Por Quem Choram os Inocentes
Os negros têm sido inocentes. E inocentes nunca são perdoados. O continente africano, desde que passou a ter tal denominação – praticamente sob dominação logo após –, sempre foi palco de lutas, pobreza, exploração, riquezas naturais. Natureza – bela e agressiva, de homens e outros animais.
As crianças são inocentes. E por isso não são perdoadas. Mas não ficam crianças. E quando crescem, lhes oferecemos o Purgatório – tempo de carência onde “deveriam” expiar as suas culpas.
A corrupção, endêmica na África como em muitos lugares (inocentes) e a todos oferecida, está intimamente ligada ao dinheiro, à qualquer tipo de posse, bens materiais, à propriedade privada. É muito mais fácil aprender a ser corrupto que suportar as leis da inocência. E as leis do mundo são redigidas pelos adultos, não por crianças, cuja lei maior é a do sorriso. Sendo que as leis dos adultos são feitas para serem desobedecidas. Nas ruas e estradas, nos bairros, nos campos, nas cidades, nos estados, nos países. E no Conselho das Nações Unidas, pelas potências que o constituem, sobretudo por aquelas com poder de veto.
Os magistrados, conhecedores e por vezes autores das leis, em suas decisões não raramente fazem uso delas visando os próprios interesses ou os interesses daqueles a quem, por interesse, devem proteger.
Enquanto a África for inocente, seus filhos não serão perdoados. As crianças são inocentes. Mas todos sabemos até quando.