos dos fatos.

c) a lentidão é a regra geral na apreciação dos processos judiciais.

d) os processos julgados de forma rápida são exceção da regra.

e) os processos com curiosidades raras provocam maior interesse dos jornais.

641) As perguntas do quinto parágrafo do texto:

a) representam dúvidas da população em geral sobre o tema abordado no texto.

b) indicam questões que só os advogados experientes podem responder.

c) introduzem novos pensamentos para a reflexão do autor.

d) são questionamentos possíveis e ainda não respondidos.

e) propõem uma nova maneira de encarar o problema discutido no texto.

642) A principal mensagem do autor do texto é:

a) a lentidão judicial é um mal real, mas que pode ser combatido e solucionado, se os meios de comunicação de massa prestarem a sua colaboração.

b) antes de qualquer outra medida, é preciso que se verifique a realidade do problema da lentidão judicial para que só então se tomem as medidas adequadas.

c) a lentidão judicial é vista de dois modos, daí que se torne confusa a situação entre otimistas e pessimistas.

d) as deficiências existentes nos processos judiciais podem ser superadas se os interessados se apoiarem na experiência bem sucedida dos processos administrativos.

e) cabe aos profissionais do Direito defender o seu prestígio, bastante abalado pela visão pessimista, divulgada pela imprensa, sobre a lentidão judicial.

TEXTO LXXXIX

DO PÚBLICO E DO PRIVADO

A discussão sobre os limites do domínio público e do domínio privado

ocupou um lugar quase inusitado nos debates da atualidade.

Podemos, é claro, atribuir esse interesse à perspectiva, agora frustrada,

da revisão da Carta Constitucional, que implicaria a possibilidade de

5 redefinição do papel do Estado e, consequentemente, do que se

convencionou chamar de sociedade civil. Mas a simples possibilidade de

rever a Carta Magna não parece ser um fator decisivo para tornar esse

debate tão atual. Talvez seja mais sensato admitir que, nos últimos anos, e

isso não somente no Brasil, mas em boa parte das sociedades

10 industrializadas, as fronteiras entre o público e o privado se modificaram

de forma radical, transformando os velhos parâmetros, que estabeleciam as

obrigações e limites do Estado, em peças arcaicas de uma época que não

conhecia as novas relações econômicas, nem as novas formas de

organização nas sociedades pós-industriais. Seja como for, podemos

15 situar nosso tema num terreno muito mais vasto do que nossa

permanente crise conjuntural, e, por isso mesmo, atribuir-lhe um significado

muito maior do que devemos dispensar às eternas confusões de nossas

despreparadas classes dirigentes.

(Newton Bignotto, Cadernos da Escola do Legislativo, n° 2, julho. dez. 1994, B. Horizonte, MG, 1994)

643) No título, os vocábulos público e privado se opõem:

a) sintática e semanticamente

b) morfológica e sintaticamente

c) fonética e morfologicamente

d) semanticamente

e) sintaticamente

644) Os vocábulos público e privado tiveram sua classe morfossintática

original modificada em função da:

a) presença do artigo definido

b) ausência dos substantivos determinados

c) necessidade de dar-lhes outro valor semântico

d) utilização da presença da preposição de

e) ausência de advérbios determinantes

645) O primeiro período do texto acrescenta em relação ao título uma:

a) retificação do significado dos termos empregados

b) especificação do termo de discussão

c) ampliação do termo de discussão

d) oposição ao textualmente esperado

e) justificativa da escolha temática do texto

646) Podemos, é claro, atribuir esse interesse à perspectiva,... A utilização

textual do termo sublinhado indica:

a) a necessidade de explicar algo

b) o reconhecimento de uma evidência

c) a obrigação de referir-se a tema bastante conhecido

d) uma condição de tratamento do tema

e) o objetivo de dar ênfase a determinado termo

647) Em que item a seguir não ocorre uma localização temporal do texto em relação ao momento de sua produção e leitura?

a) ...ocupou um lugar quase inusitado nos debates da atualidade.

b) ...atribuir essa perspectiva, agora frustrada, de revisão da Carta

c) ...não parece ser um fator decisivo para tornar esse debate tão atual.

d) Talvez seja mais sensato admitir que, nos últimos anos,...;

e) Seja como for, podemos situar nosso tema num terreno muito mais vasto...

648) Podemos, é claro, atribuir esse interesse à perspectiva, agora frustrada, de revisão da Carta Constitucional... Esse argumento textual:

a) aparece como elemento central da argumentação textual.

b) é simplesmente um argumento que vai ser descartado.

c) mostra a idéia do autor contrária à opinião pública.

d) indica um terreno vasto de nossa crise conjuntural.

e) denuncia os políticos como responsáveis por nossa crise permanente.