TROVADORISMO E MUNDO MEDIEVAL Síntese de J B Pereira

As cantigas pertencem ao mundo paradoxal da cultura monástica e poesia cortesã, da Idade Média, incluindo o humanismo, antes da Renascença. A língua de transição era o galego-português. Havia um público iletrado, inclusive os reis e a corte. A igreja com o latim detinha a escrita nos Mosteiros de Alcobaça e de São Cruz de Coimbra.

Ao lado da poesia medieval, mística, os jograis (líricos, épicos, satíricos), apoiados por Afonso Henriques e pelos menestréis, muitas cantigas fazem parte da tradição medieval de Portugal. Um deles atribuídos a Gil Vicente. O clima era a cavalaria e seus romances das lendárias festas do Rei Artur e outros do Amadis de Gaula, que faz também alusão à Espanha.

A difusão da cultura das cantigas e jograis está na pena de vários historiadores como Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara, desde as crônicas à D. João até D. Duarte. A prosa é clara, síntese forte, apego a fé e à vassalagem feudal, ao patriotismo como nativismo e um tom coloquial nas narrativas de cavalaria. Essa produção cronística está no Cancioneiro Geral.

As cantigas estão nos Cancioneiros da Ajuda, da Vaticana e de Colocci-Brancuti, as poesia eram elaboradas pelos monges.

Nas cantigas de amigo era comum o mundo feudal, o ambiente das viagens, a vida do campo e dos mares, a presença iniciante da burguesia, a oralidade popular das canções em instrumentos da época, o toque de realismo dos amantes , dos amados e donzelas amadas ou odiadas por não corresponder ao amor do trovador, as inquietações da saudade, da demora do amado... Há análise do drama amoroso é algo profundo com requinte artístico da época como um retrato da vida sentimental portuguesa medieval.

As cantigas de Amor revelam: a origem provençal, a corte, a convenção culta, a cultura clássica, a coita (=paixão do homem a servir a dama) está presente. O amar idealizado ou platônico mostra um amor insatisfeito do trovador. O trovador projeta a divindade na mulher amada diante de seu desejo insatisfeito, aberto à plenitude metafísica, ainda que com certo conteúdo sensual suave e bem discreto.

O interessante que as cantigas surgiram no Candado Portucalense do séc. XII, quando esse era dependente de Galiza, província do Reino de Leão, na península Ibérica.

A cristandade combatia os árabes até sua expulsão completa no século XIV.

FONTE: LUFT, Celso Pedro. Novo manual de português. Textos e testes. Globo, 1989. p. 734-38.

TROVADORISMO

http://margem-da-palavra.jimdo.com/quadro-liter%C3%A1rio-sin%C3%B3ptico/

Dia do Trovador | 18/07/2011

http://www.dignow.org/post/exerc%C3%ADcio-pr%C3%A1tico-sobre-trovadorismo-4241686-26988.html

O surgimento do nome da Trova está intimamente ligado à poesia da Idade Média. Durante a Idade Média, Trova era o sinônimo de poema e letra de música. Hoje a Trova possui a sua conceituação própria, diferenciando da Quadra e da Poesia de Cordel, e do Poema musicado da Idade Média. Trovadorismo foi a primeira escola literária portuguesa. Esse movimento literário compreende o período que vai, aproximadamente do século XII ao século XIV.

Portugal

1189/1198 – Cantiga da Ribeirinha,

Paio Soares de Taveirós

Gêneros: cantigas (poesia),

novelas de cavalaria

Características

O eu lírico é uma projeção lírica (categoria universal criada) e não um personagem histórico.

1. Cantiga de amor:

Coita ou amor cortês (sul da França)

sofrimento, idealização,

eu-lírico masculino, forte erotismo

mulher associada a Virgem Maria

ambiente da corte ou palaciano,

dama inacessível,

caráter analítico-discursivo.

2. Cantiga de amigo: namorado ou amante

Lugar isolado e saudade da mulher pelo seu homem.

eu-lírico feminino,

confessional,

ambiente popular,

paralelismo e refrão,

paixão não correspondida,

realista, narrativo-descritiva.

3. Cantigas de gestas: elogio aos cavaleiros corajosos e nobres (origem da novela de cavalaria)

4. Cantigas de escárnio: Sátiras indiretas às pessoas;

5. Cantigas de maldizer: ataque direto ou explicito, obscena, ridiculariza os maus jograis, os cavaleiros covardes e adúlteras.

Crítica aos costumes, ironia e ambiguidade,

A linguagem fescinina: A palavra fescenina teve sua origem na cidade da antiga Itália chamada Fescênia, de onde provieram poesias impregnadas de licenciosidade ou obscenidade.

O autor mais enfatizou os termos e as expressões licenciosas, eróticas, obscenas e escatológicas.

Valor documental e laica (não monacal ou de monges).

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Filologia ou arqueologia das fontes da pesquisa:

Fontes primárias= são documentos que deram origem aos fatos da pesquisa ou dos movimentos sociais no feudalismo e da origem de Portugal e a presença árabe na Ibérica).

Fontes secundárias= são livros, relatos, relatórios, testemunhos, acerca dos documentos e objetos outros da memória coletiva, de interesse do pesquisador ou historiador...

QUADRO SINÓPTICO DA LITERATURA PORTUGUESA

http://www.lithis.net/57

Época Medieval

Século XII (Fundação de Portugal) - Século XVI (Descobrimentos).

1º. Período: Dos Trovadores e dos Tradutores Alcobacenses (1196-1385)

Poesia Medieval Cantigas de Amigo D. Sancho I, D. Dinis, Martim Codax, Meendinho,

Airas Paes, Pêro Meogo, etc.

Cantigas de Amor D. Dinis, Pêro da Ponte, Martin Soares,

Pai Soares de Taveirós, D. Afonso X, etc.

Cantigas de Escárnio e Maldizer D. Dinis, Pêro Garcia Burgalês,

Joan Garcia de Guilhade, Airas Perez Vuituron, etc.

Prosa dos Alcobacenses Prosa Doutrinal

(Traduções) Tradutores do Mosteiro de Alcobaça

2º. Período: Dos Poetas Palacianos e Cronistas (1385-1527)

Poesia Palaciana Cancioneiro Geral de Garcia de Resende Garcia de Resende, João Roiz de Castel Branco,

Duarte de Brito, Bernardim Ribeiro,

Anrique da Mota: Farsa do Alfaiate, etc.

Prosa Medieval Capitulários, Cronicões, Nobiliários; Novelas de Cavalaria: Cantar de Mio Cid, Ciclo clássico ou greco-latino, Ciclo carolíngio, Ciclo bretão, Amadis de Gaula. Testamento de Lorvão, Livro de Mumadona,

Livro Preto, Liber Fidei, Censual, Crónica Geral de Espanha de 1344,

Nobiliário do Conde D. Pedro I;

Ciclo clássico: Roman de Thèbes;

Ciclo carolíngio: Chanson de Ro/and;

Ciclo bretão (Rei Artur e

os Cavaleiros da Távola Redonda):

Demanda do Santo Graal,

Merlin, José de Arimateia, etc.

Prosa Doutrinal Prosa moralista

• desportiva

• educativa D. João l: Livro da Montaria

D. Duarte:

Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela

D. Pedro: Livro da Virtuosa Benfeitoria

D. Afonso V: Constelação de Cão, Cartas

Historiografia Crónicas Fernão Lopes,

Gomes Eanes de Zurara,

Rui de Pina, outros cronistas

Veja vídeo ilustrativo abaixo:

http://www.slideshare.net/intell/trovadorismo-2

http://www.slideshare.net/NeumaMatos/trovadorismo-impacto

http://www.slideshare.net/leioomundoassim/trovadorismo-em-slide

Exercícios práticos de TROVADORISMO

Universidade Mackenzie:

http://www.dignow.org/post/exerc%C3%ADcio-pr%C3%A1tico-sobre-trovadorismo-4241686-26988.html

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OBS: medida velha

http://www.infopedia.pt/$medida-velha

Técnica tradicional de versejar caracterizada por estruturas como a esparsa, a cantiga e o vilancete, em redondilha menor (composição poética com versos de cinco sílabas) e redondilha maior (composição poética com versos de setesílabas) que foram utilizadas pelos poetas do Cancioneiro Geral.

A medida velha foi conciliada com a medida nova por poetas como Sá de Miranda, Diogo Bernardes, entre outros.

Como referenciar este artigo:

medida velha. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-08-02].

Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$medida-velha>.

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Meados do século XIV, a poesia trovadoresca entra em decadência, surgindo, em seu lugar, uma nova forma de poesia, totalmente distanciada da música, apresentando amadurecimento técnico, com novos recursos estilísticos e novas formas poemáticas, como a trova, a esparsa e o vilancete.

Assinale a alternativa em que há um trecho representativo de tal tendência (texto acima).

a) Non chegou, madre, o meu amigo,

e oje est o prazo saido!

Ai, madre, moiro d'amor!

b) Êstes olhos nunca perderán,

senhor, gran coita, mentr'eu vivo fôr;

e direi-vos fremosa, mia senhor,

dêstes meus olhos a coita que han:

choran e cegan, quand'alguém non veen,

e ora cegan por alguen que veen.

c) Meu amor, tanto vos amo,

que meu desejo não ousa

desejar nehua cousa.

Porque, se a desejasse,

logo a esperaria,

e se eu a esperasse,

sei que vós anojaria:

mil vezes a morte chamo

e meu desejo não ousa

desejar-me outra cousa.

d) Amigos, non poss'eu negar

a gran coita que d'amor hei,

ca me vejo sandeu andar,

e con sandece o direi:

os olhos verdes que eu vi

me fazen ora andar assi.

e) Ai! dona fea, foste-vos queixar

por (que) vos nunca louv'em meu cantar;

mais ora quero fazer um cantar,

em que vos loarei toda via;

e vedes como vos quero loar.

dona fea, velha e sandia!

A alternativa correta é a letra C.

http://faroldasletras.no.sapo.pt/glossario.html

Glossário de Termos Literários

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