Cultura, a marca do homem
A cultura, designação ampla para toda e qualquer produção do pensar e do labor humano continua a ser a nossa possibilidade de salvação e garantia de perdição.
Sim, perdição, pois o ser humano não é criação isolada, enquanto indivíduo, ele apenas existe em função de um grupo, de uma sociedade em que o conjunto das práticas coletivas visa garantir os meios de sobrevivência do grupo em termos de alimentação, segurança, habitação, saúde, lazer, enfim as necessidades básicas, e, também, a reprodução do grupo em termos de continuidade da espécie, incluída aí as práticas educacionais.
No que tange ao mistério, o terreno perigoso em que o saber humano não conseguiu, ou não ousou, ainda, desvendar leis ou determinações, o grupo sacerdotal impõe o conceito de revelação. As verdades são reveladas pela divindade a alguns felizardos que a apregoam ao grupo. Isso acaba por consolidar o coletivo de humanos, agora com tudo explicado, mesmo o misterioso.
Então, do conjunto da produção humana há que se distinguir duas classes: a produção cultural, resultado do labor aperfeiçoado das gerações sucessivas, feitas para o benefício do grupo ao longo do tempo, a as revelações, que caem do céu, e que são verdades indiscutíveis.
E, das produções culturais, encontramos similitudes, qualquer que seja o grupo, etnia, estágio de desenvolvimento. As revelações, todas falam, mais ou menos a mesma coisa, sendo, no entanto, razão de discórdia e de conflito.
Mas, a análise arguta das verdades reveladas, leva-nos a perguntar: seriam elas, também, produções culturais, resultantes do trabalho ideativo de muitas gerações. A resposta é sim.
Sendo assim, como todas as produções culturais, deverão elas evoluir para dar respostas positivas aos novos tempos?
Sim, pois enquanto possibilidade de destruição temos visto as culturas nacionais se lançarem em conflitos e guerras destruidores. Mas mantemos a esperança de que se possa evoluir ruma a uma cultura internacional. O mesmo é válido quanto à forma mais avançada da cultura humana, a tecnologia, que hoje destrói o mundo, mas que poderá salva-lo da extinção.