Momentos de transição, silencio e desafios...
Na simplicidade do meu dilema onde os desafios confrontam-me com leveza e contrapontos cósmicos, empenho-me na busca frenética de uma resposta que transmute minha tristeza e acolha minha alma. Na vida contemplativa deste silêncio que me conforta, nada me assusta porque entendo que neste momento a transição se desvela sem respostas, sem fundamento, numa humana escuta de si mesmo. Eis-me aqui agora, vulnerável, indefinida, absorta, tentando intuir, pensar ou talvez elaborar alguma mensagem que pressinto.Neste instante, onde nada acontece, não desisto, quero sentir até onde irá a falta de respostas, negação de contato neste armisticio secreto e conspiratório entre o silencio e o nada.
Cansei de esperar e olhar para fora.Cansei de ficar observando e admirando o pseudo brilho dos estranhos personagens que passam celebrando as coisas humanas,enquanto finjo esconder o tesouro sensivel e indelével que tenho e trago em mim, guardado a sete chaves por puro medo de ser incompreendido e espoliado. E neste claustro onde o silencio é fonte da minha própria realidade, nego a suntuosidade da algazarra do sucesso bastardo e negligente dos tempos modernos.Já não culpo os estrangeiros que despontam nas minhas planicies e nas minhas paragens, eu os convidei, abri meu palácios e inflei seus egos, para disfarçar meus medos e evitar fracassos e retaliações.
Neste arrebatamento silencioso onde aparentemente nada produzo,tudo crio nesta possibilidade de transcendência indispensável, intransponivel. A multidão jamais escutará minha voz,nem entenderá meu recado, jamais olhará para mim pois sou indelével poeira de luz, ínfima, sozinha, insignificante no silencio contemplativo da construção do meu eu. Detenho o fundamento essencial da linguagem inteligível dos espiritos livres despidos das palavras, da lógica e ilusões do mundo efêmero e insensato que nos desafia e aprisiona num jogo onde estar só torna a vida bela, simples e leve....
Mariangela Barreto