Texto em Construção
30 – Passos
Vacilantes,
Silenciosos passos,
Claudicantes
Sobre o chão de pedra,
Branco,
Vazio,
Solitário chão,
Tão frio...
Uma alma só,
Acompanhada
De outras almas
Também penadas...
Mas suas penas
Eram nada,
Diante da cena
Daqueles passos
Que avançavam
Vacilantes
Em direção
A um abraço,
Uma esperança,
Um afago,
Uma certeza,
Mesmo que branda...
E sobre os passos,
Os olhos baços,
Perdidos,
Cansados,
Tão doloridos,
Que olhavam tudo
Como se fosse
Para nunca mais...
Amo esses olhos,
Amo esses passos,
Queria apenas
Ser o abraço
A esperar
No fim de tudo
Para acolher-te
E proteger-te
De toda dor,
Toda incerteza
Com meu amor...
Ana descreve os últimos passos e gestos do sobrinho, cujo estágio, já terminal, fá-lo se agarrar a toda e qualquer expectativa, buscando a compaixão dos que, coração apertado pelo sofrimento, tentam ajudá-lo e consolá-lo.
O “poema dos poemas”, este. (Valha-me santa Cecília Meireles!) Angústia, esperança, tristeza, alegria, solidariedade, enternecimento, pouso, repouso – tudo aí sintetizado, dialeticamente, metaforicamente, musicalmente, misteriosamente.
31 – Poemas Inúteis
Deu para perceber o motivo maior deste poema: uma angústia rediviva, medonha, opressora. Algo indomável, doloroso, triste, desolador, final.
Objetivamente amarga, inquestionavelmente lógica, Ana expõe por inteiro a desesperança, o fim das ilusões, de rumos e sonhos. Tudo acabou.
34 - Se Eu Pudesse
Poema artisticamente fraco, apenas uma manifestação da tristeza da autora, nada mais. Produzido sem nenhum esforço qualitativo, nada portanto o justifica aqui.
43 - Estar Triste
Este poema, escrito com letras de areia, não tem qualquer futuro concreto. Há nele metáforas, duas comparações, um anacoluto... E muitos lugares-comuns, expressões já usadas séculos afora, além de ideias repetitivas, banais, simplórias – sempre expostas com uma linguagem sem surpresas formais.
Exemplo:
(A tristeza) É um pássaro que olha para fora,
De dentro de uma gaiola,
É alguém que grita sozinho
E sem esperanças
No meio de um deserto,
E que sente uma sede
Para a qual,
Não existe água...
Morre
Aos poucos
De sede.
Há alguma originalidade estilística nas duas últimas estrofes, se tanto: a partir do verso “Eu já senti a tristeza” até o final.
São os fatos. Paciência.
44 - O Adeus não é uma Foice
Os termos “adeus”, “foice”, “corta”, “vida” e “lâmina afiada” possuem uma tessitura semântica análoga, ou seja, levam a uma analogia explícita (figura de linguagem, também). A conotação com a figura da Morte surge sem a menor dúvida.
A antiliteratura aflora, porém, na sequência de lugares-comuns, de vocábulos já empregados séculos afora para significar coisas óbvias. Explico-me, através de exemplos:
jornada, final, recomeço, noite, amanhecer, morrer, renascer, caminhos, estrada...
Definitivamente, este poema não diz nada de novo.
***
Abaixo, vocábulos tirados do livro:
Salvo engano meu, Ana elaborou seus trabalhos dia a dia, passo a passo, sem o conhecimento do rapaz.
Então, ela pôde se exercitar livremente, em toda a plenitude verbal, empregando termos pungenges como "adeus", "despedida", "destroços", "escombros", "foice", "funeral", "longe", "nada", "nunca", "silêncio", "sinos" e "túmulos" -
ao lado de outros lúdicos, como "asas", "brisa", "canção", "despertar", "fé", "futuro", "pássaro", "praia", "risos", "sempre", "sonhos" e "voz".
O livro é:
a biografia pasma de uma vida breve;
a epifania do silêncio tenso;
a vida em versos de uma tragédia criança;
a versão escrita das exéquias-mirins;
cânticos em missal;
louvor polifônico;
microelegias, macroluz;
o breviário da ascensão solene;
o discurso lírico sobre o inesperado;
o relato poético de um feixe de dores.
***
Leitura crítica do livro:
"Vai Ficar Tudo Bem", de Ana Bailune. 1ª
edição. Capa da autora. Apresentação de
Olguinha Costa. Revisão: Rogério Silenti.
130 pp. Editora Pimenta Malagueta, São
Salvador, BA, 2012.
Fontes de consulta:
Calmon, Andréa. Guia da Reforma Ortográfica.
1ª ed. On Line Editora, SP, 2009.
Dicionário Aulete Digital. Lexicon Editora Digital.
SP, 2010. Clique:
Dicionário Aulete online de português
Tufano, Douglas. Gramática e Literatura
Brasileira. Pág. 105. Editora Moderna, SP,
1996.
&&& & &&&
A escritora informa que todo o dinheiro arrecadado com a venda será doado à https://www.graacc.org.br/ (Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança Com Câncer).
Pode-se adquiri-lo pelo site
www.pimentamalaguetaeditora.com.br
ou direto com ela - annabailune . Preço: R$ 30,00.
30 – Passos
Vacilantes,
Silenciosos passos,
Claudicantes
Sobre o chão de pedra,
Branco,
Vazio,
Solitário chão,
Tão frio...
Uma alma só,
Acompanhada
De outras almas
Também penadas...
Mas suas penas
Eram nada,
Diante da cena
Daqueles passos
Que avançavam
Vacilantes
Em direção
A um abraço,
Uma esperança,
Um afago,
Uma certeza,
Mesmo que branda...
E sobre os passos,
Os olhos baços,
Perdidos,
Cansados,
Tão doloridos,
Que olhavam tudo
Como se fosse
Para nunca mais...
Amo esses olhos,
Amo esses passos,
Queria apenas
Ser o abraço
A esperar
No fim de tudo
Para acolher-te
E proteger-te
De toda dor,
Toda incerteza
Com meu amor...
Ana descreve os últimos passos e gestos do sobrinho, cujo estágio, já terminal, fá-lo se agarrar a toda e qualquer expectativa, buscando a compaixão dos que, coração apertado pelo sofrimento, tentam ajudá-lo e consolá-lo.
O “poema dos poemas”, este. (Valha-me santa Cecília Meireles!) Angústia, esperança, tristeza, alegria, solidariedade, enternecimento, pouso, repouso – tudo aí sintetizado, dialeticamente, metaforicamente, musicalmente, misteriosamente.
31 – Poemas Inúteis
Deu para perceber o motivo maior deste poema: uma angústia rediviva, medonha, opressora. Algo indomável, doloroso, triste, desolador, final.
Objetivamente amarga, inquestionavelmente lógica, Ana expõe por inteiro a desesperança, o fim das ilusões, de rumos e sonhos. Tudo acabou.
34 - Se Eu Pudesse
Poema artisticamente fraco, apenas uma manifestação da tristeza da autora, nada mais. Produzido sem nenhum esforço qualitativo, nada portanto o justifica aqui.
43 - Estar Triste
Este poema, escrito com letras de areia, não tem qualquer futuro concreto. Há nele metáforas, duas comparações, um anacoluto... E muitos lugares-comuns, expressões já usadas séculos afora, além de ideias repetitivas, banais, simplórias – sempre expostas com uma linguagem sem surpresas formais.
Exemplo:
(A tristeza) É um pássaro que olha para fora,
De dentro de uma gaiola,
É alguém que grita sozinho
E sem esperanças
No meio de um deserto,
E que sente uma sede
Para a qual,
Não existe água...
Morre
Aos poucos
De sede.
Há alguma originalidade estilística nas duas últimas estrofes, se tanto: a partir do verso “Eu já senti a tristeza” até o final.
São os fatos. Paciência.
44 - O Adeus não é uma Foice
Os termos “adeus”, “foice”, “corta”, “vida” e “lâmina afiada” possuem uma tessitura semântica análoga, ou seja, levam a uma analogia explícita (figura de linguagem, também). A conotação com a figura da Morte surge sem a menor dúvida.
A antiliteratura aflora, porém, na sequência de lugares-comuns, de vocábulos já empregados séculos afora para significar coisas óbvias. Explico-me, através de exemplos:
jornada, final, recomeço, noite, amanhecer, morrer, renascer, caminhos, estrada...
Definitivamente, este poema não diz nada de novo.
***
Abaixo, vocábulos tirados do livro:
abismo abraços adeus alegria Além alma amanhecer amargura amor ânsia areia asas ausência beleza breve brisa busca caminhar caminho canção cantar chão chorar choro continuar coração corpo curvas desistir despedida despertar destroços Deus dia distância dor ecos |
escombros esperança estradas Eternidade face fé fim final flor foice folhas forças frio fundo funeral futuro jamais jornada lágrimas lembranças longe luz medos memórias mistério momento montanhas morrer morte mundo nada noite nunca ondas orações palavras passado |
passar pássaro pedras penas penar perdido pó poeira praia reconstruir reencontro réquiem ressurreição ressuscitar rios risos rosto saudade segredo segundo sempre silêncio sinos só solidão solitário sol sonhos sorriso túmulos tristeza vazio vento vida voo voz |
Salvo engano meu, Ana elaborou seus trabalhos dia a dia, passo a passo, sem o conhecimento do rapaz.
Então, ela pôde se exercitar livremente, em toda a plenitude verbal, empregando termos pungenges como "adeus", "despedida", "destroços", "escombros", "foice", "funeral", "longe", "nada", "nunca", "silêncio", "sinos" e "túmulos" -
ao lado de outros lúdicos, como "asas", "brisa", "canção", "despertar", "fé", "futuro", "pássaro", "praia", "risos", "sempre", "sonhos" e "voz".
O livro é:
a biografia pasma de uma vida breve;
a epifania do silêncio tenso;
a vida em versos de uma tragédia criança;
a versão escrita das exéquias-mirins;
cânticos em missal;
louvor polifônico;
microelegias, macroluz;
o breviário da ascensão solene;
o discurso lírico sobre o inesperado;
o relato poético de um feixe de dores.
***
Leitura crítica do livro:
"Vai Ficar Tudo Bem", de Ana Bailune. 1ª
edição. Capa da autora. Apresentação de
Olguinha Costa. Revisão: Rogério Silenti.
130 pp. Editora Pimenta Malagueta, São
Salvador, BA, 2012.
Fontes de consulta:
Calmon, Andréa. Guia da Reforma Ortográfica.
1ª ed. On Line Editora, SP, 2009.
Dicionário Aulete Digital. Lexicon Editora Digital.
SP, 2010. Clique:
Dicionário Aulete online de português
Tufano, Douglas. Gramática e Literatura
Brasileira. Pág. 105. Editora Moderna, SP,
1996.
&&& & &&&
A escritora informa que todo o dinheiro arrecadado com a venda será doado à https://www.graacc.org.br/ (Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança Com Câncer).
Pode-se adquiri-lo pelo site
www.pimentamalaguetaeditora.com.br
ou direto com ela - annabailune . Preço: R$ 30,00.