A PARTICULA DE DEUS, SEMENTE CÓSMICA


Dizem os cientistas que o universo começou com a explosão de um corpo celeste que concentrava uma inimaginável quantidade de energia. Que corpo era esse e que energia era essa ninguém foi ainda capaz de definir. Os cientistas chamam esse corpo de Singularidade. Os livros religiosos chamam de Deus. Por isso, os livros sagrados de todas as religiões do mundo, sejam elas reveladas ou metafísicas, sustentam que o universo começou pela ação de uma divindade, que de alguma forma, deu início a todas as realidades cósmicas.
A Bíblia, por exemplo, diz que Deus fez o mundo tirando a luz das trevas. E quando viu que a luz era boa, ele fez o restante do universo com ela. 
Essa visão bíblica de maneira nenhuma contrasta com as modernas teorias cientificas que mostram um universo nascendo de um átomo primordial que, não podendo conter em si a formidável densidade que acumulou, explodiu, enchendo de luz o vazio cósmico; e a luz, por um processo de condensação, se transformou no universo como hoje o conhecemos.

Agora vem a notícia de que os cientistas podem ter descoberto a “partícula de Deus”,  o DNA do universo,ou seja, o elemento fundamental, que permite que a matéria universal se converta em massa.
Há muito tempo que os estudiosos vêm procurando o chamado “bossom de Higs”, nome dado a essa partícula, cuja existência foi intuída pelo cientista Peter Higs nos idos de 1964, quando ele e seus colegas estavam procurando provar a existência de “blocos padrões” na composição da matéria universal. 
A notícia encheu de júbilo a comunidade científica e recebeu grande destaque em toda a mídia mundial, sendo publicada nos grandes jornais do mundo inteiro, como o Times de Londres, o New York Times, o Los Angeles Times, o Pravda de Moscou, o Estadão e o Globo no Brasil e outros órgãos da grande imprensa mundial. Essa, segundo quem entende do assunto, pode ser a maior descoberta da ciência física depois das Teorias da Gravidade e da Relatividade.  A notícia foi dada inicialmente pelo Times londrino, que a publicou na quinta-feira, 2de junho, com o título: “A Semana Passada Mudou Tudo”, dizendo que durante mais de 20 anos, os cientistas de todo o mundo estiveram procurando por uma partícula invisível que determina as propriedades básicas da matéria.
“O bóson de Higgs não é apenas uma partícula”, disse o físico John March-Russell, do CEEN( Centro Europeu de Energia Nuclear). “Sua descoberta indica que existe um mundo totalmente novo lá fora e se conseguirmos entender como ele atua no universo, seremos capazes de responder como o universo está sendo construído”.

Isso é interessante. Foram gastos alguns bilhões de dólares para construir o gigantesco acelerador de partículas que permitiu aos cientistas a comprovação da existência desse “grão de energia fundamental” que faz com que o universo se torne uma realidade material.  A descoberta dessa partícula deve ser confirmada como uma das maiores conquistas da ciência em todos os tempos. Ela mostra que o universo, antes da sua manifestação como matéria é um “nada”, um vácuo infinito, onde, no entanto, existe uma “força” que nele atua, provocando o surgimento da matéria universal. Como a molécula DNA (ácido desoxirribonucleico) que contém as informações estruturais da vida orgânica, tal qual a conhecemos, o bóssom de Higs seria o DNA do universo físico, pois ele é que permite o surgimento da matéria física, preenchendo o imenso vazio cósmico. Essa partícula seria, fundamentalmente, a “mão de Deus” atuando na construção física do universo, por isso o nome que lhe deram, de “Partícula de Deus”.

Cientista é um bicho teimoso. Não importa que sua teimosia seja chamada de pragmatismo, racionalismo, positivismo ou qualquer outro nome que se queira dar a essa mania de querer prova material de tudo. E para isso leva anos e anos pesquisando, estudando, e faz a humanidade gastar bilhões em recursos para tentar provar aquilo que o espírito humano já sabe desde que o primeiro homem experimentou a sua primeira reflexão: que Deus existe e que é Ele, seja lá o que for − uma entidade ou uma forma de energia− que dá existência a toda realidade cósmica.
Todos os livros sagrados do mundo estão a dizer isso: Deus é luz, o mundo foi feito de luz, todas as coisas existentes no universo são condensações de energia luminosa. Inclusive nós mesmos. Por isso temos um espírito, que é pura luz.  


                                       
Galáxias, estrelas, planetas, são condensações de luz. Como disse o físico Heisemberg, se a gravidade fosse retirada do universo, a luz também desapareceria e todo o universo desabaria sobre si mesmo. E nesse mesmo sentido, Einsten deduziu que matéria é energia acelerada ao quadrado da velocidade da luz. (E = mc², fórmula segundo a qual a energia (E) de uma quantidade de matéria(e), com massa(m)  é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz, representada por c².  Hawking nos mostra que existem no universo duas forças que regem a sua formação: a força da expansão, que faz com que o universo se expanda na velocidade da luz, e a força da contração, que faz com que as massas cósmicas se agrupem e formem os sistemas.  Essas duas forças se traduzem em duas leis: a relatividade e a gravidade.
Os cultores da Cabala mística nos dão uma interessante visão desse processo. Eles mostram Deus como sendo uma extraordinária concentração de energia em estado latente, presente no vazio cósmico. Chamam a essa energia de “Existência Negativa de Deus”. Em dado momento, essa energia, em virtude dessa infinita concentração, “vaza” para além de si mesmo. Então Deus manifesta-se em sua forma positiva. Mostra o seu “ Vasto Semblante”, criando o tempo, tornando-se também o "Ancião dos Dias". Dessa forma, o universo material seria a “Existência Positiva de Deus”, manifesta no tempo e no espaço.*

Interessante concepção. Símbolos, metáforas, analogias. A mente humana cria essas figuras de linguagem para descrever aquilo que sabe existir, mas não tem idéia de como é realmente. Os cientistas, por falta de um nome melhor para essa “energia dos princípios” deram um nome ainda mais estranho para ela. Chamaram-na de Grande Singularidade, ou seja, uma região, ou átomo, carregado de energia, que um dia, explodiu, dando início ao tempo e ao universo. E daí a visão científica do nascimento do universo através do fenômeno que eles chamam de Big-Bang. 
Dizem que a explosão inicial liberou a energia que estava presa dentro da Grande Singularidade. Essa energia, espalhando-se pelo nada cósmico, deu origem ao universo físico.
Desde então o universo se encontra em constante expansão.  Essa expansão, todavia, não é aleatória nem descontrolada. A força da retração, presente nos corpos materiais, faz com que as massas assim formadas se agrupem e formem sistemas. Assim, no plano cósmico, os corpos menores são atraídos pelos corpos maiores e ficam presos em suas órbitas, girando em volta deles, formando os sistemas planetários. Estes, por sua vez, formam as galáxias, e estas as nebulosas, fazendo do universo uma espécie de organismo cósmico, com suas células, órgãos e sistemas.
A força da atração, que se traduz pela lei da gravidade, impede que o universo se torne um imenso caos sem sentido nem finalidade, como se fosse uma manada de bois estourada, correndo em todas as direções.
Nasce dessa forma a organização cósmica, da mesma forma que a matéria bruta e a matéria orgânica também assim se organizam. A matéria bruta é feita de átomos, os átomos se juntam para formar moléculas e as moléculas se juntam para formar os elementos químicos. Da mesma forma, a matéria orgânica se forma a partir de células que se juntam para formar moléculas e estas se reúnem em sistemas. Todos com seus domínios e funções, da mesma forma que cada vida, humana ou animal, tem o seu domínio, sua função e sua missão na estrutura do universo. Essa é uma explicação lógica do universo físico, com a vida dentro dele, segundo a visão estruturalista. É uma boa teoria, como de resto todas as demais. Se é assim mesmo, não sabemos dizer.**

Só acho que se os cientistas não fossem tão teimosos teriam descoberto esse “bóssom de Higs” na descrição que o cronista bíblico faz da criação do mundo e talvez não precisassem gastar tanto tempo, fosfato e dinheiro para comprovar o que a intuição humana já sabe desde o princípio dos tempos.  “No princípio Deus criou o céu e terra. A terra, porém estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: exista a luz. E a luz existiu (...)”
Um respeitado cientista, ao explicar a importância do bóssom de Higs para a forma-ção da matéria universal, ele utilizou uma interessante comparação: “ele é como a água para os peixes”. Bom, a Bíblia diz, textualmente, que céu e terra (ou seja, o universo) nasceram com o surgimento da luz. A luz, portanto, foi a primeira manifestação da Existência Positiva de Deus (na linguagem da Cabala), e essa luz é resultado da fecundação que o Espírito de Deus promoveu sobre as águas (o vazio cósmico). 
Tudo isso é intuição do espírito humano traduzido em linguagem simbólica porque a humanidade ainda não conseguiu desenvolver linguagem técnica suficiente para explicar os noventa e nove porcento do universo que ainda permanecem desconhecidos para nós.
É legal que os cientistas tenham descoberto (se é que de fato descobriram) o DNA do universo físico. Mas nada disso nos leva a uma compreensão do que é realmente Deus. Isso porque o caminho para Deus nunca será desvelado no estudo do que é simplesmente material. Por isso é que a ciência jamais substituirá a filosofia (e dentro desta a teologia) na compreensão dessa parte oculta do universo, que é a sua porção espiritual.
Talvez a sabedoria humana necessite de um cientista, que tambem seja taumaturgo, para construir essa ponte. Mas enquanto isso não acontece seremos como a Israel bíblica a esperar o seu eterno Messias. Mas se um dia ele vier (se é que já não veio), talvez a nossa teimosia pela “prova científica” nos impeça de reconhecê-lo. Isso se não o pusermos de novo numa cruz...
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* Vasto Semblante e Ancião dos Dias são nomes metafóricos que a Cabala dá a Deus.
** Estruturalismo é o sistema filosófico que defende que a formação do universo se dá através de um processo que começou num grão ínfimo de energia (concentrado) e evoluiu para o imenso do cosmo( através de uma expansão). Da mesma forma, essa energia se concentra em sistemas e gera "universos interiores", entre os quais a vida. O principal defensor dessa teoria é jesuíta Pierre Teilhard de Chardin.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 19/07/2012
Reeditado em 20/07/2012
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