ENSAIO SOBRE A EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES DE DARWIN
O naturalista inglês Charles Darwin, foi o promotor de um verdadeiro corte narcísico no ego da Humanidade. E que ao embarcar na expedição do navio Beagle em 27 de dezembro de 1831, transformaria radicalmente a nossa concepção sobre evolução dos seres vivos no planeta. Suas observações na fauna e na flora de distintos ecossistemas da terra foram estritamente determinantes para a concepção e formulação de sua teoria, hoje a mais aceita pela comunidade científica.
O que se conhecia até então, referente à evolução e “aparecimento” de espécies de seres vivos em geral, era um misto de suposições, metáforas, mitos de cunho religioso e classificações superficiais. O Naturalista sueco Carlos Lineu, classificou taxonomicamente as espécies. Observavam-se apenas aspectos corriqueiros, de caráter fenotípico, isto é que se ressaltavam a olho nu. Eram ignoradas outras características de profunda relevância, que careciam de uma análise detalhada a cerca de embriões, estágios de crescimento e desenvolvimento e órgãos internos. Tinha-se a ideia de que as espécies não sofriam mutações, e permaneciam idênticas por períodos incalculáveis de tempo. Geologicamente, achava-se, no período anterior a Darwin, que o planeta terra não tinha os milhares de anos, que hoje é sabido. Entretanto na época de Darwin, já se tinha uma noção da de que a terra já havia um tempo muito maior do que se pensava. Isto de certa forma corroborou a hipótese de que as espécies poderiam em algum espaço de tempo terem sofrido mutações, devido à “idade do planeta”. O conhecimento e as novas descobertas que ocorriam no campo da geologia foram um fator perspicaz e importante na formulação da teoria de Darwin a cerca das espécies. A comprovação de que o planeta havia atravessado longos e alternados períodos de congelamento, as Eras Glaciais, atestavam que invariavelmente mutações genéticas nos seres vivos, poderiam ter ocorrido.
Darwin fez inúmeras deduções e especulações baseadas nos períodos que compreendiam as Eras Glaciais. Primeiramente comprova que nos cumes ou nas partes mais altas das montanhas, geralmente cobertas por neve ou espessas camadas de gelo. Os organismos ali existentes se assemelhavam aos de montanhas com as mesmas características em outros continentes, ou mesmo separados por outras barreiras, lagos, extensas planícies e planaltos vastos. Isso denotava que as montanhas se comportavam como “ilhas” em terra firme. E observou devidamente a correlação entre as espécies que habitavam as ilhas no mar. Estas também apresentavam relações com as de ilhas longínquas.
Entretanto Darwin teve o discernimento de identificar detalhes, incrustados, que superficialmente não seriam possíveis de apreciar. A gênese de sua teoria reside justamente numa observação meticulosa, do comportamento, aspectos fenotípicos e constituição das espécies que ele próprio poder checar e identificar em sua viajem a bordo do navio Beagle, nas diferentes regiões em que esteve. Houve sim uma evolução das espécies perceptível, sendo que o ambiente selecionou os organismos mais adaptados, e isso é um processo que ocorre concomitante, ao acompanhamento das mudanças climáticas e geológicas do planeta. Os organismos melhores adaptados repassaram os seus genes as gerações futuras.
Não há relação, na evolução das espécies com a lei do uso-desuso, popularizada, por Lamarck. Esta preconizava que se um organismo vivo não fizesse uso de uma parte de seu corpo, as suas gerações futuras nasceriam já sem este “membro”(parte do corpo). E este processo basicamente era perceptível, geração após geração, notando-se a atrofiamento do membro até desaparecer por completo. A teoria da evolução das espécies de Darwin, não se assenta sobre este aspecto, ela é mais profunda, atinge o âmago da seleção. A adaptação de um organismo a um ambiente é o que definirá o seu sucesso ou fracasso, mas na somente isto, e sim a capacidade de repassar as informações genéticas a seus descentes, para que também possam lograr êxito. O acaso é um forte atenuante à evolução, isto porque, se organismos da mesma espécie forem expostos a uma determinada adversidade. Um reduzido número sobreviverá, a grande maioria irá perecer. Entretanto deste número de organismos restantes, uma ínfima minoria será capaz de transmitir seus genes “vitoriosos” e adaptados a seus descendentes. E a evolução ocorre, em um processo contínuo e aos nossos olhos, imperceptível, e não leva em conta o organismo mais “forte”, bem dotado, mais capacitado, mas sim o que se adaptou melhor a uma adversidade por vezes abrupta e repentina.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. 2ª Edição. São Paulo – SP: Ed. Escala, 2008.