Woddy Allen para Roma

     Allan Stewart Konisberg, mais conhecido como Woody Allen, é um exemplo de coragem e determinação. Aos 76 anos, lança um filme por ano há trinta anos. Diretor de “O Dorminhoco” e “Meia Noite em Paris”, produziu e encenou recentemente “Para Roma com amor”, comédia italiana que ilustra as belezas e peculiaridades de Roma, a “cidade eterna”, na qual diversas histórias paralelas parecem convergir para fins semelhantes, relacionados à busca pelo amor, sexo e fama.
     Em relação ao elenco da trama, celebridades como Angelina Jolie e Noomi Rapace (Cientista Elizabeth Shaw em “Prometheus”) disputaram a personagem da prostituta sensual Anna, mas a bela Penélope Cruz ganhou o papel. O longa é uma adaptação do clássico “Decameron”, de Giovanni Boccaccio, escrito em 1350, composto por cem contos que abrangem as mais peculiares variações do comportamento humano. Assim como na obra, as histórias do filme, embora não possuam relação entre si, são entrelaçadas pelo enredo do filme, unidas por um elemento de coesão.
     Allen diz: “Tudo o que fazemos se trata de fama, dinheiro, roupa bonita, posses, habilidade atlética ou artística, qualquer que seja é, o que você está tentando fazer é atrair um membro do sexo oposto”. “Para Roma com amor” retrata as nuances da essência humana. Repleto de críticas, uma merece destaque: a fama, que leva consigo um paradoxo. A busca e a conquista do reconhecimento e apreço, desejos inatos ao ser humano, parece produzir, ao final, uma sensação de “vazio”. A personagem Leopoldo Pisanello (Roberto Benigni), ao perder rapidamente sua fama adquirida sem motivos aparentes, parece se portar de um vácuo e sensação de inutilidade decorrentes da própria.
     Outro fato interessante é a abordagem da mídia. Sempre atrás do famoso momentâneo, jornalistas exploram trivialidades, como questionamentos sobre o que se comeu no café da manhã ou até que tipo de cueca usar, como o fizeram com Leopoldo Pisanello. O longa ilustra personagens e histórias ordinárias e isoladas propositalmente com o intuito de mostrar a essência humana que se manifesta de variadas formas.
     Woody Allen, o americano que nasceu amando filmes italianos, atua como o produtor aposentado Jerry, um senhor desejoso de deixar sua marca no mundo. Embora criticado e rejeitado, Jerry continuou insistindo no surpreendente e não-convencional, como fez com Giancarlo (Fabio Armiliato), agente funeral e pai de seu futuro genro, ao reconhecer o seu talento e estimulá-lo a cantar em público com um arranjo especial. Como diz Allen, “nunca se sabe o que estimula um artista”. No caso de Giancarlo, o chuveiro de sua casa.
     “Cada país tem suas histórias, e eu ainda não encontrei a do Brasil”. O cineasta Woody Allen acredita que a história certa para o país no qual planeja gravar futuramente exige uma ideia muitíssimo romântica e glamorosa. Espera-se que ao fazê-lo, ele possa trazer suas boas reflexões. Afinal, o privilégio de ser inspiração para Woody Allen não é para qualquer país.

Por Daniela Malagoli

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Enviado por mindasks em 06/07/2012
Reeditado em 06/07/2012
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