Oficina de Letrinhas – Estudo de Casos - I
Um dos grandes desafios para quem escreve está na arte de despersonalizar o texto, a fim de compartilhá-lo mais. Vejamos um exemplo em versos, um poema meu em versão original:
ESTADO DE COMA
Fui ferida de morte !
E a morte sangra sumo
Gelado, por entre poros
Coados, grande desilusão.
A morte sangra e agoniza -
Eu não, que estou forte
E viva! -
Ou já morta então ?
“Morto não sente dor”
Pensamento ...
Enganador ?
Desconfiança essa
Me embriaga,
Sufoca e impede
Crer que ...
Fui ferida de morte !
Na alma,
No sentir ...
Tudo por amar.
E no fim, só peço assim:
“Ó Deus, apieda-te
De mim ...”
Estou ferida de morte.
Debilitada e fraca ...
Fui trazida, pura e crua,
Ao real:
Vale o homem
O quanto pesa ?
Sim ?
Pouco vale muito
O ideal ?
E o aparelho pulsa
E pulsa,
Ah, pulsa !
Ainda
Pulsa ...
E eu gemo ...
E permaneço.
Helena Frenzel
Publicado no Recanto das Letras por Helena Frenzel em 06/10/2009
Reeditado em 02/01/2010
Código do texto: T1850513
E agora, numa versão, digamos assim, ‘mais compartilhada’:
ESTADO DE COMA I
Foi ferida de morte !
E a morte sangra sumo
Gelado, por entre poros
Coados, grande desilusão.
A morte sangra e agoniza -
Ela não, que está forte
E viva! -
Ou já morta então ?
“Morto não sente dor”
Pensamento ...
Enganador ?
Desconfiança essa
Que embriaga,
Sufoca e impede
Crer que ...
Foi ferida de morte !
Na alma,
No sentir ...
Tudo por amar.
E no fim, só pede assim:
“Ó Deus, apieda-te
De mim ...”
Está ferida de morte.
Debilitada e fraca ...
Foi trazida, pura e crua,
Ao real:
Vale o homem
O quanto pesa ?
Sim ?
Pouco vale muito
O ideal ?
E o aparelho pulsa
E pulsa,
Ah, pulsa !
Ainda
Pulsa ...
E ela geme ...
E permanece.
Da segunda versão parece-me que se pode tirar mais imagens do que da primeira, não? Tivesse eu pensado nisto antes, ora má rapaz!
Bem, estou aqui para aprender e, só este pensamento já me aproxima de um dos meus objetivos ao escrever: compartilhar.
Por certo ainda há o que ser melhorado, mas, fico por aqui com estas considerações iniciais.
É isso aí e, Joaquim Moncks, muito grata pelas dicas!