A ÚLTIMA PALAVRA

A gente pensa que dá as cartas,

que é a bola da vez,

que diz e desdiz o que bem entende.

A gente acha que sabe tudo,

que tem controle sobre as coisas,

que faz e acontece.

A gente supõe que tem livre arbítrio,

que escolhe entre o sim e o não,

quando bem quer.

A gente se engana quando esquece alguns pequenos detalhes,

tão pequenos que passam batido ao longo das nossas vidas.

Somos seres inteligentes, iluminados, dotados de sabedoria.

Temos a capacidade de pensar, raciocinar, entender as coisas.

Temos no nosso DNA uma evolução que cumpriu suas etapas a duras penas.

Mas se deixassem que fizéssemos tudo ao nosso modo, a zorra não seria só total. Seria universal.

Somos gente boa, mas temos algumas manias de poder que não são bolinho.

Gostamos de dinheiro tanto, mas tanto, que por ele vendemos a nossa alma e a da nossa mãe, se for necessário.

Somos criaturas raivosas, adoramos um barraco e não temos muitos escrúpulos para atingir os nossos objetivos, mesmo que isso atrapalhe e machuque muitas pessoas.

Se deixarem tudo ficar por nossa conta, toda essa coisa bonita que são as nossas florestas, rios, mares, bichos, plantas, acabaria virando um lodo só, fedido, mesquinho e encardido como a mente de algumas pessoas que escolhemos para cuidar dos nossos bens comuns.

Somos gente boa, na essência, mas a vida vai nos forjando de um jeito não legal, deturpando tudo aquilo que foi originalmente proposto para vagar por essas bandas chamada Terra.

É aí que o caldo entorna. Acabamos detonando tudo em nome dos nossos próprios e tacanhos objetivos, só conseguimos ver o que nos interessa, o que nos beneficia, o que nos convem.

Felizmente quem montou todo esse circo sabe que precisa colocar um cabresto forte na gente, para brecar essa desenfreada ânsia por bens materiais a rodo, por essa doentia mania de deixar de lado os valores essenciais, como o respeito, a generosidade, a bondade.

Ainda bem que não temos a última palavra. Sorte nossa.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 24/04/2012
Reeditado em 24/04/2012
Código do texto: T3631064
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