GONCHARENKO, Serguéi. EL ASPECTO COMUNICATIVO DE LA TRADUCCIÓN POÉTICA _ PARTE III

Contudo, explica Serguéi, um ouvinte (leitor) competente se baseia nesta situação “superficial” para reconstruir a situação que está no fundo do plano conceitual, cujo conteúdo _ ainda que seja claro _ nem sempre encontra uma expressão verbal suficientemente explícita para esclarecer-lhe o significado, revelar-lhe a informação. Em todo caso, a fórmula verbal nunca oferece uma explicação cabal da informação conceitual, já que a situação que descreve tem um caráter implícito e se fundamenta melhor em um conjunto de significados que não estão sendo usados denotativamente, isto é, relativamente ao mundo real, operando através da imaginação e da função prognosticadora do pensamento, por meio dos processos que o estudioso denomina “reflexo antecipado”. Mas, é precisamente com a ajuda desta situação como nos chega a informação conceitual contida no texto e na qual se consubstancia o núcleo informativo da mensagem, seu componente semântico-ideológico. A informação conceitual é extraída do texto via análise (a atomização do todo) ou mediante a interpretação, enquanto processo de relevar, interpretar e assimilar os conteúdos conceituais do texto.

A afirmação de Serguéi dá conta de que a informação conceitual de um texto é extraída do próprio texto através da análise, ao que nomeou a atomização de um todo. Isto quer dizer que se deve examinar o texto em cada célula que o compõe. Ou ainda, se pode interpretar o texto mediante o processo que envolve ressaltar ou destacar, interpretar e assimilar possíveis conteúdos conceituais do texto. Essas técnicas de interpretar, como já se tem conhecimento, são analisadas pela hermenêutica.

“A hermenêutica surgiu como ‘reflexão teórica-metodológica acerca da prática de interpretação dos textos sagrados, clássicos (literários) e jurídicos (leis)’ (Domingues, 2004, p. 345). Compreende atualmente um vasto campo com diferentes objetivos e posições filosóficas, assim como diferentes métodos de interpretação de textos inspirados em teóricos como Schleiermacher (1768-1834), Dilthey (1833-1911), Weber (1864-1920)1, Mannheim (1893-1947)2, Heidegger (1889-1976), Gadamer (1900-2002), Habermas (1929-) e Ricoeur (1913-)” WELLER, data de acesso: 22 de maio de 2012, p. 3.

O todo informativo que se costuma chamar informação estética inclui, por sua vez, os seguintes subtipos: a) Informação estética propriamente dita, que é extraída do texto ao se estimar a relação de forma e conteúdo no texto poético. (A este juízo de valor, intercala Serguéi, se denomina “componente estético” e seu resgate requer determinado esforço intelectual por parte do ouvinte ou leitor preparado, tendo em vista que a valoração relativa da forma e o conteúdo supõe que tenha sido interpretado o conteúdo conceitual e analisado o plano formal); b) Informação catártica, a que se apresenta em signos verbais que derivam para uma catarse, ou seja, nos induzem dois sentidos de signos estilísticos opostos e que, unidos, produzem uma espécie de curto circuito. Para ativar a função catártica, o autor do texto não deve buscar soluções harmonizantes, a não ser entre os elementos distintos de sua obra. Geralmente, a informação catártica (ou pelo menos uma parte dela mesma) é extraída do texto sem que se requeira uma participação ativa e intelectual do destinatário, porque está na essência mesma do texto e percebida por alguém de maneira inconsciente. Por outro lado, assevera o linguista, a informação catártica nada tem de mística, posto que se torna real pela própria estrutura da obra _ a qual tem uma essência material “palpável” para o investigador. Esta afirmação do estudioso sugere que a obra em sua estrutura é um objeto distinto, dotado de personalidade e nele mesmo (em tal objeto) tem seu sentido e razão de ser.

Acrescentaríamos que tal materialidade da obra não tem apenas o caráter de um livro, um volume, um texto, uma apostila ou o que seja, mas esse mesmo objeto e suas implicações de ordem física e realidade literária _ uma espécie de corpo cuja energia é luz própria, da mesma sorte que o sol é fonte de energia. O autor, pois, é supremo criador e sua obra tem vida própria.

Essa materialidade completa e autônoma de uma obra parece algo difícil de entender. Um livro não anda por si, não tem um corpo semelhante ao nosso, assim como não o tem um quadro de um artista plástico. Entretanto e independentemente da vontade do autor, a obra vive e a prova maior é a capacidade que ela tem de dialogar com o mundo ou com os indivíduos que dela se acercam. A obra tem seu próprio estilo de ser e diverge do estilo de ser do seu criador, daí a dificuldade em se entender algo que criamos e que ganha liberdade.

REFERÊNCIAS

http://cvc.cervantes.es/lengua/hieronymus/pdf/01/01_063.pdf

http://es.wikipedia.org/wiki/Serg%C3%A9i_Goncharenko

http://www.youtube.com/watch?v=XvX1iM-rPsk

http://132.248.9.1:8991/hevila/Formayfuncion/2009/vol22/no1/9.pdf

http://www.hispanismoruso.com/es/sergueigoncharenko.html

http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/cordel/cordel.htm#Cordel e Cordelista

http://www.faccrei.edu.br/gc/anexos/diartigos37.pdf

http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT17-3288--Int.pdf

taniameneses
Enviado por taniameneses em 05/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
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