Odisséia
Minha insolência...
Buscava os horizontes longínquos
Das terras de Angola!
Eu divorciava o meu coração de O’mbaka,
E via que...
Tudo se estreava aos meus olhos
Mas sabia que prosseguia o fim...
As montanhas, as flores maravilhavam-se...
Com o meu vulto, onde se lia um ar ditoso!
Minha curiosidade rasgava o céu entrevado...
Mas reluzente era aquele passaro!
A trilhada parecia longínqua
Éh! Mui justamente longínqua
Que invadia o meu ser...
Depois de horas ancestrais
Já respirávamos o ar
Da canjala, e o meu âmago!
Continha agora à arenga...
O percurso é alegórico...
Ora traiçoeiro! Mas a ponderar
No infinito tudo se alindava...
A ansiedade se quantificava
E a viagem mitificava-se...
Outrossim, era transitável!
O sol ardia fugosamente...
E dava fulgor aquele oriente...
Num espanto de estante
Eu via o encanto solene
Da cidadezinha do sumbe
Mwele kecumbe!...
O facho de o meu contemplar
Acendia ante aos rios
Precipitados!
E eu sentia
A natureza a chamar a vinda do poeta...
Ai, ai, ao redor as coisas se enfeavam!
Mas eu persistia ao apelo místico!
Pacatamente...
Eu sulcava o emblemático rio
Enkwanzado de mitos...
E a felicidade predestinava o meu
Ser...
Prudentemente...
O meu sonho estava a realizar-se
E... Luanda albergava
Na sua história o poeta
Das acácias rubras...
Luanda, 15/1/2004.