OS ANOS OITENTA
A REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS
O General João Batista Figueiredo assumiu a Presidência da República em 1º de janeiro de 1978 prometendo reconduzir o país à normalidade democrática. Seria o último Presidente do período revolucionário, embora muitos setores de direita e boa parte das Forças Armadas ainda achassem que a Revolução deveria durar um pouco mais. Mas a situação econômica e política do país havia se deteriorado de tal maneira que já não havia mais espaço para manobras nesse sentido. Como diz o jornalista Élio Gaspari (A Ditadura Envergonhada, Cia de Letras, 2000), o próprio Figueiredo, bem antes de assumir a Presidência já havia percebido a impossibilidade de continuar com aquele sistema.” A impressão que tenho”, disse ele, “é que cada um procura tirar o maior proveito possível do momento porque começam a perceber a quase impossibilidade de uma saída honrosa para os destinos do país. [...] Os erros da Revolução foram se acumulando e agora só restou ao governo “partir para a ignorância.”
Por isso, em seu discurso de posse em 1º de janeiro de 1978, ele prometeu a "mão estendida em conciliação" e jurou fazer "deste país uma democracia".
Suas primeiras ações deixaram bem claro que pretendia cumprir o prometido. Já de início concedeu anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais. Isso permitiu o retorno ao país de uma grande leva de pessoas exiladas pelo Regime Militar.
Ação política imediata foi a extinção do famigerado e odioso “Pacote de Abril”, que garantia à situação uma maioria confortável no Congresso. Graças à reforma eleitoral feita o pluripártidarismo retornou e vários partidos políticos, anteriormente banidos da cena política nacional, como o PCB por exemplo, foram novamente permitidos.
Assim, nas eleiçoes parlamentares de 1986, a oposição, pela primeira vez desde a implantação do regime militar de 1964, conseguia eqilibrar forças com a situação no Congresso e nos estados, que voltaram a eleger os seus governadores por voto direto.
Em 1980, era fundado o Partido dos Trabalhadores. Mas havia ainda um empecilho que não havia sido removido pela reforma eleitoral feita por Figueiredo. A eleição do Presidente da República continuava a ser feita de forma indireta. E então começou a campanha pela diretas já.
Mas havia amplos setores da direita que não concordavam com a abertura proporcionada por Figueiredo. Apesar dele dizer constantemente que quem fosse contra “ eu prendo e arrebento”, vários atentados terroristas atribuídos a setores da direita e a militares da linha dura, aconteceram. Nos primeiros meses de 1980 foram registrados 25 atentados a bomba, sem vítimas, a maioria contra bancas de jornais que vendiam periódicos de esquerda, da chamada imprensa alternativa. Mas em em 27 e 28 de agosto, cartas-bombas explodiram na séde do PMDB do Rio de Janeiro e na séde da OAB, ferindo o um jornalista e matando a secretária Lídia enviadas ao vereador do Rio de Janeiro Lida Monteiro da Silva, da OAB.
Em 30 de abril de 1981, duas bombas explodem no no Rio Centro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, durante um show de música popular promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), em comemoração ao Dia do Trabalho. Verificou-se depois que os artefatos explodiram acidentalmente, mas o fato de elas estarem num carro pilotado por dois militares do DOI-CODI, setor de inteligência do I Exército, logo levou a pensar que os militares pretendiam executar um atentado terrorista com elas e acabaram sendo suas próprias vítimas.
O atentado provocou uma crise política, que acabou sendo solucionada à base de mútuas concessões. Não houve punição ostensiva aos militares integrantes da "linha dura", mas o Presidente pode, a partir daí continuar o processo de redemocratização do país sem oposição mais acentuada.
.A gestão Figueiredo ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o mundo, e trouxe graves consequências ao Brasil, elevando as taxas de juros internacionais, e consequentemente a dívida externa do país. Ocorreu também o segundo choque do petróleo em 1979, e a inflação disparou, chegando a 230% no ano final do seu governo.
Em seu último ano de governo, porém, graças a um arrocho monetário e um esforço no aumento das exportações, o país havia conseguido sair da recessão e o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu um crescimento de 7% ao ano.
O EPISÓDIO TANCREDO NEVES
Á sucessão de Figueiredo havia vários candidatos, tanto civis quanto militares. Os dois mais fortes eram Paulo Maluf e Mário Andreazza, que afinal restaram como candidados das duas correntes políticas que dominavam a cena política nacional, O PDS e o MDB. Dois anos antes, a Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a eleição direta para Presidente havia sido derrotada no Congresso graças à uma manobra dos parla-mentares governistas.
Contudo, o país já não tolerava mais o velho sistema de candidatos impostos pelo Governo e aceito pacificamente pela oposição consentida, razão pela qual se articulou de um terceiro nome, que recaiu no então governador de Minas Gerais Tancredo Neves à sucessão de Figueiredo. Para seu companheiro de chapa foi escolhido o senador José Sarney que embora estreito colaborador do governo ditadorial, se filiara ao MDB em agosto de 1984.
Com uma coligação que reunia a oposição com os insatisfeitos da situação,Tancredo Neves foi eleito Presidente da República em 15 de janeiro de 1985, batendo o candidato da situação, Paulo Maluf.
Mas Tancredo Neves não estava destinado a governar o país, pois na véspera da sua posse foi internado devido a um problema de saúde que o obrigou a se submeter a sete cirurgias. Ele faleceu em 21 de abril de 1985. Em seu lugar tomou posse José Sarney.
A ERA SARNEY
Sarney tomou posse prometendo reconduzir o país a plena democracia. Quanto a isso não falhou pois uma de suas primeiras providências foi convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para elaborar uma Nova Constituição e sepultar de vez o regime de exceção. Em 8 de maio de 1985, conseguiu aprovar emenda constitucional que restabelecia eleições diretas para presidente, prefeito e governador. Os analfabetos passaram a ter direito de voto; os partidos de esquerda foram legalizados.
ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
Em 1º de janeiro de 1986 tomou posse a Assembleia Nacional Cons-tituinte, responsável pela elaboração da nova Constituição, que deveria ser promulgada em 1988. Independentemente das controvérsias suscitadas, a Constituição Federal de 1988 devolveu ao povo brasileiro o Estado Democrático de direito que tanto os maçons, em todos os tempos, têm defendido. Essa foi a sua maior conquista.
OS PLANOS ECONÔMICOS
No setor econômico, porém, o governo Sarney foi talvez a época mais conturbada dos últimos tempos. Diversos planos econômicos foram postos em prática, especialmente para ten-tar debelar a hiper-inflação que corroia o patrimônio das pessoas e levavam o povo ao desespero.
O primeiro plano, o chamado Plano Cruzado, substituiu a moeda vigente (cruzeiro) pelo cruzado, congelou preços e salários e criou mecanismos de correção monetária e reajustes automáticos que eram disparados sempre que a inflação chegasse a 20%. Em princípio o plano funcionou mas não demorou muito para começar a faltar mercadorias e produtos no mercado, o que fez a inflação voltar no ano seguinte com maior força ainda. Por isso, em 1986 foi editado o Plano Cruzado II, que também fracassou ainda mais depressa que o primeiro.
O ministro da Fazenda, Dilson Funaro, responsável por esses planos, foi substido por Bresser Pereira. Este lançou outro plano com o seu nome, que também viria a fracassar. Em consequência, em 6 de janeiro de 1988 Bresser Pereira foi substituído por Maílson da Nóbrega, que criou o chamado Plano Verão, que também não consegui atingir o objetivo. Assim o Governo Sarney terminou o seu governo em plena recessão econômica, e com uma enorme inflação.
A MAÇONARIA NOS ANOS OITENTA
Na Maçonaria os anos oitenta foram de muita atividade interna e pouca participação política. Os conflitos dos anos setenta, as várias defecções, as os ranços do passado impediam uma maior mobilização dos Irmãos pela retomada da importância social e política que a Ordem mantivera na cena nacional até então.
Com pouca representatividade política, enfraquecida pelas brigas internas e principalmente pela amarras a que a ditadura militar havia imposta à sociedade em geral, a Ordem se concentrou em projetos de interesse público, como o lançamento da Ação Paramaçônica para a Educação da Juventude (APJ), projeto ambicioso que vivasa criar condições para que a juventude brasileira tivesse uma educação mais eficiente. Entendiam os líderes maçônicos da época que a desagregação das famílias e as exigências da vida moderna (a economia do consumo, o incremento do trabalho feminino, que afastava as mães de seus filhos, o enfraquecimento do ensino religioso, o aumento do consumo de drogas alucinógenas, etc.) eram os principais responsáveis pela crescente criminalidade que começava a assolar o país. Assim a proposta de ações através da APJs foram a principal preocupação da Maçonaria brasileira nos anos oitenta. Infelizmente, face às dificuldades políticas e econômicas que o país enfrentou nessa década, os resultados dessas ações acabaram sendo pífios diante do que se pretendia.[1]
MOGI NOS ANOS OITENTA
No início dos anos oitenta Mogi das Cruzes estava chegando aos 200.000 habitantes. Waldemar da Costa Filho e Antonio Carlos Machado Teixeira foram os dois prefeitos que governaram a cidade nessa década. Os planos econômicos, a inflação galopante, as sucessivas mudanças de moeda, como não podia deixar de ser, provocaram muita confusão na economia e na política do município. Casas comerciais foram depredadas durante os primeiros dias do Plano Cruzado I, e comerciantes sofreram muita pressão dos chamados “fiscais do Sarney”. Os principais afetados com os planos econômicos foram os supermercados. Acusados de açambarcamento de mercadorias, muitos deles foram tomados de assalto pela população. Os fiscais da SUNAB multavam desbragadamente. A questão econômica virou caso de polícia, com muitos comerciantes sendo presos por crimes contra a economia popular. Seus crimes: desrespeitar a tabela da SUNAB.
Apesar dos percalços, a década de oitenta marcou um significativo crescimento do comércio em Mogi das Cruzes, como mostra o estudo da ACIMC.[2]
A par disso várias modificações ocorreram na cidade. As ruas Dr. Deodato e Paulo Frontin se transformaram em calçadões. Começou, em fins dos anos oitenta, a ser construído no bairro do Socorro, o Mogi Shopping Center. Inaugurou-se, no início da década, a estrada Mogi Bertioga, antigo sonho dos mogianos. Foi aberta a Rodovia dos Trabalhadores, hoje Ayrton Sena, ligando Mogi à São Paulo e ao Vale do Paraíba através de uma moderna auto-estrada.
A UNIÃO E CARIDADE IV NOS ANOS OITENTA
A venerança da Loja no biênio 1980/81 foi exercida pelo Irmão Amilcar de Mello tendo como 1º Vigilante o Irmão Oscar João Pachler e 2º Vigilante Ademir Munhoz.
Nessa mesma seção é comunicada a filiação do Irmão Wilson Nogueira e foi votada favoravelmente a filiação da Loja à região de São José dos Campos, tendo em vista a maior facilidade de acesso e facilidade de transporte. Embora a sugestão tenha sido recebida favoravelmente pelos irmãos, na prática não se concretizou.
Na seção de 5/51980, por iniciativa do Irmão Inocêncio Marcondes Neto, foi instituída a prática de os Irmãos dividirem um copo d’água no término das reuniões.
Na seção de 12/05/1980 o Irmão Francisco Ribeiro Nogueira, fala das providências, no sentido da aquisição do terreno para o Jazigo da União e Caridade IV, no Cemitério São Salvador. Presta, também, informações do que vem sendo feito para obtenção da doação do terreno, ao lado da Loja, onde já funcionou a Acácia.[3]
Foi marcada uma reunião com o prefeito para o dia 12 de setembro de 1980, para tratar sobre o comodato de 99 anos, da escola anexa ao Templo. O Venerável nomeou uma comissão.
Em junho de 1981 toma posse a nova administração eleita para o biênio 1981/82, com a seguinte composição: Venerável Oscar João Pachler; 1º Vigilante; Benedito Wanderley Sasso; 2º Vigilante José Carlos de Almeida Carreiro; Sececretário; Wilson Nogueira; (Ata 20/81)
Em 28/08/1982, a Loja fez uma Seção Magna de comemoração dos seus 70 anos, contando com a presença do Eminente Grão Mestre Estadual, Irmão Dionísio Pereira de Souza. O Orador foi o Irmão Antonio Duarte Nogueira. Esse Irmão Usou da palavra, fazendo excelente oração sobre a importância da Loja e do Maçom, sendo muito aplaudido por todos os presentes na Seção. Nessa oportunidade, o Grão Mestre fez a entrega dos títulos de Grande Benemérito da Ordem aos Irmãos. Oscar João Pachler, Amilcar de Mello e Jamil Karan, passando às mãos dos mesmos, suas patentes e medalhas.
Na Seção de 13/06/1983 o V.’. M.’. Oscar João Pachler fez entrega de Diploma de Benemérito da Loja, pelos relevantes serviços prestados, durante sua gestão, aos Ir:. Epafhras GT. Ennes, Wilson Nogueira, Alfredo Casella, Ademir Munhoz, Ricardo Strazzi, José Gonçalves, José Inocêncio e João B. Marques.
Em 08 /07/ 1983, toma posse a diretoria para o biênio 1983/1985, composta dos seguintes Irmãos: Ir:. Ven :. Epafhras Gonçalves Ennes; 1º Vig:.Wilson Nogueira; 2º Vig:. Emilio Sanches Dimitroff; Sec:. Sérgio Hugo Pinheiro.[4]
Em virtude do estado deplorável do telhado do Templo, a Loja passou a funcionar nas dependências do prédio da Escola. Ali ficaria até a reforma total do Templo.
Em 08/07/1985 toma posse a gestão eleita para o biênio 1985/87, composta pelos seguintes Irmãos: V.’. M.’. Wilson Nogueira; 1º Vig.’..Ricardo Strazzi; 2º Vig:. Izumi Ianay; Sec.’. Alfredo Casella;
O Irmão José Machado Pinto apresentou uma análise da situa-ção do telhado da Loja e o que deveria ser feito. Apresentou também uma estimativa de custo; Feita apresentação do laudo de vistoria, sobre a reforma do telhado, pelas comissões de Finanças e Patrimônio.
Foi encaminhado ofício ao Prefeito Municipal solicitando a prorrogação do comodato do prédio da Escola.
O V:.M..’ recebe prancha da Comissão de Patrimônio e nomeia uma comissão para buscar novas alternativas para reforma do Telhado. A comissão contou com os Irmãos José Machado Pinto, José Eduardo Santana Leite, João Batista de O. Machado, Manoel Nascimento, Antonio Claudio Chamorro, Amilcar de Mello, Sérgio Ennes e Oscar João Pachler.
Em 02/09/1985 a Loja envia ofício ao Prefeito Municipal agradecendo a prorrogação, por mais 60 anos, da concessão, em comodato, em favor da nossa Loja, do terreno situado à Rua Ipiranga, com área de 353 metros quadrados, através da Lei nº 2942 de 23/8/85.
Em 23/09/1985 o V:.M:. submeteu às colunas a Prancha da Comissão de Finanças sobre a forma de pagamento da reforma do Templo. Várias fórmulas foram apresentadas.
Assim sendo, o V:.M:. solicitou aos irmãos encaminhar sugestões por escrito para a próxima sessão,objetivando definir a melhor forma de arrecadação de recursos para a reforma do Templo.
Formada Comissão, sob a presidência do Irmão Henrique Borestein para tratar da reforma do Templo.
Em 13/06/1988 Comissão de Fundos, sob a presidência do Irmão Henrique Borestein apresentou proposta para o término da reforma do Templo. O Irmão Henrique solicitou à Comissão de Obras um orçamento com o custo total para término da obra, valores e prazo.
Em 21/06/1988 o orçamento foi aprovado e os trabalhos deverão ser imediatamente iniciados.
Em 23/7, o Irmão Dante André Meloni, informou que o Templo está pronto, faltando decoração e móveis. O Irmão Tito Lívio colocou-se à disposição para auxiliar na decoração, principalmente pintura da abóboda.
Na seção de ....1988 são iniciados os Ir.’. José Ferreira Filho e João Anatalino Rodrigues.
O V:.M:. Epaphas, que também é Provedor da Santa Casa de Mogi das Cruzes, convida os Irmãos para prestigiá-lo dia 10/6/88, quando serão inauguradas novas Alas da Santa Casa.
Em 15/8/88 o Ir:. José Maria Guardião, Delegado do Grão Mestre efetuou a entrega à Loja dos seguintes títulos honoríficos:
O General João Batista Figueiredo assumiu a Presidência da República em 1º de janeiro de 1978 prometendo reconduzir o país à normalidade democrática. Seria o último Presidente do período revolucionário, embora muitos setores de direita e boa parte das Forças Armadas ainda achassem que a Revolução deveria durar um pouco mais. Mas a situação econômica e política do país havia se deteriorado de tal maneira que já não havia mais espaço para manobras nesse sentido. Como diz o jornalista Élio Gaspari (A Ditadura Envergonhada, Cia de Letras, 2000), o próprio Figueiredo, bem antes de assumir a Presidência já havia percebido a impossibilidade de continuar com aquele sistema.” A impressão que tenho”, disse ele, “é que cada um procura tirar o maior proveito possível do momento porque começam a perceber a quase impossibilidade de uma saída honrosa para os destinos do país. [...] Os erros da Revolução foram se acumulando e agora só restou ao governo “partir para a ignorância.”
Por isso, em seu discurso de posse em 1º de janeiro de 1978, ele prometeu a "mão estendida em conciliação" e jurou fazer "deste país uma democracia".
Suas primeiras ações deixaram bem claro que pretendia cumprir o prometido. Já de início concedeu anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais. Isso permitiu o retorno ao país de uma grande leva de pessoas exiladas pelo Regime Militar.
Ação política imediata foi a extinção do famigerado e odioso “Pacote de Abril”, que garantia à situação uma maioria confortável no Congresso. Graças à reforma eleitoral feita o pluripártidarismo retornou e vários partidos políticos, anteriormente banidos da cena política nacional, como o PCB por exemplo, foram novamente permitidos.
Assim, nas eleiçoes parlamentares de 1986, a oposição, pela primeira vez desde a implantação do regime militar de 1964, conseguia eqilibrar forças com a situação no Congresso e nos estados, que voltaram a eleger os seus governadores por voto direto.
Em 1980, era fundado o Partido dos Trabalhadores. Mas havia ainda um empecilho que não havia sido removido pela reforma eleitoral feita por Figueiredo. A eleição do Presidente da República continuava a ser feita de forma indireta. E então começou a campanha pela diretas já.
Mas havia amplos setores da direita que não concordavam com a abertura proporcionada por Figueiredo. Apesar dele dizer constantemente que quem fosse contra “ eu prendo e arrebento”, vários atentados terroristas atribuídos a setores da direita e a militares da linha dura, aconteceram. Nos primeiros meses de 1980 foram registrados 25 atentados a bomba, sem vítimas, a maioria contra bancas de jornais que vendiam periódicos de esquerda, da chamada imprensa alternativa. Mas em em 27 e 28 de agosto, cartas-bombas explodiram na séde do PMDB do Rio de Janeiro e na séde da OAB, ferindo o um jornalista e matando a secretária Lídia enviadas ao vereador do Rio de Janeiro Lida Monteiro da Silva, da OAB.
Em 30 de abril de 1981, duas bombas explodem no no Rio Centro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, durante um show de música popular promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), em comemoração ao Dia do Trabalho. Verificou-se depois que os artefatos explodiram acidentalmente, mas o fato de elas estarem num carro pilotado por dois militares do DOI-CODI, setor de inteligência do I Exército, logo levou a pensar que os militares pretendiam executar um atentado terrorista com elas e acabaram sendo suas próprias vítimas.
O atentado provocou uma crise política, que acabou sendo solucionada à base de mútuas concessões. Não houve punição ostensiva aos militares integrantes da "linha dura", mas o Presidente pode, a partir daí continuar o processo de redemocratização do país sem oposição mais acentuada.
.A gestão Figueiredo ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o mundo, e trouxe graves consequências ao Brasil, elevando as taxas de juros internacionais, e consequentemente a dívida externa do país. Ocorreu também o segundo choque do petróleo em 1979, e a inflação disparou, chegando a 230% no ano final do seu governo.
Em seu último ano de governo, porém, graças a um arrocho monetário e um esforço no aumento das exportações, o país havia conseguido sair da recessão e o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu um crescimento de 7% ao ano.
O EPISÓDIO TANCREDO NEVES
Á sucessão de Figueiredo havia vários candidatos, tanto civis quanto militares. Os dois mais fortes eram Paulo Maluf e Mário Andreazza, que afinal restaram como candidados das duas correntes políticas que dominavam a cena política nacional, O PDS e o MDB. Dois anos antes, a Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a eleição direta para Presidente havia sido derrotada no Congresso graças à uma manobra dos parla-mentares governistas.
Contudo, o país já não tolerava mais o velho sistema de candidatos impostos pelo Governo e aceito pacificamente pela oposição consentida, razão pela qual se articulou de um terceiro nome, que recaiu no então governador de Minas Gerais Tancredo Neves à sucessão de Figueiredo. Para seu companheiro de chapa foi escolhido o senador José Sarney que embora estreito colaborador do governo ditadorial, se filiara ao MDB em agosto de 1984.
Com uma coligação que reunia a oposição com os insatisfeitos da situação,Tancredo Neves foi eleito Presidente da República em 15 de janeiro de 1985, batendo o candidato da situação, Paulo Maluf.
Mas Tancredo Neves não estava destinado a governar o país, pois na véspera da sua posse foi internado devido a um problema de saúde que o obrigou a se submeter a sete cirurgias. Ele faleceu em 21 de abril de 1985. Em seu lugar tomou posse José Sarney.
A ERA SARNEY
Sarney tomou posse prometendo reconduzir o país a plena democracia. Quanto a isso não falhou pois uma de suas primeiras providências foi convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para elaborar uma Nova Constituição e sepultar de vez o regime de exceção. Em 8 de maio de 1985, conseguiu aprovar emenda constitucional que restabelecia eleições diretas para presidente, prefeito e governador. Os analfabetos passaram a ter direito de voto; os partidos de esquerda foram legalizados.
ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
Em 1º de janeiro de 1986 tomou posse a Assembleia Nacional Cons-tituinte, responsável pela elaboração da nova Constituição, que deveria ser promulgada em 1988. Independentemente das controvérsias suscitadas, a Constituição Federal de 1988 devolveu ao povo brasileiro o Estado Democrático de direito que tanto os maçons, em todos os tempos, têm defendido. Essa foi a sua maior conquista.
OS PLANOS ECONÔMICOS
No setor econômico, porém, o governo Sarney foi talvez a época mais conturbada dos últimos tempos. Diversos planos econômicos foram postos em prática, especialmente para ten-tar debelar a hiper-inflação que corroia o patrimônio das pessoas e levavam o povo ao desespero.
O primeiro plano, o chamado Plano Cruzado, substituiu a moeda vigente (cruzeiro) pelo cruzado, congelou preços e salários e criou mecanismos de correção monetária e reajustes automáticos que eram disparados sempre que a inflação chegasse a 20%. Em princípio o plano funcionou mas não demorou muito para começar a faltar mercadorias e produtos no mercado, o que fez a inflação voltar no ano seguinte com maior força ainda. Por isso, em 1986 foi editado o Plano Cruzado II, que também fracassou ainda mais depressa que o primeiro.
O ministro da Fazenda, Dilson Funaro, responsável por esses planos, foi substido por Bresser Pereira. Este lançou outro plano com o seu nome, que também viria a fracassar. Em consequência, em 6 de janeiro de 1988 Bresser Pereira foi substituído por Maílson da Nóbrega, que criou o chamado Plano Verão, que também não consegui atingir o objetivo. Assim o Governo Sarney terminou o seu governo em plena recessão econômica, e com uma enorme inflação.
A MAÇONARIA NOS ANOS OITENTA
Na Maçonaria os anos oitenta foram de muita atividade interna e pouca participação política. Os conflitos dos anos setenta, as várias defecções, as os ranços do passado impediam uma maior mobilização dos Irmãos pela retomada da importância social e política que a Ordem mantivera na cena nacional até então.
Com pouca representatividade política, enfraquecida pelas brigas internas e principalmente pela amarras a que a ditadura militar havia imposta à sociedade em geral, a Ordem se concentrou em projetos de interesse público, como o lançamento da Ação Paramaçônica para a Educação da Juventude (APJ), projeto ambicioso que vivasa criar condições para que a juventude brasileira tivesse uma educação mais eficiente. Entendiam os líderes maçônicos da época que a desagregação das famílias e as exigências da vida moderna (a economia do consumo, o incremento do trabalho feminino, que afastava as mães de seus filhos, o enfraquecimento do ensino religioso, o aumento do consumo de drogas alucinógenas, etc.) eram os principais responsáveis pela crescente criminalidade que começava a assolar o país. Assim a proposta de ações através da APJs foram a principal preocupação da Maçonaria brasileira nos anos oitenta. Infelizmente, face às dificuldades políticas e econômicas que o país enfrentou nessa década, os resultados dessas ações acabaram sendo pífios diante do que se pretendia.[1]
MOGI NOS ANOS OITENTA
No início dos anos oitenta Mogi das Cruzes estava chegando aos 200.000 habitantes. Waldemar da Costa Filho e Antonio Carlos Machado Teixeira foram os dois prefeitos que governaram a cidade nessa década. Os planos econômicos, a inflação galopante, as sucessivas mudanças de moeda, como não podia deixar de ser, provocaram muita confusão na economia e na política do município. Casas comerciais foram depredadas durante os primeiros dias do Plano Cruzado I, e comerciantes sofreram muita pressão dos chamados “fiscais do Sarney”. Os principais afetados com os planos econômicos foram os supermercados. Acusados de açambarcamento de mercadorias, muitos deles foram tomados de assalto pela população. Os fiscais da SUNAB multavam desbragadamente. A questão econômica virou caso de polícia, com muitos comerciantes sendo presos por crimes contra a economia popular. Seus crimes: desrespeitar a tabela da SUNAB.
Apesar dos percalços, a década de oitenta marcou um significativo crescimento do comércio em Mogi das Cruzes, como mostra o estudo da ACIMC.[2]
A par disso várias modificações ocorreram na cidade. As ruas Dr. Deodato e Paulo Frontin se transformaram em calçadões. Começou, em fins dos anos oitenta, a ser construído no bairro do Socorro, o Mogi Shopping Center. Inaugurou-se, no início da década, a estrada Mogi Bertioga, antigo sonho dos mogianos. Foi aberta a Rodovia dos Trabalhadores, hoje Ayrton Sena, ligando Mogi à São Paulo e ao Vale do Paraíba através de uma moderna auto-estrada.
A UNIÃO E CARIDADE IV NOS ANOS OITENTA
A venerança da Loja no biênio 1980/81 foi exercida pelo Irmão Amilcar de Mello tendo como 1º Vigilante o Irmão Oscar João Pachler e 2º Vigilante Ademir Munhoz.
Nessa mesma seção é comunicada a filiação do Irmão Wilson Nogueira e foi votada favoravelmente a filiação da Loja à região de São José dos Campos, tendo em vista a maior facilidade de acesso e facilidade de transporte. Embora a sugestão tenha sido recebida favoravelmente pelos irmãos, na prática não se concretizou.
Na seção de 5/51980, por iniciativa do Irmão Inocêncio Marcondes Neto, foi instituída a prática de os Irmãos dividirem um copo d’água no término das reuniões.
Na seção de 12/05/1980 o Irmão Francisco Ribeiro Nogueira, fala das providências, no sentido da aquisição do terreno para o Jazigo da União e Caridade IV, no Cemitério São Salvador. Presta, também, informações do que vem sendo feito para obtenção da doação do terreno, ao lado da Loja, onde já funcionou a Acácia.[3]
Foi marcada uma reunião com o prefeito para o dia 12 de setembro de 1980, para tratar sobre o comodato de 99 anos, da escola anexa ao Templo. O Venerável nomeou uma comissão.
Em junho de 1981 toma posse a nova administração eleita para o biênio 1981/82, com a seguinte composição: Venerável Oscar João Pachler; 1º Vigilante; Benedito Wanderley Sasso; 2º Vigilante José Carlos de Almeida Carreiro; Sececretário; Wilson Nogueira; (Ata 20/81)
Em 28/08/1982, a Loja fez uma Seção Magna de comemoração dos seus 70 anos, contando com a presença do Eminente Grão Mestre Estadual, Irmão Dionísio Pereira de Souza. O Orador foi o Irmão Antonio Duarte Nogueira. Esse Irmão Usou da palavra, fazendo excelente oração sobre a importância da Loja e do Maçom, sendo muito aplaudido por todos os presentes na Seção. Nessa oportunidade, o Grão Mestre fez a entrega dos títulos de Grande Benemérito da Ordem aos Irmãos. Oscar João Pachler, Amilcar de Mello e Jamil Karan, passando às mãos dos mesmos, suas patentes e medalhas.
Na Seção de 13/06/1983 o V.’. M.’. Oscar João Pachler fez entrega de Diploma de Benemérito da Loja, pelos relevantes serviços prestados, durante sua gestão, aos Ir:. Epafhras GT. Ennes, Wilson Nogueira, Alfredo Casella, Ademir Munhoz, Ricardo Strazzi, José Gonçalves, José Inocêncio e João B. Marques.
Em 08 /07/ 1983, toma posse a diretoria para o biênio 1983/1985, composta dos seguintes Irmãos: Ir:. Ven :. Epafhras Gonçalves Ennes; 1º Vig:.Wilson Nogueira; 2º Vig:. Emilio Sanches Dimitroff; Sec:. Sérgio Hugo Pinheiro.[4]
Em virtude do estado deplorável do telhado do Templo, a Loja passou a funcionar nas dependências do prédio da Escola. Ali ficaria até a reforma total do Templo.
Em 08/07/1985 toma posse a gestão eleita para o biênio 1985/87, composta pelos seguintes Irmãos: V.’. M.’. Wilson Nogueira; 1º Vig.’..Ricardo Strazzi; 2º Vig:. Izumi Ianay; Sec.’. Alfredo Casella;
O Irmão José Machado Pinto apresentou uma análise da situa-ção do telhado da Loja e o que deveria ser feito. Apresentou também uma estimativa de custo; Feita apresentação do laudo de vistoria, sobre a reforma do telhado, pelas comissões de Finanças e Patrimônio.
Foi encaminhado ofício ao Prefeito Municipal solicitando a prorrogação do comodato do prédio da Escola.
O V:.M..’ recebe prancha da Comissão de Patrimônio e nomeia uma comissão para buscar novas alternativas para reforma do Telhado. A comissão contou com os Irmãos José Machado Pinto, José Eduardo Santana Leite, João Batista de O. Machado, Manoel Nascimento, Antonio Claudio Chamorro, Amilcar de Mello, Sérgio Ennes e Oscar João Pachler.
Em 02/09/1985 a Loja envia ofício ao Prefeito Municipal agradecendo a prorrogação, por mais 60 anos, da concessão, em comodato, em favor da nossa Loja, do terreno situado à Rua Ipiranga, com área de 353 metros quadrados, através da Lei nº 2942 de 23/8/85.
Em 23/09/1985 o V:.M:. submeteu às colunas a Prancha da Comissão de Finanças sobre a forma de pagamento da reforma do Templo. Várias fórmulas foram apresentadas.
Assim sendo, o V:.M:. solicitou aos irmãos encaminhar sugestões por escrito para a próxima sessão,objetivando definir a melhor forma de arrecadação de recursos para a reforma do Templo.
Formada Comissão, sob a presidência do Irmão Henrique Borestein para tratar da reforma do Templo.
Em 13/06/1988 Comissão de Fundos, sob a presidência do Irmão Henrique Borestein apresentou proposta para o término da reforma do Templo. O Irmão Henrique solicitou à Comissão de Obras um orçamento com o custo total para término da obra, valores e prazo.
Em 21/06/1988 o orçamento foi aprovado e os trabalhos deverão ser imediatamente iniciados.
Em 23/7, o Irmão Dante André Meloni, informou que o Templo está pronto, faltando decoração e móveis. O Irmão Tito Lívio colocou-se à disposição para auxiliar na decoração, principalmente pintura da abóboda.
Na seção de ....1988 são iniciados os Ir.’. José Ferreira Filho e João Anatalino Rodrigues.
O V:.M:. Epaphas, que também é Provedor da Santa Casa de Mogi das Cruzes, convida os Irmãos para prestigiá-lo dia 10/6/88, quando serão inauguradas novas Alas da Santa Casa.
Em 15/8/88 o Ir:. José Maria Guardião, Delegado do Grão Mestre efetuou a entrega à Loja dos seguintes títulos honoríficos:
- BENFEITORA DA ORDEM – concedido pelo GOB, Ato 091 de 05/07/1988.
- GRANDE BENFEITORA DA ORDEM – Ato 092 de 05/07/1988
[1] A década de oitenta foi chamada de “década perdida”, face ao pequeno crescimento econômico experimentado pelo país e pela situação política pouco estável vivida durante toda essa década.
[2] Histórias do Comércio Mogiano, citado.
[3] O Ir.’. Francisco Ribeiro Nogueira foi prefeito de Mogi das Cruzes no período de 1 de janeiro de 1993 a 26 de maio de 1994. Faleceu de enfarto em pleno exercício do seu mandato.
[4] O Ir.’. Epaphas G. Ennes foi Diretor do IEE Washington Luís e Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes. Faleceu no ano de 2008.
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EXCERTO DO LIVRO A SER PUBLICADO PELA LOJA MAÇÔNICA UNIÃO E CARIDADE IV POR OCASIÃO DO SEU CENTÉSIMO ANIVERSÁRIO. OS COMENTÁRIOS E INFORMAÇÕES A RESPEITO DO TEXTO E DAS PESSOAS ACIMA REFERIDAS PODERÃO SER FEITAS NESTE SITE, OU ENVIADAS DIRETAMENTE PARA O EMAIL DO AUTOS (jjnatal@gmail.com)
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