E QUANTO CUSTARIA A "BOLSA DIGNIDADE SOCIAL"?

Nos últimos dias todas as modalidades da mídia ostensivamente nos informaram dum fato ocorrido nas ruas de Sampa , deveras algo inédito e muito louvável para os atuais "usos e costumes" do nosso meio.

Trata-se dum casal de moradores de rua que encontrou o produto dum roubo a um restaurante do centro da Capital, a saber, um saco de moedas que contabilizavam a importância de vinte mil reais.

Prontamente chamada a polícia pelo próprio casal o produto roubado lhe foi entregue e claro, o fato e o casal viraram furo de mídia.

Bem , tenho comigo que nenhuma folha se desprende deste mundo sem algum propósito sobre esta terra.

Principalmente se o assunto em questão ocorrer sobre a atual "terra brasilis".

Fato humanitário, social, político e antropológico MUITO FIGURATIVO.

Causa estranheza a própria estranheza da sociedade em reverenciar o que seria a lógica: um casal honesto que teve uma atitude louvávelmente honesta, ou seja, a que qualquer cidadão a princípio deveria imitar com naturalidade: devolver ao dono algo que não lhe pertence.

Porém, o inusitado é que ali trata-se dum casal morador das ruas, para quem vinte mil reais seria "um dinheirão" na vida , dizia lá uma reportagem.

Muito bem, e seria mesmo, se ali houvesse um mínimo de logística de vida sedimentada até para se desfrutar do bonus que vinte mil reais poderiam operar sobre a dignidade da vida de qualquer um de nós, principalmente daquelas duas vidas, como tantas outras hoje em multidão , ali abandonadas a própria sorte sob o próximo milagre dum céu aberto dos caridosos olhos de outrem.

Todavia, aquele casal necessitaria dum mínimo de "dignidade social", aquela que, a olhos vistos, lhe foi sorrateiramente roubada no decorrer do tempo e que dinheiro algum poderia lhe resgatar instantaneamente, a despeito de todo esforço político operante por aí: nem as nossas tantas "bolsas disso nem bolsas daquilo" resgatam certas indignidades sociais plantadas ao longo da nossa História.

Para se desfrutar de sonhos... é preciso "sentido" na vida.

Se bolsas dessem algum digno resultado ao fruto da nossa negligência social, a moradia de rua não teria se espalhado tão drástica e tristemente pelas capitais do país inteiro...nos últimos anos.

Uma multidão de gente boa com tristes histórias de perdas somadas e negligenciadas através da vida.

Mas o empresário que foi roubado é empreendedor e visionário ( e tal fato também é figurativo, posto que trabalhadores de todos os segmentos sociais são roubados todos os dias de várias formas quase imperceptíveis pelo meio).

Assim, realisticamente ao receber de volta o seu roubado peixe que fora pescado a empresa retribuiu o grande ato do digno casal o presenteando com um vara de pescar: concedeu-lhe emprego na sua empresa.

Ensinamento Bíblico que todos nós , enquanto sociedade política civilmente organizada, deveríamos colocar em prática...desde bem lá de cima.

Afinal, um dos mandamentos sagrados também diz que não devemos roubar, muito menos cobiçar o que é do outro, sejamos nós povo ou governo, patrões ou empregados.

"A César o que é de César", disse Cristo certa vez", todavia parece que não foi bem entendido na sua parábola...é o que revela a nossa redundante prática mundana de Homens politizados.

E se alguém alegar que o nosso país é constitucionalmente LAICO, saibam, a dignidade e a honestidade humanas também o são...

Muito bem, agora nos resta torcer para que o casal se adapte à sua nova realidade de vida, a de novo sentido, posto que é sabido que o ser humano tem certa dificuldade em operar mudanças mais profundas quando o sofrimento já o consumiu no âmago dos seus propósitos de vida.

Portanto quanto mais precoce for o salvamento social...

Mas milagres acontecem todos os dias.

Do todo do fato, talvez nos configure o ensinamento maior: quando não temos mais nada a perder, resta-nos perceber que do tudo perdido ainda nos sobrou os cem por cento de nós mesmos: a força de resgate emanada do Espírito, aquela que nos faz dignos para todo o sempre, ainda que seja através dos abandonos pelas tantas ruas dos atuais tempos...aquelas que, por aqui, não nos conduzem a lugar algum.

Muito do tudo a se repensar.