Café
Café.
Café de filho, café de pai, café com leite, uma média, por favor?
Café de mais, café de menos, branco com café, beijo de café, com pão café.
Tem mais que cheiro, mais que sabor. Tem cifras que se tocam melodicamente: chiii! Valem umas inspirações longas antes de seu destino final. Antes que todo o corpo de violão daquela fumacinha paire tranquilo dentro do meu.
E não tome como afronta, assédio, ou apologia. É corpo que estremece, é o que treme as pernas, acelera o coração. Parece adrenalina; é cair de um penhasco; é se amar tanto quanto a sola do sapato. É se espreguiçar de manhãzinha e fazer valer o cheirinho de cama que grudou nos cabelos.
É café. Que se bebe com afeto, que se faz com fé.
Não se doa, não que doa, mas dar café é jeito de transportar. Vai amor, felicidade, vai até a visão da mão do homem que o colheu. Vai toda a gratidão a quem o criou.
Vida ele é. E é assim que voam os pés, os quais semeiam o mundo, e que se enraíza o tempo na terra que tece e que trama o café.