E viveram felizes para sempre…

Existe uma tradição milenar de contar histórias de encantar às crianças, as quais incluem, obviamente, um príncipe e uma princesa. O final era sempre “e viveram felizes para sempre”. Ou seja, as crianças são enganadas, desde tenra idade, para acreditarem que os príncipes e as princesas foram mesmo felizes para sempre, com as suas lindas criancinhas, no seu espectacular palácio, com empregadas e mordomos incluídos.

Não sei qual é o interesse de se enganar as pessoas, pobres crianças e futuros adultos. Não deve haver crianças a ler isto, mas para alguns adultos que ainda não tenham percebido… É mentira! Enganaram-vos durante anos a fio!

No meu entender após a lua-de-mel (e esta, sim, é a história verdadeira), o príncipe e a princesa começam logo a ter problemas com a escolha da mobília. A não ser, claro, que o príncipe se tenha demitido de tudo o que envolvesse cortinados e poltronas. Mas mesmo assim não conseguiu evitar que a Princesa se chateasse:

“- Tu não queres saber, não te interessas. Estou aqui a falar para ti e tu não me dás a tua opinião.”

Depois é o problema de as princesas de hoje em dia já não serem como dantes. Não, estas trabalham fora de casa e não têm mordomos e empregadas domésticas, ou seja, temos princesas que trabalham durante o dia e à noite continuam a trabalhar. Digam lá se uma princesa de ferro de engomar, a vigiar o estufado, não tem muito menos glamour?

E os príncipes trabalham até tarde, andam sempre sem cabeça para nada, muito cansados e cheios de preocupações.

Depois vêm as lindas criancinhas, as quais não têm direito a ama, vão logo directamente para o jardim infantil conviver com todo o tipo de plebe. E estas crianças choram, berram, sujam-se e fazem birra no supermercado.

A princesa compra a sua roupa na Zara e na Primark e como tal anda vestida como todas as outras criaturas do mundo e o príncipe com sorte tem um Mercedes comprado com crédito automóvel, até porque a equitação não é uma coisa barata…

Com sorte, os príncipes reformam-se aos 65 anos, deixando a sua prole a continuar a vida de realeza das contas para pagar, e refugiam-se no campo, qual D. Dinis no Paço de Monte Real, a aborrecerem-se mortalmente e a chatearem-se por coisas parvas e por não terem nada em que pensar.

Isto sim, gente, é a verdadeira história dos príncipes e princesas. Não se deixem enganar, porque se eles se conseguirem sentir felizes na maioria do tempo já é uma grande história de encantar!